(Capa triste porém real.)
O dia começou frio em South park, quer dizer, todos os dias eram frios lá, mas aquele dia em específico estava estranhamente frio. Tweek não havia conseguido pregar os olhos um segundo sequer, ele tremia, se contorcia, e tentava fazer algo para se distrair, como contar quantos dedos tinha repetidas vezes e acabar ficando tonto no final, achando que tinha quarenta e três dedos.
Tudo que Tweek mais queria era sair daquela situação, onde ele se encontrava num estado crítico, ele sentia um peso enorme na consciência, nojo de si mesmo, culpa, coisas que normalmente ele não sentia.
No meio daquela noite que parecia sem fim, ele percebeu que já fazia um tempo que ele não pegava no seu celular, ele sempre estava descarregado, mesmo. Mas resolveu pegar.
Butters havia ligado, Kenny, Kyle, e até alguns números desconhecidos. Tweek já estava farto de tudo aquilo, se sentia tonto. Ele não pensou muito nas consequências, mas ligou para Kenny, uma ligação não atendida, duas, três... Na vigésima quarta ligação Kenny dá um sinal de vida.
- Tweek? Tweek, você tá bem?! - A voz do Kenny mesmo estando meio rouca e baixa, era de preocupação, e Tweek, mais uma vez, se sente culpado.
- Kenny! Des-Desculpa não atender antes, eu... - Tweek se perde, estava zonzo de sono e sua cabeça estava ocupada com cento e uma paranóias e teorias. - desculpa perder o clube, Kenny, sei que também foi, quero dizer... Era, e...
- Cara, tá tudo bem! Acho que não tem tanto problema pra mim, tô trabalhando e mesmo o dinheiro sendo pouco deve dar pra pagar o resto da bolsa, mas, e você cara? - Kenny disse num tom quase compreensivo.
- V-Vai ficar tudo bem! Fica tranquilo Kenny.
- ...Confio em você. Se precisar de algo, pode contar comigo, vou ajudar no que eu conseguir... - Kenny cortou sua frase para soltar um longo bocejo manhoso - Acho melhor eu voltar a dormir, vai você também, Tweek. Não se preocupa, você tem bastante gente pra te ajudar.
Tweek murmura um agradecimento para Kenny e desliga. Kenny, como sempre muito gentil. Aquilo fez Tweek lembrar de alguém... Ele se sentiu confortável, seguro.
Tweek conseguiu dormir, pelo menos um pouco, seus pesadelos o impediam.
Já era cedo... Tweek não dormiu bem e não sabia como daria as caras na escola, todos veriam sua cara de derrotado e Wendy conseguiria oque queria, seus amigos sempre se preocupavam demais com ele por seus problemas de ansiedade, isso nunca foi um problema, mas não queria fazer com que seus amigos tivessem a obrigação de conforta-lo, era frustrante e vergonhoso.
Naquele dia, a Sra. Tweak não bateu na porta de seu filho o chamando para escola, como todos os dias, Tweek logo ao perceber isso, levantou tremendo até o banheiro e tomou alguns calmantes, capotando na cama.
- Outra cidade chata com gente chata.
- Craig! ~ Tu sabe que se eu quisesse p-pegaria todas da festa. - Clyde já estava falando coisas sem sentido nenhum no ouvido de Craig, que já tinha desistido da sobriedade, bebendo alguns goles de cerveja barata. Ele não dava ouvidos para Clyde, sua cabeça estava cheia, mas ao olhar para o lado, Clyde estava lá, chorando e se agarrando na blusa de Craig.
- Porra mano! Tu fica impossível bêbado, porque não vai até o Token e pede pra ele te comer? - Craig disse, ríspido e rude como sempre, na tentativa de tirar o pequeno e bêbado Clyde de sua cola.
- Bo... - Clyde arrota. - Idéia. - Clyde se virou e deu início a uma grande gritaria, chamando Token por todos os cantos, Craig definitivamente não acreditou e deu gargalhadas, seus olhos lacrimejavam e suas mãos foram parar na barriga para amenizar a dor das risadas. " Clyde deveria fazer um filme bêbado. "
...
Algumas horas depois, Craig já estava completamente louco, havia transado com algumas loiras que nem ao menos tinha visto na vida, Clyde estava desmaiado e esse mesmo ciclo era para praticamente todos daquela festa.
Triste mesmo, era como a pessoa que arrumaria tudo aquilo ficaria.
Naquele momento, Craig estava cochilando no sofá, mas acordou quase como se tivesse levado um choque, tinha se assustado pelo barulho de algo quebrando na cozinha. Sóbrio não estava, mas tinha a mínima consciência de que deveria sair logo dali, seus pais não se importariam, mas ele, sim.
Levantou com muita dificuldade, sua visão era turva, estava zonzo, parecia que invés de estar andando num chão, estaria em quatro pisos diferentes. Ao chegar na porta, abriu como se sua vida dependesse daquilo, a porta até fez um barulho estranho.
Ao sentir o ar impuro daquela cidade, foi realmente como um choque. Ainda estava meio tonto, porém já enchergava e respirava melhor, era libertador.
Andava cambaleando e tropeçando em seus próprios pés, mas para sua surpresa, chegou da são e salvo em casa.
Foi uma batalha não morrer para escada, mas lá estava, todas as luzes da casa ligadas e a porta de seu quarto escancarada, e um Craig jogado na cama.
- Duas semanas depois, em South Park.
Tweek›
Minhas malas estão prontas. Hoje, vou me despedir de meus amigos e minha escola. Já faz pelo menos duas semanas ou mais que não tenho contato com meus amigos, não fui a escola, ok. Vou voltar do começo...Pelo menos uma semana atrás, meus pais me deram um sermão enorme, dizendo que eu sou irresponsável e imaturo, que não sei cuidar do que eu tenho... Eu fiquei triste na hora, porém tenho que seguir em frente... Eles disseram que não tem mais escolas em que eu possa estudar por aqui, eu chorei muito, muito mesmo ao saber disso. Não há mais oque fazer, eu realmente vou ter que sair da cidade.
Combinei com meus amigos ontem para me encontrarem na cafeteria dos irmãos Tweak, vulgo cafeteria do meu pai, que agora está a venda.
...
A tarde...- Vou sentir saudades, amiguinho. - Disse Butters, trêmulo e com algumas lágrimas se formando nos olhos.
Eu dei pequenos risos fracos, na tentativa de conforta-lo.
Stan estava abraçado em Kyle, que chorava como se tivesse acabado de descobrir que o mundo vai acabar, em quanto Kenny estava feliz, um feliz melancólico, mas feliz.
- Eu vou morrer de saudades, Tweek. Literalmente. - Eu ri, mesmo não sendo uma piada e não entendendo, mas achei engraçado. - Espero um dia me reencontrar com... - Kenny suspira. - Você.
Ele se vira e solta alguns soluços.
- Amigos... Saibam que eu nunca vou esquecer oque passamos juntos, eu realmente amo todos vocês. Dêem uma lição na Wendy por mim, eu prometo ligar todos os dias que der. - Eu disse, pegando um lencinho e suando meu nariz que escorria e meus olhos suavam. - Meu deus! Despedidas são realmente muito mais tristes do que nos filmes.
Meu pai surgiu de carro atrás de mim junto de minha mãe, eles estavam na escola, confirmando minha expulsão. Sim, expulso por justa causa. Não consigo mais emprego.
Meu pai abriu a janela minimamente e disse quase num sussurro "Entre no carro."
- T-tenho que ir meninos! - Minha cara deveria estar péssima, todos se viraram e correram até mim para me abraçar, foi o mais triste de minha vida.
Os garotos me deram espaço para eu entrar no carro, todos tinham a mesma careta de tristeza, como se eu tivesse tirado o doce de uma criança. Entrei no carro e rapidamente desci a janela para gritar para eles:
- Amo vocês! - Eu gritava mais alto cada vez que nos distanciavamos mais, até eles saírem do meu campo de visão.
Não estamos indo para essa tal cidade de carro, meus pais disseram que é longe, então estávamos indo apenas até o aeroporto com um carro alugado. É horrível deixar a cidade em que eu nasci, mas teria que me desapegar de qualquer forma...
E lá vamos nós...
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Noites Sem Sono.
FanfictionTweek e Craig pelas asiáticas e toda a cidade, como todos sabem, são obrigados a ficarem juntos. Mas, Tweek e Craig não se gostam realmente, e, com o tempo, se separam. Craig tem dezesseis anos e muda de cidade. [...] Plágio é crime ×