Cupidos

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Este bar é imundo. Com tantos outros que poderíamos vir...

Clyde e token estão sentados a minha frente conversando sobre coisas sem sentido e se embebedando, esses caras são realmente fracos pra bebida, qualquer cerveja barata os deixam como baratas tontas.

Não é como se eu fosse de ferro, mas essa merda é muito ruim pra ficar dessa forma.

- Acho que já é hora de irmos, garotos. - Me levantei e arrumei meu casaco, indo ajudá-los a se levantar.

- Craaaig... Já di-disse que você é um gostoso? - Clyde pergunta, quase dormindo em quanto o carrego junto de Token. O olho e apenas suspiro, continuando meu caminho até a saída.

Fico impressionado em como estou familiarizado com esse tipo de situação, sempre sou arrastado para essas coisas quando um dos dois idiotas estão frustrados com algo, sinto que deveria parar, mas é com certeza mais reconfortante que ficar naquele deprimente lugar que chamo de casa.

Eu não sou louco de carrega-los até suas casas, jogo os dois no chão e puxo meu celular do bolso, já fora do bar, chamando um Uber o mais rapidamente possível. Oque eu mais quero agora é capotar na cama. Hoje é domingo, oque significa que amanhã tem aula, e oque eu menos quero é acordar atrasado ou cansado. Os professores me odeiam, e eu mal tenho aula, porque vivo na diretoria, resumindo, minha escola é fodida.

Espero alguns minutos com Token sentado em minha perna e Clyde tentando levantar. Isso é tão deprimente, como um dia fui parar aqui?

O Uber chegou. Arrastei os dois para dentro e fui até o banco do passageiro.

- Boa noite. - o velho me cumprimenta, estranhamente amigável.

- Apenas fuja daqui o mais rápido que puder.

-

Meu pai ainda não chegou... Minha mãe também não... Estou começando a ficar preocupado! Penso em ligar novamente para Kenny mas é muito arriscado! E se ele se encrencar caso seu pai saiba que está em uma ligação? E se seu pai me odiar?! E se ele...

- Filhote! Cheguei. - É minha mãe.

Me levanto o mais rápido que consigo de minha cama, escorregando em minha sombra, mas não me impedindo de correr até minha mãe para um abraço.

- Porque demorou tanto?

- Estava resolvendo algumas coisas. Adivinhe, seu primeiro dia de aula será amanhã! - Ela diz, se distanciando do abraço e colocando algumas sacolas na mesa da cozinha, e eu a acompanho até.

- I-Isso... Não foi uh... - me perco nas palavras e nossos olhares se encontram, ela está preocupada. - Rápido demais? Quero dizer, deveria ter uma grande fila de espera e...

- Há! Dei meu jeito, querido. - decido não questionar mais sobre isso.

Ela tira algumas compras e cadernos da sacola, cuidadosamente. Provavelmente algumas coisas ali são para amanhã, na escola. Ugh! Estou tão nervoso, e ainda falta tanto tempo!

- E o papai?

- Seu pai está resolvendo algumas coisas sobre nossa moradia nova... Mas não se preocupe com isso, filho. - ela volta a fixar seus olhos em mim e eu fico nervoso. Parece que ela vai me comer com eles a qualquer minuto! Até ela esboçar um sorriso, oque me faz ficar mais calmo. - Garoto, oque fez o dia todo? Já é tarde da noite, e eu saí cedo.

Hesito um pouco em dizer, sou péssimo em mentir, mas me esforço.

- Uh, sa-sabe... Papai me proibiu de ver televisão... Mas ah... Eu vi mesmo assim. - Eu me diligenciei, mas não foi muito efetivo.

- Hah! Meu filho está tão crescido. Diga, aonde foi? - ela pergunta, me pegando de surpresa, em quanto deixava seu pavoroso sorriso a mostra. Oque eu digo?! Como ela sabe, ela é uma bruxa? Sempre soube disso, ela estava me olhando através de sua bola de cristal! Tenho certeza!

Fico assustado, começo a suar, isso é muita pressão!

- Querido, querido! - ela se vira pra mim e pega em meus ombros. - você anda muito assustado, não se preocupe, seu pai não vai saber. Tem tomado seus remédios?

Respiro fundo. Me acalmando com a situação.

- Tudo isso que tem acontecido tem me deixado assustado, mamãe! É difícil, são tantas coisas que vão mudar e tantas coisas que vou deixar pra trás! - digo rápido, recuperando o fôlego e levantando minha cabeça para poder vê-la.

- Veja isso, você não gaguejou nenhuma vez. - ela diz, num tom reconfortante que apenas ela consegue fazer, me abraçando forte, sussurrando em meu ouvido;

- É bom recomeçar as vezes, acredite. A nova escola pode ser ótima pra você, você verá.

Ela se afasta, me olhando. Ainda estou imóvel, não sei como reagir.

- Obrigada mãe.

- Vá arrumar suas coisas, não tente cabular aula amanhã, mocinho.

Eu sorrio uma última vez e pego alguns dos materiais da mesa e corro para meu quarto.

Estou muito nervoso, espero não ter que me apresentar na frente de toda sala, isso seria humilhante.

- De manhã...

- Seria interessante se sentasse comigo, você não tem mais ninguém.

- Sim, mas não os deixe me ver. Eles não querem ver meu cabelo por aqui.

- Eles tem medo da cor amarela.

O sinal toca...

Esse barulho infernal...

Acabe!

Acordo num pulo com o despertador tocando, o desligo com minhas mãos tremendo com dificuldade e olho em volta...

Eu sonhei com algo, mas não me lembro oque... Mesmo não lembrando, me sinto tão assustado.

Decido deixar isso de lado e vou me trocar, com certeza não quero chegar atrasado!

Visto uma camisa preta e um moletom amarelo por cima que fica um pouco grande em mim e uma calça jeans qualquer, aqui não é tão frio como South Park então não devo me preocupar com a quantidade de agasalhos que devo colocar para não ficar com frio.

Vou até a cozinha e vejo minha mãe sentada de frente a pia tomando alguma coisa.

- Bom dia.

- Bom dia querido.

Ela está... Estranha.

Vou até ela e vejo que seu rosto está cheio de hematomas, e sua boca vermelha.

- M-Mãe?! Oque houve?

- Hah, isso? Não foi nada. Se apresse e coma algo, não quer se atrasar, não é? - o ar estava melancólico, ela parecia triste, brava, qualquer coisa que não seja feliz.

Eu iria dizer mais alguma coisa, mas ao abrir minha boca minha mãe coloca a cabeça estupidamente na pia e vai para seu quarto.

Oque deveria fazer?

-

- Token, eu juro! Era Tweek naquele parque, não estou ficando louco!

- Ok, supomos que era realmente Tweek lá. Porque eu deveria saber e Craig não?

- Você precisa me ajudar, Craig anda esquisito desde que se mudou e você sabe disso mais do que ninguém, então...

- Não vamos fazer oque eu estou pensando, né?

- Hah, pode ter certeza que sim.

Noites Sem Sono.Onde histórias criam vida. Descubra agora