23 | As folgas acabaram

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São quase 2h30 da madrugada quando pousamos no Rio

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São quase 2h30 da madrugada quando pousamos no Rio. Bruno fez o possível para nos convencer que ficássemos para uma grande "despedida em grande estilo" na sua casa — palavras dele, não minhas. Mas os últimos acontecimentos nos encheram, eu mesma não tinha cabeça para comemorações, e os meninos também não quiseram ficar em Floripa.

Um burburinho de empolgação havia se formado, ao lembrar de tudo o que aconteceu em Floripa, entre Juan e eu. Uma mistura de sentimentos que me levam para um território que jamais andei a transitar. Gostar de Juan é algo irrefutável e não há como negar, mas as coisas não são tão fácil como queria que fosse. Muita coisa está em jogo, muitos anos de esforços e sofrimento, que não posso colocar em segundo plano simplesmente porque me sinto atraído por alguém que certamente não irá me proporcionar algo útil.

Por mais que sexo com ele seria algo que eu faria sem me arrepender. Mas não vou jogar tudo para o alto por algo tão incerto.

A realidade começa a despontar no momento que Juan e Nicholas me ofereceram uma carona, quis recusar e pegar um Uber, mas era mais fácil ser abduzida do que os dois me deixassem pedir um carro por aplicativo.

Quando Nicholas estaciona em frente ao meu prédio, Juan que está no banco de carona olha para trás com um sorriso.

— Vou te ajudar com a mala.

Eu pisco confusa e balanço minha cabeça em negativa, mas Juan já abriu a porta e foi para a porta mala. Faço o mesmo rapidamente e tento pegar minha mala de suas mãos, mas ele é mais rápido.

— Não precisa subir Juan...

— Acha que vamos te deixar aqui do nada a essa hora da noite? — ele me corta — Ficaremos mais tranquilo com você dentro do prédio.

— Não precisa disso — eu resmungo, mesmo sabendo que ele está certo. Se eles estivessem me deixado aqui e ido embora, mesmo tendo certeza da segurança do meu prédio, ainda ficaria insegura e entraria para dentro o mais rápido possível — Juan, precisamos ajustar umas regrinhas básicas, não gosto quando fazem as coisas por mim — eu encruzo meus braços sobre meu peito enquanto o vejo atravessa o estacionamento a passos largos, indo direto para a porta de entrada.

Juan me olha por cima dos ombros, com um sorriso convencido.

— Não seja orgulhosa senhorita Brandt, somos amigos agora ou a trégua acabou?

— Quer mesmo voltar para a guerra? — ele pergunta humorado, com seu tom debochado. Assim que libero nossa entrada no prédio, com meu cartão magnético.

A portaria está vazia, o seu Ozorio, senhorzinho que cuida da entrada e saídas na recepção do prédio não está presente, ele trabalha apenas ao dia, a noite a troca de turno entre seguranças, mas no momento não tem ninguém.

Pensei que Juan se daria por satisfeito até aqui, mas ele continua andando em direção do elevador e nem me dou mais ao trabalho de reclamar.

— Está entregue e segura... — ele diz convencido, liberando um de seus sorrisos de canto.

— Obrigada Juan, por tudo... — falo sincera olhando em seus olhos, as portas do elevador se abrem e ele empurra a mala para dentro.

Quando estou preste a entrar, sinto o toque do Juan em meu braço e sinto me puxar em direção do seu corpo firme. Sou pega de surpresa, quando ficamos frente a frente, com ele forçando o olhar diretamente em seus olhos, sinto um leve frio na barriga, consigo sentir sua respiração entrecortada e desconfio profundamente que a minha está igual ou pior que a sua;

— Não me agradeça ainda... — suas palavras, com seu hálito mentolado me faz arrepiar em antecipação, desejando que ele beije. Que se foda os riscos, meu corpo só anseia por isso nesse momento.

Minha respiração fica presa na garganta quando ele diminui a distância que nos separava e esmaga seus lábios nos meus, com um calor devastador, pressionando meu corpo ao seu, à medida que seu braço desce e fica ao redor de minha cintura, me arrebatando para mais perto de si. Abro minha boca, permitindo que sua língua me invada. As portas do elevador se fechando nos traz a realidade, ele se separa seus lábios do meu e sorri travesso ao apertar no botão novamente.

Eu esqueci completamente onde estava e o que estávamos fazendo. Quando estamos desarmados de nossos egos, entramos nesse caminho perigoso. Mas não posso fazer isso com Juan, Lucas e com todos os meus esforços. Me afasto dele, fazendo-o me olhar com confusão em seu olhar.

— Isso não pode mais acontecer — eu sussurro, tentando normalizar a minha respiração.

Juan não parece se chatear com isso, ele balança a cabeça em concordância e coloca suas mãos em seu bolso, enquanto ajeita sua postura.

— Já conheço esse discurso — sua voz amarga faz meu estomago dá um nó, por mais que ele não deixe transparecer, sei que ele está chateado — Você está noiva — ele aponta para o local que esta minha aliança.

Me sinto péssima. Crio coragem de chama-lo para subir, para contar a verdade sobre meu casamento com Lucas, mas não posso. Quando as portas se abrem novamente, Juan se afasta para o lado para que eu pudesse entrar. Foi impossível impedir que meu corpo sentisse desejo por ele à medida que passo ao seu lado e entro no elevador. Juan continua me olhando, esperando.

— Você tem certeza? — ele me pergunta, e eu desvio meu olhar para o controle do elevador. Não posso olhar em seus olhos, não quero correr o risco de ceder e fazer o completo oposto do que é necessário de ser feito.

Balanço a cabeça em positivo e era isso que Juan precisa para sair, e me deixar ali sozinha, me sentindo culpada, me controlando para não ir atrás dele.

Porque tudo tem que ser tão complicado para mim?

Isso que fiz é mais para benefício do Juan do que para mim, ele não precisa entrar para o furacão que sempre foi minha vida.

Nem ele, Nem Mayara e nem Lucas merecem carregar o preço das minhas escolhas.

Subo para meu apartamento e faço o possível para não acordar minhas visitas que estão lá. Vou direto para meu quarto e apago pouco tempo depois de tomar um banho e encostar a cabeça no travesseiro.

Cafajeste PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora