Capítulo 31.

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-- Por que não me acordou? -- Cheryl fechou os olhos assim que ouviu a voz de sua esposa tão rouca e baixa no pé de seu ouvido; seus braços enlaçando a silhueta da menor.

-- Acordei muito cedo e vim comer algo antes de te acordar. -- Disse com a voz falhada. Estava encostada na mesa decidindo se comeria uma banana ou duas.

-- E o que quer comer? -- Perguntou com a voz ainda arrastada igual da primeira vez, fazendo Cheryl se arrepiar inteira.

Toni deixou alguns beijos no pescoço de Cheryl, fazendo a mesma se praguejar internamente por ver duplo sentido na frase dita por sua esposa. Não sabia o que estava acontecendo com seu corpo desde que experimentou a sensação de ter os lábios de Toni colado nos seus. Deveria estar ficando louca, era a única explicação. Engoliu em seco e se virou para sua esposa.

-- Ainda não decidi. -- Falou, enlaçando seus braços ao redor do pescoço de Toni.

-- Eu te ajudo. -- Toni disse olhando para geladeira, mas Cheryl levou uma mão até seu rosto e a fez olhá-la novamente.

-- Primeiro meu beijo de bom dia. -- Disse e Toni sorriu amplamente. Jamais se acostumaria com Cheryl pedindo beijos. Se inclinou e colou os lábios nos de sua esposa. Cheryl sentiu o ligeiro gosto de menta assim que suas línguas se encontraram, devido ao creme dental que Toni e ela usavam.

-- Pelo amor, na cozinha não! -- Veronica disse adentrando o lugar, fazendo elas terminarem o beijo. -- E você deveria estar pronta, Topaz.

-- Hoje não vou trabalhar. Preciso acompanhar o estado de Rosália de perto.

-- O que houve com ela?

-- Passou mal a noite, já, já o médico passa aí e saberemos.

-- Tudo sairá bem, não se preocupe. -- Veronica disse e Toni sorriu fraco, caminhando até a geladeira e retirando algumas coisas de lá. -- Mas então... O casal finalmente se acertou, hm? -- Perguntou sorrindo enquanto lavava uma maçã.

-- Estamos... É... Nós... -- Toni começou sem jeito. Não sabia o que Cheryl pensava disso, portanto não sabia o que responder.

-- Definitivamente sim. -- Cheryl respondeu, fazendo Toni sorrir bobamente.

-- Mas e o chuchu? Já roçaram um no outro?

-- Veronica! -- Ambas gritaram juntas, fazendo Veronica parar no ar a maçã que levava até boca.

-- O que, gente? -- Perguntou finalmente mordendo sua maçã. -- Pelas caras ainda não.

-- É... Cherry, será que eu poderia falar com você mais tarde? -- Toni perguntou baixo e sua esposa assentiu. -- Perfeito.

Comeram em um silêncio calmo e quando estavam quase acabando Josie, Betty e Polly chegaram.

-- Eba, vou repetir a refeição com vocês para não ser mal educada. -- Veronica disse sorrindo satisfeita.

-- Vou ver se o médico chegou. -- Toni informou.

-- Vou com você. -- Cheryl avisou, se levantando logo em seguida.

-- Por que médico? -- Betty perguntou preocupada. -- Você está bem?

-- Estou. Rosália passou mal ontem à noite. Teve dores no peito e os exames ficaram de chegar pela manhã.

-- Que horror. Tomara que ela fique bem. -- Betty disse.

-- É. -- Polly nada mais disse.

-- Tenham um bom apetite. -- E assim Toni e Cheryl saíram pelos enormes corredores da casa.

-- T.T...? -- Cheryl chamou assim que descobriram que o médico ainda não tinha chegado. Estavam cruzando o jardim, indo para o quarto de Rosália. -- Você disse que queria falar comigo.

-- Oh, certo. -- Ela disse parando e se virando para Cheryl. O sol fazia Cheryl ficar com os olhos ligeiramente franzidos e Toni podia se ver no reflexo dos olhos da mais nova. -- É sobre... sobre nós.

-- O que tem? -- Cheryl perguntou.

-- Temos nos beijado e tudo mais... -- Toni começou. Estava um tanto sem graça de tocar no assunto, mas precisava saber.

-- Sim. E daí? -- Cheryl perguntou rindo.

-- Você...hm, se sente à vontade com isso? Digo, eu sei que é estupidez perguntar, mas realmente preciso saber. -- Disse fitando o chão. -- Não estou forçando a barra? -- Cheryl abriu o mais lindo dos sorrisos e Toni voltou a falar. -- Não é porque estou machucada que se sentiu culpada e está fazendo isso por favor, é? Digo, não creio que seja, mas eu realm...

Foi calada pelos lábios da mais nova, não um beijo de língua, um beijo casto, demorado, apenas para que Toni parasse de falar.

-- Não seja paranóica. -- Cheryl disse rindo ao afastar os lábios dos de Toni. -- Eu que te beijo sempre e não, não estou fazendo isso por pena.

-- Então você realmente gosta de me beijar? -- Toni perguntou. Em seus sonhos mais distantes Cheryl diria um sim.

-- Deixa eu ver. -- Cheryl disse sorrindo, enquanto levava sua mão à nuca de Toni e colava suas bocas novamente. Toni deveria ser cega se não notava o quanto Camila amava beijar ela. A língua de Cheryl invadiu a boca de Toni, fazendo a maior suspirar e se entregar ao beijo. Cheryl deslizou vagarosamente sua mão livre até as costas de Toni, adentrando a mesma por baixo da camisa da garota e sentindo a maciez de sua pele sob o toque de seus dedos. -- Acho que ainda não decidi. -- Cheryl sussurrou com a boca sobre a de Toni ainda. -- Preciso tentar de novo. -- E voltou a beijar sua esposa. Toni sorriu em meio ao beijo, enquanto puxava Cheryl mais para si. Cheryl sugou o lábio inferior de Toni e suspirou, aplicando um último selinho antes de fitá-lo nos olhos. -- Será que isso responde a sua pergunta? -- Perguntou sorrindo.

-- Acho que não. -- Toni disse rindo, mas logo ficou séria, respirando fundo. -- Eu não quero que faça nada que não queira. Não é porque nos casamos que precisa me beijar, tudo bem?

-- Mas eu gosto de te beijar. -- Cheryl finalmente falou, deitando sua cabeça sobre o peito de Toni.

-- Então tudo bem, mas se algum dia eu fizer algo que você não goste, por favor me diga. -- Ela sentiu Cheryl suspirar e a abraçou.

-- Você é perfeita demais para ser de verdade. -- Disse sorrindo, levantando sua cabeça e depositando um suave beijo na clavícula de Toni. -- E pela primeira vez na vida sou obrigada a concordar com a minha mãe. -- Toni franziu o cenho e a olhou confusa. -- Ela me fez um grande favor quando mentiu para mim.

Toni fitou o chão quieta demais. Esse era um assunto que ela não deveria tocar, mas era inevitável. Imaginar Cheryl beijando a boca de outra pessoa causava uma dor insuportável.

-- Cherry...

-- Não. Ela realmente me fez um favor. -- Cheryl disse olhando fixamente para Toni.

-- Você... o ama?

-- Não. Nunca amei. -- Disse convicta. -- Um dia pensei estar apaixonada por ele, mas minha mãe disse algo... -- Pareceu lembrar das palavras da mãe. -- E acho que ela tem razão. Acho que fiquei encantada, ele era gentil, mas se fosse algo mais forte não teria passado tão rápido, não acha?

-- Certo. -- Toni disse. -- Então posso duelar com ele caso ele venha tentar reconquistar o coração de minha bela senhora? -- Perguntou falando igual seu pai. Cheryl riu e negou com a cabeça.

-- Não é preciso duelo algum. Meu coração sabe muito bem com quem quer ficar. -- Toni sentiu seu estômago se revolver ao ouvir isso, mas teve medo de perguntar sobre sentimentos. Ainda era cedo.

-- Certo. -- Ela disse contendo a vontade insana de sorrir. -- Vamos ver Rosália?

-- Vamos. -- E, enlaçando seus dedos nos de Toni, caminharam para o quarto da mulher.

Over The Rainbow (Choni Version) [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora