Cheryl adentrou o quarto empurrando a porta com as costas, já que suas mãos estavam ocupadas pela bandeja que ela trazia consigo. Fechou a porta com um dos pés e caminhou até Toni, se sentando ao lado dela na cama. Já havia ido ali e limpado a sujeira que Toni havia deixado.
-- Trouxe suco de laranja e uma maçã para você. -- Falou sem jeito. -- É o mais seguro a se colocar no estômago agora, mas como sei que você é teimosa tomei a liberdade de trazer algumas torradas também.
-- Obrigada. -- Toni disse.
-- Eu também trouxe aspirina. -- Falou e Toni focou seus olhos no remédio, franzindo o cenho.
-- Estou vendo duas aspirinas aqui.
-- Você não foi a única a beber ontem à noite. -- Cheryl disse rindo fraco. Ambas tomaram o remédio e Toni comeu em silêncio, enquanto Cheryl lhe admirava quieta. Assim que Toni terminou de comer Cheryl sorriu. -- Não tocou nas torradas?
-- Você disse que a maçã e o suco eram o mais seguro a se colocar no estômago agora. -- Falou e Cheryl assentiu se levantando.
-- Vou deixar a bandeja sobre a mesinha, tudo bem? -- Falou e Toni assentiu, vendo Cheryl pegar a bandeja e colocar onde havia dito, caminhando em direção à sua mala logo em seguida. -- Eu, hm, eu já vou indo então, já que não precisa mais de mim. -- Falou tristemente, sentindo seu coração se despedaçar, encarando Toni uma última vez antes de puxar a alça da mala.
-- Quem disse que eu não preciso de você? -- Ouviu Toni dizer com a voz vacilando e voltou seu olhar para a mais velha. Toni se levantou e caminhou até Cheryl, retirando a alça da mala de sua mão e a fitando nos olhos.
-- Do que precisa? -- Cheryl perguntou fitando os lábios de Toni ao ver a proximidade da maior. Toni apenas suspirou.
-- Disso... -- Em um ato intenso, Toni se inclinou e beijou Cheryl, pegando a mais nova de surpresa e fazendo ambos corações dispararem contra o peito.
Subitamente Cheryl sentiu mais vontade de chorar do que queria admitir, mas retribuiu ao último beijo sem hesitar. O beijo foi curto, apenas deu para sentir as línguas juntas em uma fração de segundos, porque no instante seguinte Toni parou o beijo e envolveu Cheryl em seus braços, começando a chorar descontroladamente.
Cheryl não aguentou segurar o choro e desabou junto com Toni, desfrutando do possessivo abraço da mais velha.
-- Eu te amo. -- Cheryl sussurrou entre o choro.
-- Não diga que me ama, a menos que ame. -- Toni disse se separando do abraço e lhe fitando intensamente, com o rosto encharcado por lágrimas. [n.a: sou harmonizer e tô em crise.]
-- Eu te amo tanto. -- Cheryl disse novamente, abaixando a cabeça para enxugar algumas lágrimas. Toni ergueu seu queixo com o indicador e polegar e suspirou.
-- Olha dentro dos meus olhos e repete. -- Cheryl suspirou, encarando Toni de uma maneira tão intensa que Toni não precisou ouvir mais nada para acreditar no que Cheryl dizia.
-- Eu amo você, Antoinette Topaz. -- Disse convicta. -- Amo tanto que chega a doer; amo tanto que, cada vez que você me olha, meu estúpido coração quase explode de tão rápido que bate; -- Disse sentindo um nó se formar em sua garganta ao ver Toni apoiar sua testa na dela. Ter Toni tão próxima sempre a fazia perder o ar, como se cada célula de seu corpo gritasse por aproximação e, devido a manter a distância, seus pulmões a faziam arfar de tão cansativo que era se manter longe dela. -- Amo tanto que apesar de você não acreditar, aqui estou, falando que eu te amo desesperadamente, com cada fibra do meu ser. -- Disse mordendo seu lábio inferior antes de voltar a falar. -- Eu não sei dizer o momento exato em que esse amor começou, mas tenho a plena certeza que jamais vai acabar.
Toni engoliu em seco e assentiu, deixando o silêncio pairar entre as duas por longos segundos.
-- Meu cérebro dorme quando bebo. -- Toni finalmente sussurrou. -- Me desculpa, Cherry... Me desculpa... -- Pediu quase em desespero, abraçando Cheryl, fazendo a mesma franzir o cenho. Enxugou algumas lágrimas e se desvencilhou do abraço, lhe encarando.
-- Desculpa pelo quê?
-- Por ter desconfiado daquela estupidez. Você não faria aquilo.
-- E como deduziu isso só agora? -- Cheryl perguntou confusa, sentindo seu coração gritar esperançoso.
-- Por Deus, Cheryl... -- Toni disse erguendo sua mão e acariciando o rosto da menor. -- Você passava horas para chegar do outro lado do parque, apenas para não cansar o coelho. Não teria a coragem de me magoar. -- Cheryl riu baixinho e se jogou no abraço de Toni, afundando seu rosto na curva do pescoço da maior e chorando de alívio.
-- Eu senti medo. -- Cheryl disse enquanto chorava baixinho.
-- Eu não sei bem o que houve e preciso ainda entender, mas minha mãe me ajudou a abrir os olhos. -- Toni disse enquanto afagava os cabelos de sua esposa.
-- Sua mãe? -- Cheryl perguntou erguendo a cabeça, ainda abraçada com Toni.
-- Sim... -- Toni disse levando uma mão até o rosto de Cheryl e enxugando suas lágrimas. -- Digamos que eu não consegui dormir logo. -- Disse, se inclinando e dando um longo beijo no rosto de Cheryl. -- Algumas coisas ainda não batem. -- Cheryl olhou temerosa para Toni assim que ouviu aquilo.
-- Já está desconfiando de novo de mim? -- Perguntou e Toni riu baixinho.
-- Pretendo nunca mais cometer esse erro de novo. -- Sussurrou depositando um beijinho sobre o nariz de Cheryl. -- Meu cérebro deve ser apaixonado pelo álcool, porque ficou besta. Depois de minha mãe confirmar que você esteve lá embaixo o tempo inteiro eu deveria ter me tocado, mas como disse... Minha inteligência evapora quando bebo.
-- Bom saber; vou mandar quebrar todas garrafas de bebida alcoólica dessa casa. Você é rica mesmo, não vai ligar. -- Toni gargalhou ao ouvir o tom doce que sua esposa usara e tornou a abraçar forte Cheryl.
-- Você é minha mulher, é tão rica como eu. -- Falou inalando o cheiro dos cabelos, ainda molhados, de Cheryl.
-- O bem mais precioso que eu tenho é seu amor por mim. -- Disse baixinho, enterrando a cabeça na curva do pescoço da maior, como se estando ali ninguém pudesse voltar a atingi-las.
-- Então... -- Falou, vendo Cheryl erguer a cabeça e lhe encarar. -- Pretendo te deixar rica para o resto de nossas vidas. -- Disse roçando seus lábios nos de Cheryl. Cheryl suspirou e fechou os olhos ao sentir o esbarrar de bocas e Toni sorriu ao ver o quão rendida Cheryl ficava aos seus toques. Se sentiu estúpida por ter duvidado de sua esposa, afinal ela havia lhe dito a verdade sobre quem em realidade era Peter, não teria por que dizer se fosse fugir com John.
Suspirando feito idiota se inclinou, tocando tão delicadamente os lábios de sua esposa que a mesma gemeu ante a tanta doçura. Cheryl adentrou sua língua na boca de Toni ao mesmo tempo que levava sua mão até a nuca da mais velha. Toni, por sua vez, aproveitava o momento, porque sabia que assim que saísse daquele quarto encontraria quem a fez acreditar naquela merda. E o culpado...? Bem, ele pagaria caro por ter feito Cheryl derramar lágrimas quando merecia apenas dar sorrisos. Todos os sorrisos do mundo.
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Over The Rainbow (Choni Version) [Concluída]
FanficOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Cheryl, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por John Parker, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Penélope, deseja que a filha co...