-- Sim? -- Cheryl respondeu abrindo a porta já vestida. O garoto percorreu os olhos por seus trajes bagunçados, cabelos molhados desgrenhados e parou no sorriso que brincava no rosto de Cheryl.
-- Se quiser eu posso matá-la. -- Ele disse com o maxilar rígido. -- Ela não deveria te obrigar a...
-- Cala a boca. -- Ela disse abaixando o tom de voz, porém irritada, encostando a porta do quarto. -- Ela não me obrigou a nada.
-- Onde ela está? -- Ele perguntou.
-- No banho. -- Esclareceu. -- Deixa que ela já sabe que tem que ir ao trabalho, obrigada mesmo assim. -- Ia entrando no quarto, mas sentiu a mão forte segurar seu pulso. Suspirou e se virou para ele novamente.
-- Por favor, John. -- Sussurrou. -- Agora não.
-- Cher, eu...sinto sua falta. -- Disse acariciando com o polegar a mão da garota.
-- Nunca mais ameace matar a minha esposa. -- Ela disse convicta, lhe olhando apenada. -- Eu queria dizer que sinto muito por tudo o que houve, mas não sinto. -- Ela disse se soltando do toque do rapaz. -- Você é um cara incrível, de bom coração, John, mas...
-- Cherry? -- A voz de Toni soou dentro do quarto e ela lembrou que Toni iria tomar um banho bem rápido mesmo, afinal só tiraria o cheiro de sexo, já que havia tomado banho nem uma hora atrás.
-- Já vou, amor. -- Ela gritou encarando o rapaz. -- Me enganaram para eu me casar, não pense que sou desse tipo, mas coisas aconteceram nesse tempo. Agora não posso conversar, te procuro mais tarde. -- O homem assentiu contrariado, mas sentiu alívio ao ouvir que Cheryl fora enganada para casar-se. Não havia lhe abandonado a toa, afinal.
-- Sim, Senhora. -- Voltou para seu papel e ia se retirando, mas viu a porta se abrir atrás de Cheryl.
-- Olá, Peter. -- O homem queria muito odiá-la, achar algo que o fizesse detestá-la, mas até agora só havia encontrado doçura e gentileza. -- Quer tomar café conosco?
-- Não obrigado, senhora. Só vim avisá-la sobre seu compromisso.
-- Certo. Decerto, Cheryl lhe informou sobre o trabalho dela?
-- Oh não, decidi que adoro ficar em casa mesmo. -- Cheryl falou prontamente, sentindo-se nervosa por ter ambos em sua frente. Toni abraçou-lhe pela cintura e lhe deu um beijo no pescoço.
-- Mas amor...
-- É sério. Posso ajudar Ka...digo, Rosália na cozinha. -- Não sabia se poderia revelar o segredo para todos, então preferiu esconder por enquanto até Toni decidir o que fazer. -- Adoro cozinhar e, ah! Também posso dar aulas de equitação. Adoro montar a cavalo.
-- Tudo bem então, princesa. -- Toni disse, fazendo Cheryl suspirar aliviada. -- Não vou tomar café então, já me atrasei demais, hm? Como algo por lá. Me acompanha até a saída, Peter?
-- Claro, senhora.
-- Te vejo a noite, vida. -- Toni disse se inclinando e selando os lábios de Cheryl. -- Eu te amo.
-- Também te amo. -- Cheryl sussurrou, percebendo o desconforto do homem ali parado.
-- Então... -- John começou, limpando a garganta. -- A garota ali parece ser boa no que faz, hm? Aposto que se divertiram por completo. -- John não era o tipo de homem que se referia assim às mulheres, era um homem correto, mas precisava saber se Cheryl e Toni haviam consumado o casamento. Se minutos antes estavam rolando entre os lençóis.
-- Jamais lhe dei intimidade para se referir com tamanha falta de respeito à minha mulher, senhor Leroy. Peço que se limite a fazer comentários construtivos, caso contrário, cale a boca, pois não tolero isso. -- Toni tinha princípios, não era esse tipo de mulher que saía por aí falando da intimidade com a esposa e John achou isso digno, apesar de ainda procurar defeito na mulher ali.
-- Desculpe, Senhora. Pelo que vejo você a ama muito, hm?
-- Sim. Aquela mulher ali significa tudo para mim. -- Toni disse enquanto caminhavam. -- A prometi que lhe faria feliz e trato de tentar cumprir isso todos os dias. -- Bem, se John fosse perder Cheryl para alguém, pelo menos esse alguém tratava Cheryl bem.
-- Admiro isso na senhora. Há pessoas que se casam focando apenas na própria felicidade. Isso não costuma funcionar se você pensa só em si.
-- Tem toda a razão. Você namora? Parece ter princípios, rapaz. -- John trincou o maxilar.
-- Namorava, senhora.
-- Oh, o que houve?
-- Ela me trocou por outra pessoa.
-- Sinto muito. -- Toni disse verdadeiramente. -- Espero que um dia encontre alguém que lhe retribua o amor. -- Seria cômico se não fosse trágico. O quão irônico poderia ser a mulher que roubara sua namorada lhe confortando?
-- Ela gostava de mim, tenho certeza. -- Ele disse se contendo para não soar ríspido. -- Acontece que pessoas ricas podem comprar casamentos. -- Toni lhe fitou seriamente.
-- Tem toda a razão. Acho ridículo esse meio de tratar as mulheres como meros objetos. Elas deveriam escolher com quem querem ficar. -- Disse despreocupada.
-- Infelizmente a mulher pobre não tem direito de escolha. Por exemplo, se sua esposa alegasse ser apaixonada por outra pessoa, a deixaria livre? -- Perguntou debochado.
-- Já ofereci comprar uma casa para minha esposa e seu ex, dar o divórcio. -- Falou. -- Então o que acha? -- John a olhou surpreso.
-- Sua esposa... é apaixonada por outra pessoa? -- Toni sorriu aliviada.
-- Não. Ela negou minha oferta e já disse que me ama, por sorte. -- Confessou. -- Não sei por que te contei essas coisas, sinto muito. Não gosto de molestar. -- John se conteve para não chorar e apenas negou com a cabeça.
-- Sem problemas, senhora. É bom fazer amizades ao longo da vida.
-- Me chame de Toni. -- Ela pediu, chegando ao seu cavalo, finalmente. -- E tem razão. Amizade é essencial. Tenha um bom dia, senhor Leroy.
-- Para a senhora também, senhora Blossom Topaz.
-- Já disse para chamar-me de Toni. -- Toni disse ao montar.
-- Então pode me chamar de Peter.
-- Certo, Peter. Até logo.
-- Até, Toni. -- Disse, vendo o cavalo se distanciar de sua visão. Propôs assassinar uma mulher boa, que aparentemente amava sua esposa. E o pior, propôs isso a alguém que a amava de volta. Precisava ouvir Cheryl lhe dizer isso. Se Cheryl negasse, ele faria qualquer coisa para tê-la de volta, inclusive matar Toni caso Cheryl dissesse que ela lhe forçara a algo e fugir com sua paixão, mas se Cheryl assumisse amar Toni ele deixaria o caminho livre para a felicidade da moça.
Amava Cheryl, mas não se prestaria ao papel de se converter em alguém sombrio por ela. O amor era sobre a liberdade, e se Cheryl amava Toni, ele a deixaria livre para voar para onde quisesse e seguiria seu próprio caminho.
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Over The Rainbow (Choni Version) [Concluída]
FanfictionOver the Rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Cheryl, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por John Parker, um camponês da classe baixa, mas sua mãe, Penélope, deseja que a filha co...