Para que meu amigo não se preocupe.

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Me desculpe por ontem, Tomas. O mundo costuma pesar um pouco mais alguns dias. Neles, a agonia me sobe e por um momento, perco o pouco de controle que consegui depois de muito tempo. Longa trabalheira para tê-lo de volta e penso que, talvez, nem chegue a realmente ter.
Meus olhos demonstram cansaço, eu sei. Minha postura já não se encontra tão firme e forte, eu já não sou a mesma. Eu sei, Tomas. Eu sei. Sei também que percebeu a lágrima escorrendo por minha face ou o quão fingido foi aquele sorriso que insisti em manter durante todo o dia.
Já não tenho mais como esconder a tristeza habitada aqui em mim e, bom, já não tento mais quanto antes. Mas eu fiquei feliz, Tomas. Por você ter vindo, por ter ficado, pelo café que tentou fazer. Bem, você tentou.
Agora eu estou deitada no chão, escrevendo mais este texto a fim de tentar aplicar algum nexo ou ter algum tipo de explicação para o que eu tenho sentido. Me sinto indisposta para levantar e encarar o que quer que esteja me esperando lá fora.
Eu tenho medo do amanhã e você já sabe disso, mas eu tenho tido mais medo que o comum. As noites estão mais difíceis e eu estou mais fraca, como se estivesse à um passo de desistir.
Há formigas espalhadas pelo chão, há angústia espalhada pelo tapete, há lágrimas derramadas por todo lugar.
Eu te falei do problema com o aquecedor? Acho que não. Se isso eu tivesse feito, sei que você passaria o dia tentando consertá-lo. Você é persistente, Tomas; admiro isso em você. Eu queria um pouco disso para mim, talvez assim, tanta coisa não viesse a queimar aqui dentro, mas sei que também te arde o peito na maior parte das vezes. Sou grata por ter vindo e ter trazido um pouco mais daqueles biscoitos amanteigados. Você me conhece e sabe que um simples biscoito pode me alegrar, mesmo que pouco, mesmo que não por muito tempo.

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