TRÊS

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— Jorge! — gritei.

— Garota! — ele gritou de volta — Já disse que não precisa gritar, eu estou do seu lado. — disse impaciente.

 — Desculpa? — revirei os olhos — Mas sério, o que vamos pedir para o almoço? — eu estava morrendo de fome.

— A gente pode ir comer yakisoba. — sugeriu.

— Ok, vou pedir. — botei o telefone no ouvido para fazer o pedido — Quer o seu com camarão? — Jorge afirmou.

Depois do almoço, eu e Jorge descansamos e terminamos de ajeitar as coisas, íamos cobrir um jogo logo mais e tinha que estar tudo pronto antes de sairmos para o Maracanã. Eu estava nervosa, mesmo fazendo isso a anos, cada jogo era uma emoção diferente e uma atmosfera nova. As possibilidades de coisas incríveis acontecerem a cada segundo era gigante, e como amante do esporte, não se pode esperar menos do que um espetáculo.

Eu e Jorge partimos rumo ao estádio por volta das quatro e meia da tarde, o sol ainda estava brilhando no céu do Rio de Janeiro, mas não com tanta intensidade. Fomos direto para a sala de imprensa fazer todos os procedimentos e depois seguimos para o gramado para nos ajeitarmos.

Fizemos toda a checagem de som, Jorge ajustou a câmera e estava tudo pronto pro jogo das sete horas, Flamengo e São Paulo iriam se enfrentar essa noite, válido pelo Campeonato Brasileiro. Os torcedores estavam animados, nada mais justo, já que o time tinha finalmente se encontrado. É bem irônico sempre que os dois se encontram devido a torcida pegando no pé do zagueiro que antes defendia as cores do time paulista.

Fizemos a entrada, assim que o Luís Roberto nos chamou para as informações. Os times entraram em campo para aquecimento e o clima estava pesado. Aquele jogo era importante. Para o Flamengo e para Rodrigo.

Ele estava lá, claro que estava, ele ia jogar hoje. Era seu antigo clube, onde saiu por baixo e muito criticado, ele queria mostrar que não era fraco como diziam e que era capaz, que o famoso "zagueiro de condomínio", era um dos melhores do país. Dava pra ver isso pelo jeito que ele estava concentrado. E eu realmente esperava que ele mostrasse tudo que podia hoje, pelo bem do time, claro.

Olivia, como tá o Mister aí em baixo? — perguntou Luís Roberto na transmissão que já tinha começado.

— O Mister tá até bem tranquilo por enquanto, disse que o time tá preparado pro confronto e que espera sair com a vitória hoje, respeitando o adversário, claro. Luís. — voltei a palavra pra ele.

— Começa o jogo no Maracanã! Primeiros movimentos de Flamengo e São Paulo que lutam pelas primeiras posições do Brasileirão.

[...]

O jogo estava corrido, agitado, e empatado.

Dois a dois marcava o placar no Maracanã.

Arrascaeta e Vitinho tinham feito os gols. Rodrigo tinha consistência na defesa mesmo com dois gols sofridos, ele estava dando o máximo que podia. Quarenta e quatro minutos do segundo tempo e escanteio para o Flamengo, Everton Ribeiro na bola, Rodrigo Caio estava na marca do pênalti. Aquilo era obra do destino, só podia, pois o zagueiro subiu mais do que seus adversários e colocou a bola dentro da rede no Maracanã. Saiu feito um louco comemorando. Ele tinha conseguido. Além da partida impecável, tinha feito um gol.

O juiz deu mais cinco de acréscimo, e o São Paulo atacava com tudo que tinha, enquanto o Flamengo se defendia com tudo o que podia, foi quando aconteceu o gol do São Paulo, ou quase, Everton fez falta no Rodrigo e o VAR anulou o gol.

A partida chegou ao fim e todos os torcedores gritaram para comemorar a vitória suada no Maracanã. Os jogadores se abraçavam e festejavam no meio do campo enquanto alguns trocavam as camisas com o time adversário.

— Olivia você consegue falar com alguém do Flamengo aí? — Luís perguntou.

— Ainda não, eles estão dentro do campo comemorando e cumprimentando a torcida. — disse e procurei por alguém específico. Era a noite dele.

Enquanto a Júlia entrevistava os jogadores do São Paulo do outro lado, eu esperava ele sair pra poder falar com ele.

— Rodrigo? — o chamei.

Ele se virou e sorriu. — Oi, Olivia. — passou a mão nos cabelos. Ele estava fazendo charme pra mim?

— Você pode esperar pra dar entrevista? — perguntei — A Júlia está terminando do outro lado.

— Claro! — sorriu.

— Luís? — o chamei assim que Julia terminou a entrevista com o jogador são paulino — Estamos com o Rodrigo Caio aqui pra falar.

Opa! Então vamos ouvir o Rodrigo Caio, autor do gol da vitória do Flamengo. — me deu autorização para começar.

— Bom, Rodrigo. O que significa essa noite pra você? — direcionei o microfone pra ele.

— Sem dúvidas uma das mais maravilhosas da minha vida. Tenho me esforçado pra fazer atuações como essa e estou feliz por isso. — respondeu.

— Você tirou o peso das costas depois do gol? — perguntei.

— Ah, com certeza! — ele riu — Fazer um gol é sempre bom, e levar a vitória pra essa torcida e pra esse clube é ainda melhor. — balancei a cabeça em agradecimento — Luís.

Desliguei o microfone e olhei pra ele que continuava parado ali.

— Perdeu alguma coisa?

— Tava demorando pra começar a ser grossa. — revirou os olhos.

— Já deveria estar acostumado. — sorri — Preciso terminar de trabalhar, você pode me dar licença?

— Você não me escapa. — sorriu e me deixou.

Como assim não escapo? Ele só pode estar brincando comigo.

Finalizamos a transmissão felizes pelo sucesso e me dirigi a sala da coletiva de imprensa onde Jorge Jesus chegaria a qualquer momento até que ele entrou acompanhado do zagueiro que mais me irrita nesse Brasil inteiro. Ele tá me perseguindo , não é possível. Arqueei uma das sobrancelhas pra ele que deu de ombros e sentou na cadeira com o sorriso mais sínico do universo. Bufei e desviei meus olhos para o técnico português que já tinha começado a falar abertamente com um dos jornalistas que estavam ali. 


defense + rodrigo caio [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora