Capítulo 18

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As duas semanas que sucederam, foram da mesma maneira. As crianças empolgadas em sair o para passear com o pai e o tio. Chloe parecia não se importar nem um pouco com isso. Me dizia diversas vezes para aproveitar e tirar um tempo para mim. Porque não consigo me sentir em paz, mesmo sabendo que Chloe está certa?

Eles saíram de mim.  Passo a mão pelo meu ventre ao me lembrar de como me senti ao descobrir que os tinha aqui dentro. Foi maravilhoso e assustador. Mas passaria por isso novamente se fosse para tê-los aqui. Desta vez, deixaria meus medos de lado e os permitiriam ter o pai presente. Meu maior erro como mãe, foi tê-los afastado desta maneira.
Apesar do jeito bruto de ser, Taylor tem se mostrado um ótimo pai. Presente, carinhoso, amigo... tudo aquilo que eu sonhava. Tudo aquilo que Sophie queria que o pai fosse.

E, após a recém aceitação de Nathan, ele parece ainda mais tranquilo. Como se um peso o qual carregava, tivesse sido arrancado de suas costas... passando para a minha. Que sinto estar correndo um grande risco. O de tudo desabar a qualquer momento.

- Você só está com medo de que teus filhos se apeguem mais ao pai que a você. Acostumou ser o centro das atenções e do amor deles.

- Não acho que seja isso. - Digo ainda angustiada. - Não sinto que seja isso.

- Jhenny, você sentia que Taylor sumiria e os abandonaria quando descobrisse sobre as crianças. E estava errada.

- Isso é diferente. De alguma forma, sei que não é ciúme. Naquela época, Taylor me deu motivos para que eu pensasse como pensei. Desta vez, não.

- Desta vez você não teme a rejeição dos teus filhos. Teme a aproximação. Quanto mais rapido aceitar isso... melhor será. Para vocês quatro.

Fico pensando se Chloe teria, ou não, razão. Sempre sonhei com este apego das crianças com o pai. Sonhava em ter uma familia unida e feliz. Com Taylor ao meu lado, acordando com a breve luz do sol em nossos rostos, e as crianças pulando na cama enquanto cobrimos a cabeça, nos escondendo e sorrindo. Então, ele me beija lentamente, sorri e conta até três. Ao final da contagem, nos descobrimos e surpreendemos as crianças em um ataque de cóssegas.

As imagens em minha cabeça me fazem sorrir. Não posso nem se quer imaginar e/ou querer aceitar que possa estar sentindo algum tipo de ciúme. Tudo o que sempre quis, foi ter uma familia unida. Por mais que não acreditasse que nós tivessemos alguma solução, não pude deixar de sonhar com isso pelos ultimos quase seis anos.

Não. Eu definitivamente não estou com ciúme.

- Preciso descobrir o porque desta sensação, e me livrar dela o mais rápido possível. Tudo está perfeito, como eu imaginava que seria se Taylor soubesse das crianças... Não é ciúme. Então, algo está acontecendo...

- Eu ainda acho que está com ciúme. Mas, se não é isso, talvez deva ser... saudade, medo... Saudade por eles não passarem mais a tarde com você nas últimas duas semanas... e medo de algo acontecer a eles fora da sua vista.

Olho para ela incrédula. Talvez ela tenha razão. Mas de onde tirou tudo isso? Em questão de segundos.

- Experiência de uma mãe tão protetora quanto você. - Ela diz, como se lesse meus pensamentos.

- Você é mãe há somente um ano a mais do que eu...

- Mas você não é casada com o Noah, que some o tempo todo com o Christopher e só me avisa depois que liguei pelo menos dez vezes para ele.

- Não posso imaginar como se sente. - Digo e sorrimos. 

Aproveitamos o tempo que temos  até que eles cheguem e vamos ao mercado comprar algumas guloseimas para as crianças e coisas para jantarmos. Não quero ver fast-food tão cedo na minha frente. Pensar nisso, me da até calafrios. Na volta, Chloe decide parar em uma farmácia, para comprar alguns produtos de higiene de uma arca especifica que não tem no mercado.

- Frescura demais para meu gosto. - Digo a fazendo me olhar feio, mas sorrir em seguida.

- Permanecer impecável é mais dificil do que parece. Experimenta, você vai gostar. 

Decido seguir sua indicação. Compro algumas coisas de higiene, pele, cabelos, unhas e outras coisinhas a mais. 

Em casa, antes que o jantar fique pronto e as crianças cheguem, vou para o banheiro, tomar um banho e me arrumar. Chloe diz não se importar que uso o deles. Este é o único banheiro da casa, que possuí uma banheira. Ainda com a sacola da farmácia intacta, entro na banheira disposta a usar literalmente tudo o que foi comprado ali. 

Sinto uma ansiedade fora do comum, após usar o último item da lista. Em seguida, ao ouvir passos e gritos em direção ao quarto, sinto a tensão se esvair, sedo substituída por conforto. Meus filhos estão de volta, aqui comigo. Coloco minha roupa rapidamente, arrumo os cabelos da melhor forma que pude e saio do banheiro, já pronta para receber um grande e apertado abraço. 

- Nossa! Como senti sua falta. - Digo ao abraçá-los. 

- Senti a sua também. - Diz Taylor, encostado no batente da porta, fingindo ciúme. Me solto das crianças e vou em sua direção. Ele encurta o caminho, andando junto comigo a passos lentos. - Você está linda. 

- Obrigada. - Digo e sorrio. -Tay... notou algo diferente em mim?

- Diferente como? 

- Não sei... qualquer coisa.

- Não... acho que não. - Ele diz enquanto me analisa. - Cortou o cabelo? Roupas novas? Unhas? - Nego tudo o que ele diz. Não, ele jamais vai adivinhar. Taylor nunca foi atento a detalhes, a menos que estes sejam um conjunto novo de lingeries.

-Tudo bem se conversarmos depois do jantar? 

- Claro. Algum problema?

- Não. Nenhum. -  Digo e sorrio a ele. 

Permita-me Viver - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora