Capítulo 2

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Acordo na hora do café da tarde. Procuro meus filhos pela casa, sem sucesso. Meu coração dispara.
Corro até a geladeira, Noah tem o hábito de deixar recados nela; e lá estava ele.

"Fomos ao marcado, não se preocupe."

Ao mercado? Eles não têm uma empregada que faça compras por ele? Onde está ela?

Ligo para Noah, mas o celular dele toca no quarto onde eu dormia.
Mas que marca, Noah!

Ligo para Chloe. Ela, por milagre, atende no segundo toque.

- Estava me perguntando a que horas você ligaria. - Ouço-a sorrir.

- Onde vocês estão?

- Comprando nosso jantar. O que prefere? Italiano ou Japonesa.

- Italiana.  AAA horas vocês voltam? Quem está com vocês?

- Estamos sozinhos. Noah está dirigindo.

Não posso perder a oportunidade de zoar com ele.

- Chloe, por Deus, protege meus filhos.

- Muito engraçado, Jhenny. - Ouço Noah brigar ao fundo.

- Amo vocês. Não demorem.

O susto maior já passou. Meus filhos estão seguros e longe do pai. O que... por mais que soe errado, é o melhor para eles agora.

Começo a arrumar a mesa para o jantar, seguindo depois, para o quarto. Vamos nos hospedar no apartamento de solteiro do Noah, e para isso, preciso arrumar minhas coisas e deixa-las prontas para o transporte.

Enquanto conferia minhas malas, encontro meu chip de celular aqui de Nova Yorque.
Coloco-o em meu celular, com alguma esperança estranha. Nada acontece.

Vou até o quarto do meu irmão, pego seu celular e ligo para nossa operadora. Não levou mais do que dez minutos e um cartão de crédito para ativar meu número novamente.
Conecto meu celular a web e recadastro meu WhatsApp a ele.
Logo a opção de recuperar mensagens perdidas aparece na tela. Encaro aquilo de uma maneira estranha. Ele pode ter me mandado alguma mensagem? Ainda conseguirei recupera-las?

Meu corpo se aperta e sinto um pequeno nó em minha garganta. Nada está certo aqui. Eu não estou agindo certa.
A decisão de sair de sua vida foi minha. Já se passaram cinco anos... por que é tão difícil ainda?

Clico finalmente em restaurar Backup. Sinto meu corpo tremer.
A porta se abre e, com o susto que levo, deixo meu celular cair no chão.

Vendo minha reação, Noah tira as crianças de perto, deixando-me sozinha com Chloe.

- O que aconteceu?

- Reativei meu antigo chip.

- E ai?

- o WhatsApp me ofereceu o backup das conversas perdidas. Eu aceitei.

- E... o que você viu?

- Ainda nada. Estava carregando quando vocês chegaram.

Olho para baixo e sinto meu coração apertar novamente. E então, me permiti chorar novamente. Como não fazia há muito tempo.
Chloe me abraça e me permite desabafar. Eu devo o mundo a ela. Não sei quantas vezes ela já me ouviu chorando e desabafando... mas dessa vez era diferente, ela estava aqui para me abraçar.

- Eu não sei se estou pronta para isso.

- Então espere estar. Você não precisa correr para perdoa-lo. Precisa dar um passo de cada vez.

Permita-me Viver - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora