Recontruído

Prólogo

Henry Holloway

4 anos atrás

Eu estava atordoado devido a anestesia.
Abro meus olhos cautelosamente e encaro o clarão que a sala promove em minha visão. Sinto minha boca secar, minhas pernas estavam formigando.

A cirurgia havia acabado, sei disso pois imagens de momentos antes invadem minha mente.

Ryan, minha mãe, Austin.

Esses nomes estavam gritando descontroladamente em minha mente, eu tive que mantê-la calada para que eu pudesse processar o que estava acontecendo nesse instante.

— Ele acordou, chame o médico. — uma voz doce e fininha diz, presumo ser uma enfermeira.

Pisco confuso, tentando acabar com a turvidez dos meus olhos.

Ouço uma porta ser aberta e a presença do médico aparece em minha frente.

— Henry, você pode me ouvir? — ele pega uma lanterna pequena em seu bolso e me examina.

Assinto com a cabeça, eu me sentia exausto.

— O que aconteceu... — digo um pouco sem força.

Ele sorri para mim.

— Você acabou de sair de uma cirurgia de 15 horas. Tivemos algumas complicações, nós se assustados muito. Mas você é mais forte do que pensa.

Eu abro meus olhos e o encaro profundamente.

— Quer dizer que eu, eu... não morri? — pergunto gaguejando.

Ele sorri abertamente para mim e nega com a cabeça.

— Não, você não morreu. E agora, você terá a chance de andar.

Lágrimas caem de meus olhos, incontrolavelmente.

Eu consegui.

Eu poderei andar.

Eu poderei lutar.

A porta se abre e minha mãe aparece, ela não deu chances de me deixar falar algo ou fazer algo, pois assim que ela entra no quarto ela se joga em cima de mim.

— Você conseguiu meu filho. Você conseguiu! — ela chorava, eu chorava.

Eu não tinha condições de me manter frio em uma situação dessas.

Depois dela, entrou Ryan. Foi mais uma sessão de lágrimas e de mais abraços.

Aquele definitivamente foi o melhor momento da minha vida.

Merda, eu podia andar novamente!

Eu finalmente consegui o que eu queria, a felicidade que eu sentia não cabia em meu peito.

Uma pontada de dor finca em meu peito ao pensar nisso.

Austin.

Eu queria poder ligar para ela, conversar com ela e compartilhar com ela essa nova fase da minha vida.

Mas eu não podia fazer isso, ela iria querer voltar para Werlin e eu não seria egoista a esse ponto.

Não agora que ela estava indo para a Itália.

Ela tinha que viver seus sonhos, ela tinha que seguir com sua vida e ser feliz. Ela merecia isso.

E foi exatamente isso que eu fiz, deixei ela para trás por mais que isso me doesse.

Eu saí do hospital, e assim que fui para casa fiquei me recuperando por muito tempo. Não consegui caminhar de primeira, mas eu conseguia sentir elas, já era uma grande coisa.