Dez

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Austin Letter

Hoje o bar não estava tão lotado para uma segunda feira, por mais que seja o primeiro dia da semana, muitas pessoas vinham aqui no final de seu dia para descontar suas frustrações.

E não posso julga-los, se eu pudesse descontaria as minhas também.

—Se casar com ele?! Não acredito que ele teve essa coragem, ele realmente se passou dessa vez. — Riley diz enquanto lavava os copos, aproveitamos que não estava tão movimentado hoje para podermos conversar melhor sobre o meu agitado final de semana.

Apoio minhas costas no batente da porta e a observo.

— Você acha? — uso um tom de ironia. —Ele se supera toda vez, o pior de tudo isso é que seria um casamento falso, não passaria de apenas um maldito contrato.

Riley seca os copos e se vira para mim me lançando uma risadinha baixa.

— Sério? Sério mesmo? — ela pergunta através de um olhar expresso de ironia.— Austin, você não pode ser tão burra a esse ponto. É mais do que óbvio que ele gosta de você ainda. Sim isso é por contrato, mas eu e você sabemos que isso é só aparência. Logo vocês realmente estariam juntos depois de algum tempo, nem precisariam se divorciar.

Faço uma cara feia para ela.

— Nós não iríamos voltar, e nós não vamos! Depois de tudo que aconteceu, só quero seguir minha vida sem ele. — engulo em seco. — É isso que ele queria antes e é isso que eu darei a ele agora.

Riley passa por mim a passos largos e me empurra com seu ombro.

Ela parecia estar irritada.

— Ei, o que foi isso? — questiono indo em sua direção.

Ela se vira e apoia suas mãos em seu quadril.

— Austin, você precisa abrir a sua mente. Para alguém que afirma gostar do perdão e de dar novas chances aos outros, você está sendo hipocrita com ele. Quantas vezes vocês já discutiram o passado? Supere isso, eu sei que doeu, vivi com você tempo o suficiente para perceber isso, mas ele ja pediu desculpas, e eu sei que vocês dois ainda gostam um do outro. Mesmo que admitir isso da sua parte seja impossível. — ela solta uma risada e vem até mim me encarando profundamente. — E além do mais, não seria nada mal para você ir para Nova York quando se formar, ele provavelmente te fornecerá estrutura ou algo assim.

Suas palavras me atingem de tal maneira que pisco múltiplas vezes para tentar me concentrar no que responder a ela.

Ela acabou de me dar um soco moral.

— Riley... — tento dizer mas ela me corta.

— Desculpe por ser sincera, mas você sabe que esse é meu jeito. Sou sua amiga e preciso avisa-la. — ela me envolve em um abraço. — Acorde para a vida, viva o presente, a vida é curta demais para ficar se remoendo.

E é através desse abraço e desse último conselho que eu percebo, ela tinha razão.
Ela estava certa em seu ponto e eu odiava isso.

Era óbvio que eu ainda amava Henry, mas eu só estava querendo me proteger.

Por todos esses anos eu pensei que se ele estivesse vivo nada mais seria o mesmo. Mas a verdade é que eu estava errada, tudo estava a mesma coisa e o pior, agora as coisas estavam mais intensas e profundas.

Estar perto dele significava perigo para mim, todas as partes do meu corpo diziam sim para seu pedido mas minha mente me impedia de aceitar sua oferta.

Eu não era assim, nunca guardava rancor de ninguém, mas era fato que eu estava com medo.

Porque afinal, Henry me desestruturou completamente.

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