Onze

6.6K 477 43
                                        


Austin Letter

— Nova York? — solto em um tom mais alto do que o necessário.

A turma toda se vira para mim, pesando seus olhares sobre minhas costas e sobre meu rosto.

Sorrio timidamente e afundo em minha cadeira quando o professor me lança um olhar intimidador.

— Sim, Sra. Letter. Agora como eu estava dizendo, a dona da melhor foto e da melhor redação será escolhida para entrar para a maior empresa de fotografia dos Estados Unidos.

Quanto mais ele falava, mais extasiada eu ficava. Tudo se encaixava perfeitamente, eu precisava ganhar aquela vaga.

Encaro Riley e ela sorri para mim sabendo o que isso significava.

Logo o sinal soa e nós todos somos liberados.

Riley pega seus livros e vem em minha direção empurrando todas as pessoas que cruzaram seu caminho.

— Você precisa ganhar. De qualquer maneira você já estará lá, ter esse emprego te abriria tantas portas, isso seria perfeito. — ela diz com uma empolgação visível.

Dou de ombros um pouco insegura.

— Ele deu uma semana, não sei se conseguirei me concentrar o suficiente para fazer uma ótima redação. E as fotos, não sei se tiro novas ou se pego as que eu já tenho e...

Ela segura meu braço me impedindo de continuar a falar.

— Tem uma da torre de pisa que eu acho tão linda, você precisa escolher essa.

Junto meus materiais e coloco tudo em minha bolsa.

— Você acha? Eu gosto dela , mas não sei se eu ganharia.— dou de ombros e ela me fuzila com seu olhar.

Riley se enrosca em meu braço e se dirigimos para fora da classe, como sempre éramos as últimas a sair.

— Confie em mim, ela está ótima. Tente focar mesmo é na redação. Tire o final de semana de folga, trabalharei por você no bar.

Nego com a cabeça.

— Não deixarei você se encher de trabalho. Eu aceito o sábado, mas sexta e domingo eu irei trabalhar. Você pode tirar sexta de folga, Gary não iria se importar.

Riley parece pensar um pouco mas logo concorda comigo.

— Tudo bem, negócio fechado.

Ao chegarmos no estacionamento, nós duas desgrudamos.

— Ei, eu tenho que ir em um lugar. — Riley diz olhando para longe, como se estivesse procurando alguém. — Se vemos a noite?

Deixo meus olhos caírem sobre ela.

— O que você está aprontando?

Ela sorri nervosamente.

— Nada de mais, só umas coisas aí. — ela me dá um beijo na bochecha e logo se afasta. — Preciso ir, tchau.

Ela sai apressadamente não me dando nem chances de respondê-la.

Tento mandar isso para longe porque, afinal, era só Riley sendo Riley novamente.

Caminho pelo estacionamento vagando a procura do meu carro quando sinto um arrepio subir pela minha nuca, como se tivesse alguém me observando.

Paro de andar e observo ao meu redor, havia alguns alunos afastando-se, todos focados em suas próprias vidas.

Quando decido ignorar esse pressentimento, alguém segura minha mão e eu me assusto me virando e levantando a mão para dar um tapa.

Mas eu me contento quando vejo quem é.

RecontruídoOnde histórias criam vida. Descubra agora