Quarenta e Um

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Henry Holloway

Eu nunca estive aqui antes.

Em minha adolescência nas inúmeras vezes que me arrisquei fisicamente pensei que não demoraria muito para eu vir para cá.

Minha raiva nunca foi de se controlar, eu era extremamente explosivo e não dava a mínima pra ninguém. Então eu achava que em algum momento da minha vida eu iria surtar e acabar parando aqui.

Na prisão.

Mas pelo contrário, minha primeira vez neste lugar não era por minha causa. Eu estava aqui por causa de meu amigo, ou melhor, ex amigo.

Depois de todas as burocracias necessárias para se entrar, sou liberado e então abro a porta para poder participar do horário de visita.

Era extremamente melancólico aquele lugar, as pessoas não tinha um pingo de carisma e bondade. Você via nos olhos deles que qualquer um mataria para sair daqui.

Mas, não foi isso que eu vi nos olhos de Hunter quando eu o encontrei.

Eu vi o desespero.

Ryan estava me esperando na porta, e isso definitivamente me fez ter mais confiança para vir até aqui.

Vou empurrando a cadeira até finalmente alcançar o local em que ele estava. E, para me ajudar, a mesa em que Hunter estava era a mais afastada de todas.

Tento ignora os olhares que queimavam em minhas costas e foco minha atenção nele.

Com certeza todos aqui sabiam quem era eu e quem era ele.

—Henry... — diz de cabeça baixa não conseguindo me encarar, aquilo pareceu ser um cumprimento.

Não aguentando esse teatro, vou direto ao ponto.

— Por que eu estou aqui, Hunter?

Ele coça sua nuca ainda sem conseguir olhar para mim.

—Eu não acho que fiz certo com você.— diz permanecendo cabisbaixo e em um tom baixo.

Eu corto ele com uma voz autoritária.

Olhe. Nós. Meus. Olhos.

Ele, que antes estava encarando suas mãos livres apoiadas na mesa, vira seu olhar para mim na mesma hora.

Hunter limpa sua garganta.

—Como eu estava dizendo, eu não acho que fiz certo lá em cima no ringue. E nem mesmo na esquina de seu apartamento. Eu acabei passando dos limites Henry, e eu peço desculpas por isso.

Solto uma risada sarcástica.

—Espera aí, era isso que você queria? Você me fez vir até aqui para eu ouvir suas desculpas de merda? Você acha que eu tenho cara de palhaço? — começo a me equivocar e ele olha para os lados observando todos olharem para nós atentamente.

—Se você tivesse um pouquinho mais de calma, saberia que eu não terminei ainda. — ele diz olhando em meus olhos, mas ainda estava um pouco receoso.

Engulo em seco e volto a me acalmar.

Ele fecha seus olhos e respira fundo dando continuidade.

—Eu sempre quis ser um lutador Henry, eu sempre tive tanta inveja de você. Qual é, com apenas 16 anos você já era um dos melhores lutadores que existia em nosso meio. Todos preferiam você do que a mim, até mesmo as mulheres.

Ele faz uma pausa soltando uma risada irônica e logo volta ao seu discurso.

— Quando você sofreu aquele acidente, eu vi uma forma de te deixar para trás e ser quem eu sabia que eu nunca teria a chance de ser, você. — ao ouvir ele falar isso, cerro meus punhos me controlando. — Pensei que isso era um sinal divino de que era minha chance de ser o melhor. Mas, para a minha surpresa, eu não fui tão bom quanto você.

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