5- Um passado do qual me arrependo

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Perdão pela demora em atualizar a fic, a demanda de atividades tem me mantido muito ocupada, prometo postar o próximo capitulo logo mais.

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Pov. Hermione

Quando acordei Malfoy já não estava na cabana, me apressei para não chegar atrasada, andando pelos corredores recebendo olhares desconfiados, possivelmente por estar vindo de um lugar que não seria meu dormitório, mas quem liga?

Enquanto a água gelada caía sobre meu corpo eu me peguei pensando na madrugada de hoje, haviam tantas coisas absurdas acontecendo, minha cabeça parecia um turbilhão de lapsos. Mesmo que eu não tivesse bebido nada com álcool era como me sentia anestesiada, nossas conversas aleatórias, como velhos amigos de infância, esquecendo todo o passado não tão distante. É mais provável que nossa conversa tenha sido um sonho muito louco.

A questão é que com Malfoy nunca foi só pelo sangue, éramos irritantemente parecidos. Eu admitia minha teimosia e reconhecia a dele, mesmo que eu negasse dizer em voz alta ele era inteligente, tão bom nas matérias quanto eu, vivíamos nessa competição irrelevante para ver quem se saia melhor nas provas, discordamos em diversos aspectos mais não deixavam de ser debates ligeiramente intrigantes.

Claro que toda a sua baboseira de puros-sangues contribuiu para nosso ódio, suas ideologias de raça e sangues-ruins, se achando superior. Mas não podia negar que se as coisas fossem um pouco diferentes talvez pudéssemos ser amigos, ou ao menos nos tolerar sem um de nós estar completamente bêbado.

Quando me sentei na mesa do salão principal varri o olho pela mesa da sonserina, buscando o olhar prateado do garoto e quando achei percebi que ele me encarava, dessa vez carrancudo, sem a suavidade de mais cedo, tão ranzinza quanto o zangado. Sustentei seu olhar por alguns segundos até Gina bloquear minha visão se sentando na minha frente.

A verdade é que desde que a guerra acabou eu havia me distanciado, quando a conciência das minhas ações bateram na minha cabeça como um maldito martelo eu simplismente entrei em pânico. Os sentimentos a flor da pele, o medo, a guerra, com tudo se aproximando eu tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida, apagar a memória dos meus pais se tornou um pecado amargo, uma pedra no sapato, um machucado incurável na minha existência.

Era egoísmo demais querer que eles ficassem seguros? Alheios a qualquer coisa que estivesse ligado ao mundo bruxo, inclusive eu? Eu não queria faze-los sofrer caso algo acontecesse, mas o olhar vazio deles doeu mais que qualquer tortura, pelo menos só eu sofreria.

Quando tudo acabou e nós vencemos, eu senti um peso sendo tirado dos ombros, uma onda de alívio me percorreu por alguns poucos segundos antes de perceber que agora poderia ser irreversível o que eu havia feito. Eu chorei por horas, encolhida em um canto no quarto de Gina, quando retornamos para a Toca, a dolorosa morte de Fred abalou a todos, somado ao clima mórbido de meus pensamentos.

Quando eu tomei a decisão de retornar a Londres trouxa e tentar reverter a situação eu pensei por um momento que caso eu conseguisse tudo voltaria ao normal, o que na verdade não aconteceu, mesmo que meus pais não fossem totalmente interessados no mundo bruxo eles sabiam por meio de minhas cartas sobre algumas coisas, sabiam da guerra (apesar de eu não lhes contar as vezes que quase morremos), quando eu desfiz o feitiço um pouco do brilho deles voltou, sentada em uma poltrona em frente aos dois minhas mãos não paravam de tremer, meus olhos estavam marejados e o doloroso nó na minha garganta não me permitia dizer uma palavra.

A primeira a dizer alguma coisa foi minha mãe, com uma choradeira incessante ela me abraçou e depois foi meu pai, totalmente alheio e distraído, ainda assimilando tudo. Então a ficha pareceu cair, ela me olhou atormentada, o medo cresceu dentro de meu peito, quando a voz finalmente veio eu lhe contei o que tinha feito, eu vi o rosto assustado de minha mãe e me amaldiçoei por tudo, meu pai ficou irritado e tudo que fiz foi lamentar diversas vezes de cabeça baixa, um soluço alto e com a voz falhada. Eles não voltariam a confiar em mim tão cedo, perderam a porra da confiança na própria filha, a filha que lhes roubou a memória.

Maldição a Bela e a Fera (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora