4- Madrugada

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Se passou uma semana desde a última visão que tive, simplesmente mais nada aconteceu e eu não entendo porque.

Me sentia como uma investigadora, os detalhes da história não se ligavam e isso me deixava inquieta. Era madrugada de uma sexta feira e eu andava como um fantasma atordoado vagando, ia até a biblioteca adiantar alguns trabalhos e atividades, com um lampião me guiando e entro e tento fazer silêncio.

Um choro baixo me assusta, me escondo atrás de uma estante e tento espiar. Sentado no chão escorado nas prateleiras, a cabeleira loira bagunçada parece triste.

- Draco?- depois de todo esse tempo eu não consegui falar direito com ele, também não tenho o visto nas aulas.

- Vai embora.- suas palavras saem arrastadas, meio embaralhadas e quando me aproximo o cheiro de bebida fica mais forte.

- Sério isso? Que droga Malfoy.- me agacho na sua frente e coloco longe de seu alcance uma garrafa de whisky de fogo.

O puxo para ficar de pé, imagino o que fazer agora, não posso chamar ninguém da sua casa para ajudá-lo ou algum de seus poucos amigos que retornaram. O coloco escorado em uma das mesas e o analiso.

- Por quê?- ele pergunta me olhando.

- Que?

- Por que está me ajudando? Por que me perdoou depois de tudo?- ele segura meus braços- E enquanto fala.

- Por que eu não faria isso? Eu não sou um monstro Draco, olhe para você, está todo ferrado.

- Você deveria me odiar como todo mundo dessa merda de escola!- ele começa a elevar a voz e eu tapo sua boca com a mão.

 Suspiro tomando a decisão de levá-lo para a cabana (agora abandonada) de Hagrid. Com ele apoiado em mim carrego o peso de arrastá-lo por aí, quase caímos no meio do caminho e seria cômico vendo de fora, quando finalmente chegamos eu ligo a lareira e fecho a maioria das janelas.

Quando me volto para encará-lo eu o vejo deitado na cama improvisada no canto da cabana, procuro algumas coisas que possam ajudar na ressaca.

- Levanta logo garoto.- empurro seu braço caído sobre seu corpo, ele parece estar morto.

- Você não entende não é?- seu tom é mais sério, puxo uma cadeira e me sento na sua frente- Sabe como é andar pelos corredores sendo chamado de traidor? Comensal? De não confiarem mais em você pra nada?

- Todos temos nossos problemas Draco, achei que você não ligasse tanto para a opinião alheia sobre você.

- Você não me conhece, nunca conheceu.- ele resmunga.

- Não é como se eu tivesse tido oportunidade.- me encosto na cadeira e admiro as chamas.

- Eu não podia, não podia ser eu ou fazer os amigos que eu quisesse.

- Tudo não passou de uma máscara? Fingimento?- eu ironizo.

- Nem tudo, eu só não era livre o suficiente pra pensar por mim mesmo, eu não deveria ter te tratado daquele jeito.- então por um momento nossos olhos se encontram, ele ainda estava bêbado mas suas palavras pareciam sinceras.

Seus olhos claros brilhavam refletindo a luz que vinha da lareira, me perdi no oceano de suas orbes, era difícil imaginar como tudo teria sido se o garoto daquela época não tivesse feito tudo que fez.

- Você não é uma sangue ruim, nada em você faz jus ao que minha tia escreveu no seu braço.- a cicatriz no braço ainda me incomoda.

- Você tá bêbado, dorme que passa.- me levanto virando as costas tentando fugir do assunto.

Maldição a Bela e a Fera (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora