2- Um sonho

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Pesadelos, malditos sonhos que perturbam meu sono.

Eu voltava repetidas vezes para a mansão Malfoy, outras vezes eram os rostos de meus pais me recordando que agora eles não se lembram mais de mim. Por esse motivo dormir se tornou um desafio árduo, eu até tentava lutar mais quando não aguentava mais e percebia que me sobraram poucas horas de descanso só me restava pedir para que dessa vez os pesadelos não vinhessem.

Afinal a frase "Que seus sonhos se tornem reais" escondem em entrelinhas que pesadelos também são sonhos e eu temia voltar a vivê-los todos os dias.

Dessa vez, contudo, foi diferente. Não era a mansão ou a minha casa, era uma sala de aula, antiga e deteriorada, em cima de uma mesa apenas uma rosa murcha, suas pétalas vermelhas espalhadas pelo chão estavam amassadas e passei a escutar um choro distante.

- É tão difícil parar de amá-lo que me dói a ideia.- Eu não a via, porém somente sua voz já me fazia sentir sua mágoa.

- Seria mais fácil fazer com que te esqueça de vez, destrua seu coração assim como ele fez com o meu.- uma outra voz fala com raiva ainda que sua voz estivesse embargada de raiva.

- Nosso amor é maior que qualquer maldição sua, por favor, apenas nos deixe em paz.

- Você vai se tornar a fera que acabará com esse sentimento tosco que sentem um pelo outro, eu te amaldiçoou a um fim trágico a menos que o faça abrir os olhos. Às vezes o amor simplesmente não ganha.- ela começa a recitar um feitiço que desconheço.

- Isso não é justo.- a ouço gritar, quando o feitiço a atinge no peito percebo que ela está encurralada, presa com as mãos na parede.

Como uma memória distante eu sinto a sensação que envolveu meu coração, eu recuo assustada, com o peito aprisionado a garota chora e uma lágrima solitária cai sobre minha bochecha.  

- A vida não é justa.- é a última coisa que escuto antes de despertar.

Quando acordo a sensação estranha não vai embora, deveria ter sido apenas um sonho bobo mas agora me parecia algo muito mais do que só confuso.

"Algo sem pé nem cabeça, então apenas vou deixar passar."- repito isso na minha cabeça.

Apressada por temer chegar atrasada eu me levanto e noto que não tem quase ninguém aqui dentro, todos já devem estar indo para o salão principal. Suspiro antes de pegar o uniforme e me trocar.

Uma passada no banheiro apenas para lavar o rosto e um banho rápido, assim vou ficar um pouco mais desperta.

Encarando o reflexo que aparece no espelho eu percebo as enormes marcas cinzentas debaixo de meus olhos, olheiras tão aparentes que me fazem parecer um panda. Arrumo um pouco o cabelo e o prendo, ajeito as mangas do uniforme fazendo todo o possível para esconder a marca no braço, antes de sair eu me olho de novo, ponho um sorriso forçado no rosto e vou.

Primeira aula do ano, como eu estava com sono. Talvez eu tenha me acostumado a acordar mais tarde.

Faço um esforço para prestar atenção na aula e anotar tudo que o professor fala.

O tempo demora a passar mas finalmente chega a hora do almoço. Já saindo da sala me encontro com Gina que vem até mim com um sorriso no rosto.

- E então como está sendo essa volta?- ela perguntou animada.

- Estranha eu diria, não estou acostumada a ficar sem Harry e Rony me fazendo perguntas durante a aula. - eu brinco enquanto continuamos a andar.

- É realmente estranho não ver vocês grudados, mas me diga, como foram suas férias?

- Boas eu acho, depois de ter terminado com Rony acabei indo viajar pelo mundo trouxa, achei até um livro muito interessante sobre profecias e maldições na volta para o mundo bruxo.

- Fiquei curiosa.

- Quando eu terminar de ler te empresto ruivinha.- distraída na conversa acabo esbarrando no ombro com Malfoy- Desculpa, eu estava distraída.

- Não tem problema, eu também.- ficamos em silêncio nos encarando quando ele fingiu uma tosse e voltou a falar- Ah... nos vemos na próxima aula então. Tchau Hermione.- assim ele vai na direção oposta do salão principal.

- Draco Malfoy te chamando pelo nome? O que eu perdi?- ela brinca e depois ri. 

O tempo passa e quando menos percebo a hora do jantar chega, eu estava distraída o dia todo, ainda recordando da madrugada. Seria aquilo realmente só um sonho?

Pela noite eu ando até a biblioteca com a luz na varinha iluminando o caminho, carrego o livro de maldições embaixo do braço e tomo cuidado para a maldita gata, Madame Nora, não notar minha presença.

Entro na biblioteca e faço o mínimo de barulho possível, aqui finalmente posso ter paz, cercada de livros velhos e empoeirados, com roupas confortáveis e, claro, minha insônia.

Já sentada na cadeira eu abro o livro e busco um lampião, com alguns sussurros e o balançar da varinha eu o acendo, apenas aprisiono uma chama dentro dele, mas é suficiente para clariar a mesa. Abro o livro e folheio as páginas até algo me chamar a atenção... o retrato de uma jovem deitada no chão e ao seu lado um belo rapaz.

- Maldição a Bela e a Fera.- sussurro o que dizia o recorte de papel, aparentemente do jornal bruxo, volto a olhar os dois e me assusto com a semelhança da menina com a mesma do meu sonho.

- Dois jovens encontrados no jardim da escola de magia de Hogwarts, ano de 1799. Segundo testemunhas o jovem foi amaldiçoado por uma das colegas de turma, o sonserino de sobrenome Malfoy foi a procura da garota para lhe dar explicações sobre o que estava acontecendo e acabou morrendo, a grifinoria sem suportar a perda havia também se matado e ficado ao lado do outro. - a notícia não fazia sentido.

- A colega que os amaldiçoou deu uma entrevista e disse que foi por amor, perguntaram se havia um jeito de deter a maldição mas ela se recusou a falar, apenas disse que as futuras gerações centenárias deles sofreriam da mesma forma, que seu encantamento seria passado para frente e toda vez que um sonserino e uma grifinória ousassem se apaixonar teriam o mesmo fim.

- A maldição a Bela e a Fera aparentemente não tem uma forma de ser quebrada, amigos próximos dizem que a relação dos dois havia ficado estranha, como se monstros os atormentassem, não parecia mais ser algo reciproco, durante muito tempo haviam sido questionados se um relacionamento entre um sonserino e uma grifinória daria certo.- mais dúvidas passavam pela minha cabeça, um quebra cabeça que eu sentia a necessidade de concertar. 

- Uma maldição sem solução...- então me lembro das palavras da mulher mais de cedo- Faça-o abrir os olhos, às vezes o amor simplismente não ganha. 

(Caso tenha algum erro ortográfico já vou pedindo desculpas, espero que tenham gostado, próxima semana tem capitulo novo).

Maldição a Bela e a Fera (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora