Maldição a Bela e a Fera (Dramione)

Um vislumbre do fim

Naquela noite, naquele sonho.

As horas e dias pareciam passar mais rápido. Eu estava ali, observando de longe, como uma alma perdida vagando por cada memória.

Granger e Malfoy, escondidos em todos os cantos do castelo, um amor proibido. Nos corredores entre risos e brincadeiras bobas, nas aulas com uma troca de olhares que só eles sabiam o significado, quase como se estivessem lendo o pensamento um do outro.

Nos quartos, deitados na cama contando como foi o dia ou coisas interessantes, isso quando não falavam nada, porque não tinham que falar, ficavam ali se olhando, sorrindo sem perceber. As vezes sentados no chão fazendo as atividades, olhando um ao outro quando distraídos, vendo o quão estavam concentrados e como tinham hábitos similares.

Era tão estranho ver isso, mais estranho ainda quando tudo mudou. Quando ela passou a evitar ele.

Evitava seus toques, brigavam mais, era grosseira. Ali estava, tinha começado a maldição. Então eles se separaram, voltaram e fizeram de novo.

Chegou o dia em que eu estive no quarto do Malfoy, quando ela chorou olhando as páginas do feitiço de esquecimento.

No dia seguinte voltou a ignora-lo, ignorar seus olhares, caminhar na direção dos corredores escuros quando ele estava perto, se chegasse perto demais ela cederia. Mas era inevitável não ficar perto dele quando um professor mandou que fizessem um trabalho juntos.

Então eu tava no seu corpo denovo, sentindo todo o peso da mentira, de não poder falar sobre, então era isso que a impedia, enquanto estivesse apaixonada, essa aparentemente fora algo que eles nunca souberam. Enquanto a pessoa tivesse controle sobre ela com a maldição ela não tinha como falar sobre isso com Malfoy, até que a pessoa acreditasse que o sentimento não existia mais era como sentir uma faca afiada passeando pelo meu corpo, como se a qualquer momento pudesse me cortar.

- Vai mesmo ficar me evitando?- ela estava concentrada, ou tentava estar, quando ele perguntou colocando a pena de lado para encara-la.

- Temos que terminar isso logo Malfoy.

- Não me chame assim, estamos sozinhos.

- Esse é o seu nome, por que chamaria de forma diferente?

- Sabe o que quero dizer! Porra,  brigamos todas as vezes que conversamos, o que aconteceu?

- Nada.

- Olha pra mim.- pediu tentando segurar meu queixo e virar para que olhasse em seus olhos.

Minha mão seguiu sozinha, involuntária até a sua e a empurrou para longe, virei rosto para o outro lado e cruzei os braços.

- Me diz o que aconteceu.

- Não aconteceu nada Malfoy.

- Fiz alguma coisa?

- Não.

- Você não é assim, me diz.- toca meu braço e faz um breve carinho sobre a pele enquanto ainda observa meu rosto.

- Isso não vai dar certo.- ele para o toque e franze a testa.

- O que não vai dar certo?

- Isso.- gesticulo para nós dois sem ainda olhar para ele.

- Você está brincando?- ela não responde- Me diz, aconteceu alguma coisa, te fizeram alguma coisa?

Ela engole em seco e olha para ele, tamanha a mentira que iria dizer agora, tamanha a dor que quase fechava sua garganta e dilacerada seu peito.

Era deprimente ver aquilo, os olhos confusos do menino a minha frente, as mãos trêmulas da minha antepassada enquanto sentia que ela tentava a todo custo cuspir as palavras que lhe doíam tanto.