Maldição a Bela e a Fera (Dramione)

Bilhetes

Pov. Hermione

Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela, em um quarto que reconheci apesar de não ser meu. Olhei ao redor e Malfoy não estava na cama, nem em nenhum outro lugar do quarto.

Deixou minhas roupas no pequeno sofá e me troquei o mais rápido que pude. Com a ressaca tendo o menor dos efeitos graças a poção que tomei, logo arrumei cama e lhe escrevi um bilhete enfeitiçado para que quando respondesse pudesse voltar para mim, seria mais fácil de nos comunicarmos.

- "Me encontre na sala precisa às 21h."

Sentia muita vergonha da noite passada e por mais que não quisesse olhar para seu rosto por isso eu tinha que vê-lo.

Abri um pouco a porta de seu quarto e conferi se não havia ninguém nos corredores. Suspirei e quase corri até a porta que ficava a menos de um minuto da sua, não queria correr o risco de alguém pensar em nos dois juntos e eu saindo de seu quarto logo cedo, ainda com a roupa que estava ontem.

Fechei a porta as pressas, nervosa com algo que não tinha motivo para estar, sabia que ninguém me vira, mas a ideia de ter passado a madrugada dividindo a mesma cama que Draco Malfoy como se fossemos algo além de uma espécie de amigos me deixava a flor da pele.

Tomei um banho demorado na banheira com água quente, agradecia por ser sábado e não precisar ir para aula alguma. Admirei o teto de pedra lisa com a cabeça encostada na borda da banheira e os braços estendidos, quase sonolenta, ouvia o som da meu coração batendo, muito quieto, muito calmo. Acho que temia essas horas muito calmas, porque me pegava pensando nos últimos anos, em fantasmas que não podiam me pegar, mas ainda me assombravam.

A cicatriz no meu braço coçava, quase doía, o muro na minha cabeça era arranhado pelos meus pesadelos. Ainda tinha pesadelos com o rosto dos meus pais, quando não podiam se lembrar de mim, também com as cenas na casa Malfoy. As vezes também era assombrada com a possibilidade de ver Harry, Rony, Gina, todos eles mortos.

Uma sensação de queimação no meu estomago me despertou, um nó na garganta e a ânsia, me levantei muito rápido da banheira que antes tinha a água quente, agora depois de pelo menos uma hora eu suponho estava em temperatura ambiente. Quase corri até a privada, me debrucei sobre ela, coloquei o jantar de ontem para fora, uma cena nada bonita. Molhei todo o chão, lágrimas caiam, minhas mãos tremiam.

Quando achei que não tinha mais nada na barriga para botar pra fora eu levantei e dei descarga, peguei uma toalha e fui lavar a boca, uma rápida olhada no espelho e uma pontada de arrependimento por isso, os cabelos bagunçados, o rosto molhado de salgadas lágrimas. Desviei o olhar e um papel na ponta da pia me chamou a atenção.

- "Mal dormimos uma noite juntos e depois de todo trabalho de cuidar de você bêbada você nem me agradece? Esperava mais de você sabe-tudo."- Reviro os olhos enquanto saio do banheiro e me jogo no sofá, pego uma caneta e lhe respondo.

- "Se quer tanto que eu agradeça me diga um único motivo pra isso, eu não estava tão fora de mim doninha."

O bilhete sumiu da minha mão e fui trocar de roupa, uma calça preta e uma regata branca e eu havia me jogado de novo no sofá quando reparei que o bilhete havia retornado.

- "Deixei você dormir na minha cama, acho que isso é um bom motivo sabe-tudo."- com um sorriso travesso eu lhe respondo.

- "Não vou te agradecer doninha."- mais uma vez o bilhete some da minha mão.

- "Então não vê-la hoje a noite sabe-tudo."

- "Você é irritante."

- "Eu sei."