Capitulo XII- Noivo de um Dragão

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Uma batalha seria travada,quantas mortes iriam acontecer, quanta destruição se o que a profecia falava se concretizasse.

Com um suspiro me joguei em uma cadeira e comecei a pensar, como concluir essa profecia e salvar todos que eu amava?

Olhei para Collin que comia como um condenado em um canto da mesa, achei que por ele ser o Alpha ele estaria mais preocupado. Mas parecia que estava me preocupando a toa.

Stappae estava sentado em um canto batucando com seus longos e ágeis dedos, não aparentava estar nervoso, nem nada. Quando percebeu que eu o encarava, ele piscou em minha direção e lambeu os lábios.

Desviei o olhar, antes que eu ficasse corado. Olhei em direção aos meus amigos que sussurravam baixinho, eles então olharam em minha direção e quando perceberam que eu os encarava, eles desviaram o olhar, estava morrendo de curiosidade, que segredos eles estavam escondendo.

Em meu colo a serpente se enroscava zanzando de um lado ao outro, algo incomodava ela, estava mais inquieta do que o normal, como se ela estivesse preocupada com os dizeres da profecia. Passei a mão em suas escamas finas e ásperas e seu pequeno corpo frio irradiava ondas elétricas por meu corpo.

Estava pensando demais, como uma simples cobra poderia entender o que os humanos conversavam. O clima pesava e eu sabia que só iria piorar. Sentia como se um caixão se fechasse em nossa direção e a profecia era só o último prego que seria pregado no caixão.

Sentia meu peito apertar como se algo ruim estivesse prestes a acontecer, percebi que o ambiente pesado estava me afetando de um modo extremamente ruim.

Levantei da cadeira, com a serpente pendurada em meu pescoço, abri a porta da casa do Alpha. Todos ao me verem levantar se sobressaltaram, mas eu os amarrei em seus assentos com a minha magia.

-Preciso de um tempo sozinho. Preciso pensar... preciso colocar as minhas idéias no lugar, acabei de perder minha mãe, não aguentaria perder mais nenhum de vocês!

Sem dar tempo para que eles me impedissem, saí correndo da casa de Collin. O vento bagunçava meus cabelos e as lágrimas brotavam de meus olhos como uma correnteza que insistia em cair .

Atravessei a muralha correndo me aproximando rapidamente da floresta,meus pés me guiavam para o último lugar que gostaria de revisitar. O lugar em que minha mãe deu sua vida para me proteger. Chegando lá naquele maldito campo de batalha, senti vontade de destruir tudo, mas bem onde minha mãe tinha sido morta um flash de luz brilhava,me aproximei lentamente e toquei no que parecia uma imensa pedra oval que brilhava em uma miriade de cores. Ao colocar a minha mão a pedra se moveu, rapidamente retirei minha mão, mas a pedra continuou a se movimentar e lentamente começou a rachar e quando enfim acabou de rachar um brilho cegante saiu de dentro dela.

Fechei meus olhos rapidamente e quando os abri, vi uma criaturinha minuscula se arrastando em minha direção, suas asas coráceas se abriam lentamente... era a porra de um dragão, um filhote de dragão acabara de nascer na minha frente.

Um bebe dragão de escamas brancas se aconchegou em meus pés. Suas garras minúsculas faziam cócegas em meus pés, ele abriu sua boca como se fosse expelir fogo, sendo que no final somente um fiapinho de fumaça e uma faísca azul saiu de sua boca.

Quando pensei que não poderia ficar mais estranho.

Uma voz macia soou em minha mente.

-Marido... meu marido!

Não, isso devia ser piada.

Um dragão tinha acabado de me escolher como seu marido e o pior o dragão tinha acabado de nascer.

Um farfalhar e o som de folhas e gravetos sendo esmagados me fez entrar na defensiva, peguei o dragão e a serpente e os coloquei atrás de mim, entrando em modo defensivo, minhas mãos estalavam com energia sombria.

Então de um arbusto próximo saiu uma pequena criança de olhos violetas e longos cabelos loiros. Suas orelhas pontudas e suas vestes de folhas arco íris já a entregavam, ela era uma integrante dos Faes, fadas tão antigas quanto o tempo e poderosas para devastar continentes, eram da guarda secreta da realeza feérica nos tempos antigos.

-Finalmente vos encontrei, vossa majestade não sabe o quanto nós o procuramos. Quando o seu sangue entrou em contato com as pedras sagradas do templo da antiga cidade, sua linhagem ativou o sinal Maximus e todas as fadas vivas sentiram vossa presença. Mas sua presença desapareceu algumas horas depois e continuou aparecendo e sumindo. Esperamos eras por você!

Disse a pequena criança antes de se curva respeitosamente em minha direção. De suas pequenas costas, belíssimas asas se elevavam.

Quando a criança se levantou, veio em minha direção e fez algo que me deixou sem saber como reagir. Ela me abraçou e não soltou por alguns instantes. Seu cheiro me lembrava o cheiro de um campo de flores.

Então a criança segurou minha mão e começou a me puxar para a floresta.

-Vossa Majestade, vamos logo. Todos estão te esperando!

A criança pulava de euforia. Pois foi a fada sortuda que tinha encontrado o imperador feérico.

Conforme ele me arrastava em direção às ruínas pude perceber que o ambiente tinha mudado pra caramba. Todas as pedras quebradas tinham dado lugar a uma imensa cidade.

As fadas quando me viram, correram em minha direção. Todos queriam tocar em mim. A algazarra era alta. Fadas, elfos,gnomos e várias outras criaturas que habitavam os contos de fada se tornavam reais aos meus olhos.

Então do meio da multidão, dois garotos, 1 garota e um homem se dirigiam em minha direção. O homem tomado pelo tempo, apresentava barbas longas e platinadas, seus olhos carregavam as intempéries da eternidade. Com um suspiro seco e a voz abafada sussurrou.

-Não acredito que consegui sobreviver para ver o próximo imperador feérico se levantar e herdar o trono. Quando a guerra começou, eu fui o responsável por guiar a herdeira para longe da batalha. Seu choro soava na solitária e sombria escuridão, vagalumes iluminavam o caminho para uma pequena e abafada vila humana. Eu a deixei sob os cuidados de uma família ribeirinha, e a pequena herdeira cresceu e se casou com um feiticeiro que se escondia nas brumas da ignorância.

O velho tombou e quase foi ao chão, tamanho foi o esforço que havia feito para vir até mim e me contar um pouco sobre a minha história e a de minha família. Um dos garotos apoiou o senhor, que tossiu um pouco de sangue.

-Avô, não se esforce muito. Podemos falar lá dentro, quando vossa majestade e seus pequenos companheiros se estabelecerem.

Eu me senti impelido a tocar no senhor que estava pálido de tanto esforço.

Me aproximei lentamente e toquei em sua face murcha e castigada pelo tempo. Uma brisa saiu da floresta, trazendo consigo o cheiro de magnólias do luar, um cheiro doce e amadeirado de cinzas almíscar recém floradas no deserto do luar élfico.

De minhas mãos saiu uma energia verde que fez com que aquele decrepito senhor fosse renovado. Seus cabelos esbranquiçados se tornaram negros, seus olhos ganharam vida e sua pele se esticou e se tornou como a pele de um bebe recem nascido. A olho nu, ele mudou da água para o vinho.

-Vossa majestade, isso é mais do que posso aceitar!

Eu olhava sem entender o que eu acabara de fazer. O senhor se curvava tão rápido que pensei que ele iria se machucar. Seus netos não paravam de me agradecer e me arrastavam sabe se lá para onde.

Eu Sou O EscolhidoOnde histórias criam vida. Descubra agora