Capitulo V- Lobo de olhos dourados

1.9K 164 13
                                    

Corremos a noite toda por toda a floresta e onde passávamos animais e outros seres saiam para acompanhar a comitiva. Podia sentir a brisa tocando em meu focinho, sentia o orvalho escorrendo por meus pelos, o frescor das agulhas de pinheiro me trazia uma sensação de paz, ouvia o som dos minúsculos corações dos ratos de campo batendo, as veias dos coelhos em suas tocas, pulsando recheadas de sangue fresco, doce e quente, o cheiro da terra molhada, as folhas batendo por meu corpo, os vagalumes piscando pela noite.

Até que passamos por uma gigantesca ponte de madeira, corremos mais um pouco por entre as árvores até chegarmos em um gigantesco portão de ferro, deveria ter imaginado que o acampamento sobrenatural era protegido por aqueles imensos muros de pedra da lua com runas encravadas em cada setor da muralha.

As tochas tremeluziam com o soprar da brisa noturna, criando sombras assustadoras que pareciam me encarar com curiosidade e por mais que deveria estar assustado por tantas almas malignas me observarem, eu me sentia mais calmo do que imaginava, como se tivesse encontrado meus amigos de longa data.

O lobo branco se adiantou e soltou um poderoso uivo, que criou ondas azuis que fluíam em direção a uma runa em específico, no mesmo momento ela se iluminou e várias outras foram se iluminando em questão de instantes. Quando todas as runas se iluminaram o portão começou a se abrir com um estrondo e a paisagem que se abriu à minha frente era de tirar o fôlego, como uma paisagem assim poderia estar escondida no meio dessa densa floresta. Era quase como se tivesse entrado em um novo mundo.

Logo de cara percebi as ruas de pedra sinuosas que nos levavam até imensas casas vermelhas e amarelas, feitas de madeira e com telhados de pedra. As luzes estavam acesas em cada casa indicando a presença de pessoas nas mesmas. Logo na entrada do acampamento tinha um imenso moinho azul e um salão gigantesco que lembrava uma igreja.

As ruas eram iluminadas por postes elétricos, crianças brincavam nas ruas, casais passeavam lentamente aproveitando a noite fresca de verão.

Era tão utópica essa visão, que pensei estar sonhando.

Passamos por um restaurante em que vários casais tinham se reunido para jantar, tão felizes que parecia que nada os preocupava.

Vimos imensos campos de plantação e conforme andávamos pela cidade cada um dos sobrenaturais iam ficando pelo caminho e se dirigiam para suas casas.

De cada lado do acampamento tinham colinas que estavam rachadas de casas com telhados verdes, essas casas eram maiores do que as outras e mais trabalhadas claramente só pessoas de alto nível viviam ali.

No final acabamos parando em frente a uma casa na colina da esquerda, essa era a maior e a mais bonita casa.

Lentamente o lobo branco voltou para a forma humana, o mago e o vampiro que o acompanhavam se virou para nós todos. Lentamente voltamos à forma humana.

O homem que outrora fora o lobo veio em minha direção.

Bem vindos. Eu sou o alfa, meu nome é Collin!

Disse ele, pegando minha mão e levando aos lábios.

Logo em seguida o feiticeiro que o acompanhava veio em nossa direção.

O feiticeiro falou gaguejando.

Eu sou Rephaen R'ly-thog o Grand Magus!

Foi quando percebi onde os olhos dele focavam, lentamente olhei para baixo e vi a minha serpente balançando livre.

Enfim percebi que estava desnudo, aparentemente a transformação tinha me deixado pelado, meu rosto foi tomado pela vergonha e minhas bochechas coraram. Movi minhas mãos lentamente e delas saíram fagulhas negras.

Sussurrei baixinho.

O Nix, noctis dea, mihi vestes affer!

Então em um passe de mágica roupas surgiram em meu corpo e no de Ylbad que também estava nu depois de sua transformação.

Por um momento foi como se o tempo tivesse parado, nem um som era ouvido, somente o rufar de meu coração.

Os três olhavam abismados para mim, pelo que eu acabara de fazer, pois não conseguiam entender como eu estava fazendo magia, sendo um lobisomem.

Collin foi o primeiro a sair do estupor.

Você é um lobo, mas sabe fazer magia. Como isso é possível? Disseram que nenhum lobisomem poderia fazer qualquer tipo de magia que não fosse magia da Lua.

Eu não conseguia juntar duas palavras para explicar e quando abri minha boca só saiu bada dadama.

Algo que depois que saí do transe em que estava por conta da beleza daquele homem me encheu de vergonha.

Eu não era assim, nunca tinha ficado petrificado com a beleza de alguém. Quando o cricrilar dos grilos era a única coisa que podia ser ouvida e já estava com vontade de me afogar em um copo de Coca-Cola, minha mãe se adiantou e respondeu por mim.

Ele foi designado aos meus cuidados, para ser cuidado e protegido. Os pais dele eram uma feiticeira e um lobisomem, essa criança descende das fadas e nunca conheceu seus pais porque quando ele era pequeno ambos foram banidos da aldeia, quando eles estavam prestes a vir para essa floresta, fizeram me prometer que eu cuidaria dele, desde então ele é meu filho adotivo!

O alfa concordou com a cabeça, afinal de contas híbridos eram a coisa mais comum naquela cidade.

Entendo. Se eles foram banidos para cá, provavelmente vivem aqui na minha alcateia!

Minha mãe negou com a cabeça.

Não, eu conheço os meus amigos! Eles são um casal de solitários, não confiam em quase ninguém!

Certo. Amanhã nós conversamos mais, vamos dormir e como vocês não tem uma casa, vocês podem dormir na minha!

Nós entramos na casa dele e todos fomos dormir...

*Ó Nix, deusa da noite, traga-me roupas!

Eu Sou O EscolhidoOnde histórias criam vida. Descubra agora