Capítulo 40 - Degustação

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Não consegui pegar no sono durante a noite. As notícias vindas por telefone de Nova Iorque, me deixaram extremamente preocupada com a segurança e as condições físicas e psicológicas de minha amiga. Quem imaginaria que Raul era um monstro, um desalmado, como havíamos acabado de descobrir? E o pior é que ele tinha circulado em nosso meio, como uma pessoa tão boa. Cheguei até a dar apoio a Lore quando eles começaram a sair. E agora, ele se revela esse tipo de pessoa desprezível, que me causa náuseas só de pensar nas vezes em que ele esteve perto de mim.

Outra coisa que tinha me deixado com a pulga atrás da orelha, eram as informações sobre Raul que Dominique havia mencionado ter conseguido com um amigo dele, durante a ligação para Henrique. Eu me arrepiava só de imaginar que tipo de coisas poderia ter sido descoberta.

Assim que Henrique saiu para o trabalho, corri para o telefone para contas as infelizes notícias para Lisandra.

— Amiga eu estou horrorizada. E pensar que eu estava apoiando esse romance. Meu Deus, estou passada.

— E eu? Fui a primeira a ver esse filho da mãe agindo. Como que eu não me liguei que tinha alguma coisa errada.

— Ai amiga, as pessoas ruins não vêm com uma placa de "não presto" colada na testa. Infelizmente, a gente se engana.

— E Dom? Eu não sei se te contei, mas no dia que ele viu Raul ele agiu como se já conhecesse ele de outras vidas.

— Serio? Amiga, me arrepiei toda. Credo! E Lorena? Você falou com ela?

— Ainda não. Eles chegam hoje. Ele ligou para Henrique para pedir ajuda no resgate, mas não consegui falar. Essa violência vai além do físico, imagino como não deve estar o emocional e moral dela. Ela deve estar destruída por dentro. Lis, ela vai precisar muito do nosso apoio.

— E tenha certeza de que ela pode contar comigo para o que for necessário. Como será que fica esse caso, já que a agressão ocorreu em outro país?

— Eu não sei. Acredito que ela possa registrar a ocorrência aqui. Não tenho muito conhecimento sobre isso. Aliás, esse era outro assunto que eu queria tratar com você. Precisaremos da ajuda de seu marido. Você pode intermediar isso?

— Lia, tem horas que me dá vontade de baixar um Raul e moer sua cara de tabefes. Você por acaso precisa me pedir? É OBVIO que Enzo vai ajudar. Imagina!

— Nossa que comentário mais desnecessário amiga. Qualquer menção aquele desalmado é aterrorizante. Mesmo que de brincadeira.

Continuamos a conversa e combinamos de ir receber Lorena no aeroporto para prestar nossa solidariedade e amizade.

O assunto de Lorena estava mexendo muito comigo. E eu precisava me distrair com alguma coisa. Se eu ficasse em casa, acabaria louca. Depois de pensar em alternativas que iam de compras ao salão de beleza, resolvi ir para a empresa.

Troquei de roupa e desci para o estacionamento. Fazia muito tempo que eu não dirigia meu antigo carro, por isso resolvi tirá-lo da garagem e fui para a Villas Boas no meu bom e velho Fiat Mobi.

Entrei nas dependências da empresa e segui para minha sala. Arnold estava sentado em minha mesa entretido em alguma coisa, e se assustou quando eu entrei.

— Senhora Villas Boas, bom dia! Não esperava vê-la por aqui.

— Nem eu Arnold. Vim para me distrair. Em que você estava tão concentrado?

— Nas plantas do novo empreendimento. Estava finalizando o Draw que vou enviar para a produção da maquete em 3D que colocaremos na entrada da recepção, na festa de entrega do condomínio. Tem uma coisa que me chamou a atenção — ele se levantou da cadeira, cedendo o lugar para mim e minha enorme barriga.

ATRAVÉS DOS SEUS OLHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora