Capítulo 05 - Degustação

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Segunda-feira, seis e meia da manhã e Kylie Minogue estava cantando minha vida, depois do último fim de semana, na letra de "Can't Get You Out of My Head".

A possibilidade de encontrar Henrique logo cedo, estava me deixando ansiosa. Como seria quando nos víssemos novamente, depois de termos nos beijado? Se ele soubesse que não tinha conseguido tirá-lo de minha cabeça o final de semana inteiro...

Cheguei ao World Plaza e acessei a entrada do estacionamento privativo. Avistei o Bentayga de Henrique e estacionei na vaga ao lado. E enquanto reunia minhas coisas e acionava o alarme, observei a diferença entre nossos carros. Talvez fosse uma boa ideia trocar de veículo.

"É muito humilhante estacionar uma saboneteira ao lado de um Bentley."

Enquanto aguardava a chegada do elevador, verifiquei minha aparência no espelho. Eu tinha realmente caprichado no visual. Calça e blazer de cor branca e camisa social cor-de-rosa, saltos altíssimos e minha bolsa Hermes, que eu passaria o resto da minha vida pagando. Enfim, estava muitíssimo bem-vestida para o meu primeiro dia de trabalho na Villas Boas Inc.

"Pelo menos estarei dignamente vestida quando encontrar Henrique."

Ignorei deliberadamente esse último pensamento. A ascensorista eletrônica informou que o próximo andar era o trigésimo terceiro. Ajeitei meus cachos para que ficassem um pouco mais volumosos e, quando as portas do elevador se abriram, entrei com o pé direito e muito confiante no hall da recepção. Cumprimentei à recepcionista e segui para minha sala.

"Primeiro dia!"

Respirei fundo e abri a porta.

— Bom dia Melina!

— Bom dia! Uau, que produção hein? — ela pigarreou, chamando minha atenção.

— Bom dia! Uau, que produção hein? — ela pigarreou, chamando minha atenção

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Quase não prestei atenção no que Melina tinha dito. Estaquei no meio da sala e me perguntei se Gardênias se reproduziam em ambientes fechados? Será que elas tinham se multiplicado em dois dias? Como explicar os vários vasinhos das minhas flores favoritas, espalhados por toda minha sala?

— Que porra é essa?

— Parece que alguém tem um admirador secreto... — Melina falou num tom melodioso e zombeteiro.

— Ele é floricultor? — remexi em alguns vasinhos a procura de algum cartão. — E o danado nem se identificou? Não mandou um cartão?

— Quando cheguei a recepcionista e o rapaz da zeladoria estavam terminando de arrumar os vasinhos. Acho que deixaram o cartãozinho, num envelope em cima de sua mesa.

"Feliz primeiro dia de trabalho.

Com carinho, Henrique"

Olhei para Melina me certificando de que ela não estava prestando atenção em mim. Se tinha visto algo, disfarçou bem, pois continuou com os olhos voltados para a tela do computador. Usei meu silêncio como um sinal de que não queria falar sobre o remetente das flores. Coloquei o cartão de volta no envelope e guardei em minha bolsa e me concentrei em começar meus trabalhos.

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