Capítulo 52 - Degustação

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Acordei e ao virar-me notei que meu marido não estava em nossa cama. Imaginei que talvez tivesse saído para fazer seus exercícios físicos. Afastei as cobertas e sentei-me. Ainda me sentia dolorida do parto, e por isso levantei-me vagarosamente para evitar mais incomodo e dor.

Consultei as horas e em alguns minutos, meu bebê acordaria reclamando seu desjejum. Então que saí do quarto e fui até a cozinha preparar o leite fornecido pelo banco de leite materno do hospital. Eu ainda não estava liberada para amamentá-lo diretamente do meu peito, o que ainda me deixava muito triste e ansiosa. Em alguns dias eu faria novos exames, e esperava que finalmente meu organismo estivesse livre dos malditos remédios que injetaram em mim. Assim poderia exercer a minha maternidade de maneira integral.

Verifiquei a temperatura da mamadeira aquecida em banho-maria e me dirigi ao luxuosíssimo quarto que as avós do meu filho tinham decorado. Quando elas falaram que o neto seria cuidado como um príncipe, definitivamente não foi de brincadeira. Eu mesma fiquei embasbacada quando entrei no aposento pela primeira vez. Parecia que o filho de algum membro da família real britânica dormiria ali.

Abri a porta vagarosamente para não incomodá-lo com o barulho. E qual não foi a minha surpresa ao abrir a porta e me deparar com uma cena, que fez meu coração enternecer a ponto de transbordar em lágrimas, toda emoção que estava dentro de mim, através dos meus olhos.

Sentado na cadeira de amamentação, com um dos pés apoiados no descanso, em uma das mãos uma mamadeira vazia e a outra nas costas do nosso menino, que dormia tranquilo sobre seu peito. Henrique, meu lindo e fiel companheiro, tinha sucumbido ao sono, depois de cumprir seu turno na rotina de cuidados com nosso bebê. Aproximei-me lentamente, enquanto limpava as lágrimas de emoção que escorriam por meu rosto.

— Henrique! — falei baixinho para não assustá-lo e nem ao bebê. — Acho que você pegou no sono enquanto esperava o bebê dormir.

— É, acho que foi isso — ele ainda estava um pouco confuso e sonolento.

— Volte a dormir, vá para a cama. Ainda é cedo. Vou dar a mamadeira a ele.

Carreguei o bebê e sentei-me no lugar que ele havia acabado de desocupar. Acomodei-o em meu colo e comecei a alimentá-lo.

— É uma cena muito linda ver a mãe alimentando seu filho.

— Infelizmente ainda não posso alimentá-lo do meu próprio peito. Mas sim, é maravilhoso saber que alguém tão pequeno e tão delicado, pode ser alimentado por quem lhe deu a vida. É um momento mágico, pelo qual sou infinitamente agradecida.

Ele continuou ali, de pé ao lado da poltrona, observando encantado, enquanto nosso filho se alimentava. Depois, me ajudou com o banho, a trocar de roupas e colocá-lo para dormir.

— Missão cumprida — ele falou sorrindo enquanto deitava o neném no berço.

— Ele é bonzinho. Não dá trabalho algum. Só chora quando está com fome ou precisa ser trocado.

Ele pousou um braço sobre meus ombros e aconchegou-me ao seu corpo.

— Fizemos um bebê muito lindo. Obrigada por isso, amor.

Senti novamente aquele nó na garganta que anuncia o choro. Talvez fossem os hormônios da gravidez, mas eu estava muito sensível e emotiva. Qualquer coisa era capaz de me fazer chorar um rio inteiro de lágrimas.

— Eu que te agradeço por ter apostado e acreditado em mim. Mesmo que eu mesma não fosse capaz de fazê-lo. E sim, nosso filho é tão lindo, quanto o amor que sentimos um pelo outro — respirei fundo, tentando conter a emoção. — Tão lindo quanto você e seus lindos olhos azuis. Tão perfeito quanto você e a sua generosidade, seu caráter, sua humildade. Henrique, você é maravilhoso em tudo. E eu me sinto agraciada e abençoada por estar ao seu lado, vivendo e experimentando tudo de mais bonito e de maravilhoso que você tão gentilmente me proporciona.

ATRAVÉS DOS SEUS OLHOSOnde histórias criam vida. Descubra agora