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LORENZO

Eu sempre a amei. 

Melissa era a minha garotinha de sorriso fácil e vestidos rodados, me esperando na porta de casa com as mãos sujas de areia, porque ela amava preparar bolos de terra para que eu pudesse avaliar, considerando que eu era o melhor chefe do mundo e tudo. Naquela época, cozinhar ainda era importante para mim. Acho que perdemos o interesse juntos, ela pela dor da perda, eu, pela realidade.

 Fiquei tão focado em protegê-la da maldade do mundo, que não percebi que ela não sorria mais. Amei Melissa como se fosse meu sangue, uma parte minha, desde que a vi pela primeira vez. Não havia sentimento escuso, apenas uma conexão de almas. Assumi a responsabilidade pela sua educação e segurança quando seus pais partiram desse mundo. A sobrinha da minha esposa virou uma espécie de filha, criamos uma rotina, nos tornamos uma família. Eu queria que ela tivesse o melhor e não passasse pelo que passei. Eu não sei dizer quando as coisas começaram a desandar. Agora, olhando para seu rosto delicado, me pergunto se chegaríamos nesse mesmo momento se Solange estivesse viva. Eu ainda a amo, mas definitivamente não é um amor paternal ou qualquer merda do tipo. 

Desejo Melissa de forma crua, obsessiva, quase como se eu não pudesse viver sem ela. Arrasto alguns fios de seu cabelo, que lhe cobrem parte da bochecha esquerda, para trás da sua orelha. Essa parece que é a primeira vez que a vejo e não consigo parar de encará-la como um lunático.Meu coração salta quando ela sorrir ainda de olhos fechados e, como em um comercial de refrigerante, ela inclina a cabeça para minha direção e abre os olhos lentamente. Porra! Esses olhos azuis.Ela é de tirar o fôlego de qualquer um acordando, e de repente, quero ser o único a ter essa visão.Minhas mãos se fecham em punhos.Estou irritado só com a ideia de outro a assistindo acordar, tocando sua pele, sentindo seu cheiro.Depravado. A palavra dança em minha mente, meu peito arde de raiva alarmado com a realidade e quero rugir para o mundo e não ligar para nada e nem ninguém além dela. O laço familiar que nos liga é completamente afetivo, não existe nada além da moral que nos impeça de sermos um do outro, aliás, não aceito minha garota sendo de mais ninguém. MINHA.

— Bom dia. — Ela sussurra, a voz sonolenta a faz soar rouca e sexy.Melissa é toda sexy. A pouca idade não é empecilho algum, os olhos claros são com certeza a primeira coisa que chamam atenção nela, a fedelha tem uma coisa de olhar para você e te deixar inteiramente refém, intenso pra caramba. A boca carnuda e rosada é uma coisa de tão suculenta e gostosa, quando ela morde os lábios em nervosismo é uma tentação tão grande que sinto vontade de deixá-la presa na minha cama por alguns dias. O corpo é intrigante, existem curvas se revelando aqui e ali, mas ainda não é algo gritante. 

—-Bom dia, Mel.

— Quando acordei pela primeira vez, você não estava aqui. — sua boca se curva para baixo.

— Precisei sair para atender uma ligação. — explico, não resistindo e acariciando seu rosto.

—Você parece carrancudo, se arrependeu? — A pergunta me pega de surpresa, estava tão concentrado em estudar seus traços que não me dei conta da cara que devo estar fazendo.Sorrio, beijando a ponta de seu nariz arrebitado para me desculpar.

— Apenas analisando.

—A gente?— pergunta, parecendo preocupada.

— Na verdade,  você. Mas temos que falar sobre o que vai acontecer a partir de agora.Sua expressão se mantém franzida, absorvendo minhas palavras uma a uma com toda a sua maturidade.

— O que deveria acontecer?— pergunta, vejo uma oscilação em seu olhar.

Ela está com medo.Seguro seu rosto com as duas mãos, inclino meu corpo para mais perto do seu e acaricio os lábios tão femininos.

— Não estou nenhum um pouco disposto a desistir de você, coração. 

A encaro fixamente, não recuando nem na nossa aproximação e nem em minhas palavras. Isso aí, princesa. Você é minha.

— Então, a gente existe? — O sorriso se ilumina pelo seu rosto bonito e isso infla meu ego de tal maneira que prometo sempre manter ela sorrindo.

Meu celular apita indicando uma ligação.

— Você não vai atender?

— Não, vou preparar o seu café. Ela agarra meu braço e me viro para encará-la.

— Ei, tá tudo bem?Forço um sorriso e beijo sua testa.

— Sim, omeletes ?

— Perfeito.

Deixo o quarto sem mais conversas. A verdade é que essa ligação, assim como a outra antes dela, independente de quem seja, mexeu comigo. Quando despertei com o barulho do celular e olhei para o lado, o mundo real bateu à porta e falar ou sentir não é o mesmo que fazer. Estou pensando em Melissa e tudo que virá se decidimos levar isso para frente. Podem alegar que me aproveitei dela.Omeletes, foque nisso. Repito mentalmente.Vou fazer omeletes como ela gosta.E se tirarem ela de mim? A convencerem de que sou um homem ruim.Não. Sou o seu tutor, ninguém tem autoridade parai tirá-la do meu lado! Eu sou a família dela.Não, você é um pervertido.

— Tio Enzo?Droga, meus pensamentos não estão ajudando.

— Acho que a omelete queimou. — O cheiro de fumaça me arranca do devaneio, encaro seu rosto risonho e depois a frigideira.— Droga!O cheiro não nega que nosso café da manhã passou para lá do ponto e estou mais frustrado agora, sem a omelete e com aquele apito irritante, lembrando-me da realidade.

— Que belo chefe de cozinha, hein. — Ela me cutuca nas costelas, toda atrevida e viro o rosto para beijar sua bochecha.

— Eu ainda sou o adulto aqui, lembrando que posso te castigar a qualquer momento. — Brinco e ela solta uma risada sexy.

— Bom, talvez eu queira esse castigo. — Responde, com o olhar atrevido e sorriso malicioso.

— Não me provoque, querida. Não tenho muito controle quando o assunto é você. 

 Levo minha boca para perto da sua e mais uma ver o alarme do maldito celular me leva a nocaute.

— Isso aqui não para de apitar, melhor ver quem é. — comenta e pego o celular, desbloqueio e as palavras gravadas na caixa de mensagem me fazem querer quebrar a droga do aparelho.

— O que foi?

— Preciso sair, não tenho hora para voltar.

— Lorenzo, o que aconteceu? A raiva pulsa dentro de mim, preciso destruir alguma coisa rápido ou explodir a cidade inteira. Desvio quando os braços macios me tocam, não preciso envolvê-la nisso. Tenho que sair de casa depressa, subo as escadas e me tranco em meu quarto até estar arrumado. Sei que a deixei magoada recusando seu afeto e não conversando muito sobre o conteúdo da mensagem, mas é melhor.

Meu coração dói quando a vejo na sala, já vestida com um de seus vestidos enfeitados e elegantes, no entanto, não estou podendo falar agora e cruzo a porta de saída sem nenhum tchau.

O Viúvo Da Minha Tia. [ DISPONÍVEL NA HINOVEL]Onde histórias criam vida. Descubra agora