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MELISSA

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MELISSA


O observei caminhar por toda a sala em silêncio.

Acreditei e ansiei por sua atenção nem que fosse por míseros segundos, o fitei sem dizer uma palavra e esperei, pacientemente, precisando do seu sorriso cúmplice para acalmar a inquietude que se instalava em meu interior. A decepção veio em cheio quando nem um olhar de desculpas me foi direcionado. Ele saiu sem dizer adeus. Engoli o nó formado em minha garganta com o orgulho quando a porta foi fechada sem cerimônia, não entendi sua pressa em me deixar e julguei ser arrependimento sobre o que fizemos, talvez, tivéssemos idos longe demais para sua personalidade íntegra e ética.

Era a única explicação. Tinha de ser isso, por favor, que fosse isso. Eu tratarei de consertar quando ele chegar.

As horas seguintes se arrastaram, passei o dia sozinha. Olga estava de folga.
Fosse assistindo, trocando mensagem com minhas amigas pelo celular, a angústia era minha única companhia. Perdi a paciência por completo por volta das seis da noite e meu cérebro já apresentava as últimas justificativas criativas, tanto quanto torturantes para seu comportamento indecente. Sim, era indecente deixar uma jovem apaixonada e inexperiente sozinha com uma mente fértil. As lágrimas me abandonaram ao longo do dia a cada lembrança da nossa foda, porque para mim, aquele momento não era mais especial ou único, foi prazer carnal e satisfatório e merecia ser chamado de foda.
Foda.

Eu o amo de alma e não só de corpo, não entreguei só minha virgindade e sim meu coração, fiz promessas e criei expectativas durante nossos beijos, mas no final tudo que me restara foi novamente a sensação de perda e a certeza de que nada voltaria a ser como antes, estou magoada e meu orgulho foi erguido. A dor retornou, no entanto, dessa vez ela trouxe o gosto da decepção e me fez sentir a fragilidade, ao invés, de força e encorajamento para superar.
Me agarro com o retrato de mamãe e lamento por não a ter comigo agora, ela saberia o que fazer.

Bufo.

Se meus pais ainda estivessem vivos eu não estaria nessa situação, talvez até mesmo titia ainda estivesse viva e compartilhando com Lorenzo um casamento feliz, de repente sinto raiva das circunstâncias e de tudo que colaborou para esse momento, meu amor é errado e ainda assim intenso o suficiente para continuar acesso, ignorando a todos e tudo. Perto dele eu não penso ou sinto culpa, tudo se baseia nele.

A porta se abre, ou melhor, ela é escancarada tamanha agressividade. Lorenzo parece mais velho e alcoolizado, seu semblante carregado de raiva, suas íris carameladas brilham de forma maliciosa ao analisar meu corpo coberto apenas por uma camisa sua. Pulo do sofá, ficando de pé, recuando um passo a cada dois que ele dá.

— Será que você puxou sua tia? — Pergunta, encurtando o espaço entre nós.

O encaro confusa, seu cabelo está bagunçado e seu maxilar trinca conforme nossos corpos se aproximam. Sua roupa está desalinhada e a camisa rasgada na manga.

Meus pés me guiam para trás, leves passadas de segurança para longe dele, mas isso só parece incentivar seu avanço.

— Você bebeu. — Não é uma pergunta, seu estado é notável para qualquer um.
— Um pouco. — Responde, inclinando a cabeça para o lado, me dando um olhar rancoroso.
— O que aconteceu? — Arqueio a sobrancelha em deboche. Ele bebeu o bar inteiro.
Sorrir.
Aperto meus lábios em uma carranca.
— Tem mais álcool circulando em suas veias do que sangue, Lorenzo. Quero uma maldita explicação. — grito e um leve riso escapa de sua garganta, ele parece está se divertindo e para de andar no momento em que minhas costas encontram a parede que divide a cozinha da sala.
— Você está com medo de mim, garotinha? — Minha respiração está irregular, por isso, não respondo sua pergunta. — Ontem a noite você parecia bem receptiva.
Ele continua a me provocar, se regozijando com minhas reações.
Fecho os olhos, sentindo minhas pernas fraquejarem com seu toque dominante em meu corpo, sua mão direita acaricia minha cintura por cima do tecido e seus lábios roçam a pele sensível do meu pescoço.
— Não me toque. — Resmungo, soando mais como um gemido desejoso do que propriamente um protesto.
Tento sair de seu aperto, mas sua mão me mantém presa contra a parede e quanto mais tento sair mais força ele coloca no aperto. Recordo para mim mesma que eu não deveria estar cedendo, gemendo para esse homem. Ele me humilhou. Me deixou sozinha após tirar minha virgindade.

— Não me toca. — Repito, tentando ser menos transparente com meu próprio desejo.

— Você diz que não me quer, mas seu corpo me mostra o contrário, Melissa.
Melissa.

Não, Mel ou Melzinha.

O alarme soa em minha cabeça, ele não está bem.

— Você não está bem. — Disparo, ganhando um olhar frio e raivoso.

Nos encarando por demorados segundos, até que sinto sua mão livre invadir o tecido de minha calcinha e acariciar sem permissão minha boceta. O grito sai mais alto do que eu previa e sinto quando seu dedo me penetra, tento ordenar para que pare e quando ameaço abrir minha boca ele aproveita para mergulhar sua língua. Cretino.

Meu lado racional grita para que eu o afaste, mas acabo gemendo ao sentir um segundo dedo me penetrar, transformando minha raiva em luxúria e necessidade. Rebolo em sua mão, ignorando o pensamento de que isso é um erro, bloqueio meu orgulho e me entrego para o homem que amo. Sua boca deixa a minha para cair sobre meu ombro, um beijo demorado é depositado na minha testa e ele retira os dedos de dentro de mim com cuidado, me deixando vazia e confusa.

— Meu dia foi horrível, princesa. Minha cabeça está quase explodindo e se continuarmos com isso, vou descontar em você todo o rancor e raiva que estou sentindo e amanhã estarei arrependido.

E, mais uma vez, a sensação de perda me arrebata, me sinto rejeitada e novamente envergonhada.

— Não me toque. — Empurro seu peito, suas mãos me soltam e ele se afasta.

— Desculpa, princesa.

— Não me chama assim, porra!

— Droga, Melissa!! Você não sabe o inferno que vivi hoje.

Observo seu rosto e meu coração aperta, ele parece está sofrendo e seus olhos lacrimejando, embora ele tente disfarçar olhando para o outro lado. Quero correr para seus braços e confortá-lo, dizer que independente do que tenha acontecido, eu estou aqui e tudo ficaria bem, mas meu emocional também está abalado e me falaram maturidade para encarar seu belo rosto e dizer que tudo está bem, porque droga nenhuma que tá.

— Como eu poderia saber qualquer coisa se após me deixar sozinha sem qualquer explicação, do nada, você volta e me agarra para logo depois me rejeitar?

Sinto as gotas salgadas encostarem em meus lábios, só então percebo que estou chorando mais uma vez e não sei dizer se é por ele, por mim ou por nós. Sua boca abre ameaçando falar algo, mas nenhum som sai e tudo que faço é correr para o meu quarto e para longe dele.

— Desculpa.

É tudo que escuto antes de fechar a porta e me trancar.

— É tudo que você está me dizendo desde que acordei. — sussurro, sozinha na escuridão.

O Viúvo Da Minha Tia. [ DISPONÍVEL NA HINOVEL]Onde histórias criam vida. Descubra agora