11 - Chantagem

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Roberta estava muda. Era o fim da linha pra ela. Gostaria de poder sumir dali, de transformar-se em um inseto que pudesse voar e sair daquela situação, mas não... sua terrível desconfiança havia levado a garota de cabelos cacheados até o calabouço e agora não tinha mais volta.

Ela fitou a mulher à sua frente e sua mente pareceu se apagar, simplesmente não pensara em uma desculpa que explicasse o porque diabos teria invadido a casa de alguém. Ou pior...porque estaria esvaziando as gavetas do quarto de Karina.

- Fala menina! Quem é você e o que você tá fazendo aqui? - Jandira olhou nos olhos da garota assustada à sua frente que nada respondeu.

A mulher varreu o lugar com os olhos, vendo os lençóis jogados no chão e as roupas espalhadas pelo quarto. - Olha isso, olha o que você fez! - Ela aumentou o tom de voz. - Olha aqui, eu vou chamar a polícia viu?

- Não faz isso, por favor! - A garota enfim falou. - Você precisa me ajudar!

Jandira a encarou com olhar confuso.

- É uma questão de vida ou morte. Eu acho que Karina está tentando dar um golpe! - Ela falou séria encarando a empregada que apenas a ouviu atônita.

Por alguns segundos fez-se silêncio, e Roberta só teve como resposta a expressão assustada de Jandira.

- Do que é que cê tá falando, menina? - Questionou a mulher.

- Eu quero dizer que ela pode estar tentando aplicar o golpe da barriga em Mattheo, para conseguir ficar com ele e de quebra ainda virar herdeira das empresas Moraes. Afinal, o pai dela não vai dar um centavo pra ela quando morrer, e ela não é lá uma grande digital influencer!

- Mas isso é uma acusação muito séria! - Replicou Jandira.

- Vai dizer que a senhora acha que ela é uma boa samaritana?

Jandira nada respondeu. Quantas vezes tinha presenciado a capacidade diabólica de Karina? Ela mesma já sofrera com o caráter duvidoso da megera. Ela pensou um pouco e engoliu em seco.

Voltou os olhos a Roberta e apenas assentiu com a cabeça.

Roberta sorriu com os olhos marejados e abraçou a velha.

- Mas...eu não posso ficar aqui não, menina!

- Tudo bem, basta vigiar pra ver se a Karina não vem. - Respondeu a negra com um pequeno sorriso.

Karina desceu a rua olhando para os lados, o passo rápido e ansioso. Passou na frente de um carro que quase a transformou em um tapete. "Sai do meio da rua, maluca!", gritou o motorista. A loira respondeu-o com um singelo "Vai se foder!" e seguiu com o mesmo passo apressado.

Andou alguns metros, dobrou a esquina e lá estava ela na frente do super chamativo e caríssimo restaurante ... Aliás, se fosse pelo prédio Karina nem daria atenção. Mas, sua mãe estava lá e por incrível que pareça ela sentia amor por aquela mulher. Talvez tivesse puxado a mesma "mania de grandeza" que seu velho e rabugento pai sempre lhe acusara de ter, ou quem sabe a ambição de sua mãe fosse um genótipo herdado pela garota.

O fato era que, para Karina: mamãe rainha, papai nadinha!

● ● ●

A cacheada retornou sua concentração ao quarto e seus olhos quase saltaram devido a bagunça que ela havia feito. E o pior...nada havia encontrado. Será que Karina simplesmente teria levantado de sua cama e resolvido que diria a Mattheo estar grávida? Talvez Roberta tivesse sido um pouco irracional.

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