Querido Diário

17 - Juízo Final (Último capítulo)

Karina olhou nos olhos da ex empregada e todos a encararam perplexos.

- Fui eu que mandei a caixa com todas as provas pro seu pai! - Ela disse e aproximou-se de Karina. - Aliás, fui eu que juntei todas elas, o frasco esquisito jogado no seu quarto... - a mulher soltou uma risada irônica. - Você devia ter lembrado que era eu quem arrumava os quartos dessa casa. Ah! - Ela exclamou como quem lembra de algo. - As fotos que você usou pra chantagear aquela menina que ERA sua amiga, o teste de gravidez negativo... - Jandira olhou nos olhos de Karina e contemplou com prazer o seu semblante de indignação. - Você não é tão inteligente, não é?

- Desgraçada, vagabunda! - Karina vociferou coberta de ódio.

- Cala a boca! - Jandira mandou dando uma bofetada no rosto da menina e todos se espantaram, mas nem Francio protestou contra o ato merecido. - Isso é por toda a humilhação que você me fez passar todos esses anos. E eu não quero que você abra a sua boca imunda pra se referir a mim, você não tem moral nem pra pronunciar o meu nome.

Jandira falou e Karina voltou-lhe o rosto sem palavras.

- Então...era isso que a senhora ficava tentando falar com a gente. - Roberta falou e olhou para Eric e Mattheo.

- Eu tava precisando juntar todas as peças. Ouvia um pouco aqui, mexia um pouco ali... aquele dia que vocês discutiram aqui...pra mim aquilo foi mais um sinal!

Karina ergueu-se em protesto.

- E o que é que você tinha a ver com isso? Cê era empregada, tinha que ficar no seu lugar! Não tinha e não tem nada a ver com isso!!!

- Tenho sim! - Rebateu Jandira. - Tenho e muito! Eu amava o Francio, eu amo. E eu não podia suportar todo o sofrimento e desgosto que você tava dando pra ele se afundando cada vez mais na lama. Eu precisava abrir os olhos dele.

- Mas você é muito metida mesmo, né? Cê não percebe que a culpa do acidente foi sua? - Karina voltou a falar. - Se você não tivesse armado toda essa confusão, nada disso teria acontecido.

- Como é que você tem coragem de voltar até a minha casa pra pagar de vítima? - Francio adentrou a discussão indignado. - Depois de tudo que você fez, você ainda se acha capaz de virar o jogo, é isso?

- Eu já falei que eu não tive culpa do que aconteceu! - Karina desfez-se em lágrimas. - EU SOU INOCENTE!- Ela berrou.

- CHEGA!!! - gritou Frâncio. - Chega de mentiras, chega de desculpas, eu já sei quem você é de verdade, será que você não percebeu que não adianta mais? Eu cansei, chega!

- Calma, meu amor. - Jandira aproximou-se de Francio tentando acalmá-lo, Karina ficou descrente do que via.

- Eu ainda não terminei... - O velho falou respirando fundo. Ele encarou a loira e prosseguiu. - Eu te criei com amor, com dedicação...

- Cê não é ninguém pra falar de amor! - Respondeu Karina. - Você só ama o seu filhinho aí. - Ela disse apontando para Inácio. - Quem me amava era minha mãe! Que aliás...foi embora porque não te aguentava mais! E sabe de uma coisa? Ela nunca te amou! Nunca! - Karina cuspia as palavras na direção de seu pai que respirava fundo e derramava-se em lágrimas. - E sabe por que? Porque você...é IN-SU-POR-TÁ-VEL!

- CHEGA, KARINA! Ele é seu pai! - Mattheo protestou.

- Pai? - Ironizou Karina. - Eu só tive mãe. - Ela disse olhando para o velho na cadeira de rodas que apenas a encarava sem acreditar.

- Eu posso não ter tido muita afinidade com você, mas nunca te faltei com nada. - Francio tornou a falar com os olhos marejados. - Nada do que você fez pode ser justificado! Nada! - Ele se aproximou da garota loira. - E eu não admito que você venha pra cima de mim com o "conto do irmão preferido", você nunca foi acostumada a levar "não", sempre teve tudo o que queria...e sempre quis mais. Essa sua obsessão te levou ao lugar onde você está agora... a sargeta.