Consciência do "Eu"

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Existe alguns conceitos de quem nós somos, mas eu irei te apresentar o meu favorito que eu descobri em uma palestra do Mário Sérgio Cortella (Tu és o vice-treco do sub-troço).

Resumindo, ele diz:

"Você é um indivíduo entre outros 7 bilhões, 678 milhões (dados de 2019) compondo uma única espécie dentre outras 3 bilhões (dados de 2007) já classificadas, que vive em um planetinha que gira em torno de uma estrelinha que é 1 entre outras 100 bilhões de estrelas compondo uma única galáxia entre outras 200 bilhões de galáxias em um dos universos possíveis e que vai desaparecer."

O que ele quis mostrar com toda essa informação?

Que o seu "eu" não é tão importante assim.
O seu sotaque não é o melhor.
Onde você mora ou nasceu não é o melhor lugar.
Sua opinião não é a única que existe para que todos concordem.
Sua religião também não é única para que todos sigam.
Suas roupas, suas preferência, suas vontades, seu esforço, seu olhar, seu sorriso, seu perfume, etc. Não são os únicos que existem, e também não são os melhores para todos.

Não necessariamente serão os piores, mas o que é bom pra um pode ser ruim para outro e as vezes você tem vivido a sua vida achando que tudo o que você passou na sua história até aqui te faz ser o melhor para todos quando na verdade e muito provavelmente te fez ser melhor pra você mesmo. Daí você impõe sobre a outra pessoa que ela dê preferência a algo que tem um valor diferente pra ela que vê de fora.
Não se engane cedo ou tarde as pessoas irão se cansar, parar, pensar e concluir que não ta fazendo sentido a relação e é aí que tudo acaba: acontecem brigas, agressões, separação, infelicidade.

Eu sempre fui um pouco mais avançado em questão de estudos e conhecimento, desde criança, porque minha mãe voltou a estudar pelo EJA quando eu era novinho e eu comecei a estudar com ela mesmo antes do Prézinho. E eu tinha uma amiguinha que morava na casa da frente e a gente sempre brincava de escolinha. Só que eu levava a sério, ia além da brincadeira e exortava ela todas as vezes que ela escrevia errado no caderno, eu dizia "Para de ser burra, eu falei 3 vezes que não é assim que se faz". Eu tinha 5 anos, ela tinha 4.
Mas muitos adultos fazem isso até hoje, talvez não com as mesmas palavras.
"Você não sabe de nada também", "Deixa que eu faço, você nem sabe o que ta fazendo", "Quantas vezes eu vou ter que repetir? Parece que eu to falando grego".

Eu realmente sabia mais do que essa minha amiga, mas era porque eu tinha minha mãe como vantagem. Ela estava na fase dela de aprendizado, não era obrigada a saber aquilo, tanto porque tinha um ritmo diferente. Eu poderia ter sido humilde e generoso e ensinado com paciência ou apenas ter respeitado o fato de ela não saber tanto quanto eu.

Eu usei um exemplo de quando você possui algo que a outra pessoa não tem, no meu caso era o conhecimento sobre tal assunto. Mas e quando todos têm, porém você quer fazer o seu ser o melhor?

Quando eu estava conhecendo uma namorada minha, na época em que só éramos amigos percebi que ela gostava de assistir filmes então eu perguntei pra ela qual gênero ela gostava mais e eu fiquei bolado com a resposta dela. "Eu amo terror" ela disse. Só que eu odeio terror, odeio pra valer.
Esses dias nós fomos ao cinema e tinha um filme de ação que eu gosto e um de terror... pois eu fui la e assisti o de terror com ela.
Eu não gostei, óbvio, preferia ter assistido o que eu escolhi, mas eu sei que a minha preferência não é melhor do que a dela só porque eu não gosto de terror. É apenas um gosto diferente.

E pra finalizar: quando a pessoa tem algo que você não tem e você menospreza o que ela tem só pra não reconhecer.

Essa namorada cozinha muito bem, na minha opinião, ela manja fazer muitas coisas de cabeça, sabe dosar certinho os ingredientes. E eu sou um desastre na cozinha. Ela consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo, eu consigo queimar o arroz prestando atenção só nele. Quando o assunto é comida eu reconheço que ela é boa e que eu sou ruim.
Mas eu poderia menosprezar o que ela faz de bom jogando na mesa um assunto em que eu sou bom, tipo uma competição de quem é melhor.

" - Amor, meu estrogonofe está ótimo né? Será que você conseguiria fazer um assim?
- E você? Consegue pegar um solo de ouvido na guitarra?"

Automaticamente o meu "eu" tem que se sobressair, e isso faz das nossas relações algo tóxico.

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