Me admiro da ignorância que temos de acreditar enganosamente que sabemos lidar com certos problemas e ao invés de resolvê-los nós os multiplicamos.
Quando eu era criança eu não tinha muitos amigos pois eu vivia trancado dentro de casa e não tinha idade para ir à escola, com muita sorte minha vó deixava eu sair no quintal. Mas eu fiz uma amiga, ela era comportada e minha vizinha de frente. Um dia resolvemos brincar de escolinha, a pior escolha que fizemos naquele dia kkkkk. Eu estudava com a minha mãe em casa e era 1 ano mais velho que essa minha amiga, obviamente compreendia algumas coisas que pra ela ainda eram confusas ou não tinha importância. E na brincadeira eu exigia que ela escrevesse as letras de forma certa, mas ela só sabia fazer desenhos abstratos que não significavam nada. Eu perdia a paciência com ela a cada desenho que ela fazia até ela se chatear e ir embora...
Minha mãe conseguia me ensinar brincando de escolinha comigo, mas eu não tinha toda essa paciência e acabei chateado minha amiga chegando a chamar ela de burra.O que eu estou querendo dizer com isso: que aquela minha atitude diante daquele problema estimulou ela a desistir de tentar e a ter medo de errar pois alguém poderia chamar ela de burra assim como eu fiz. Quantas vezes nós agimos de formas semelhantes nas nossas relações hoje em dia?
Sabendo disso eu falei um dia pra minha namorada que ela não precisava ter medo de falhar comigo, porque eu sabia que eu preciso aprender a lidar com as falhas e ter paciência. E conforme ela foi falhando eu fui me aprimorando treinando a minha paciência, não cheguei a ser um Monge de calmaria, mas estou bem melhor do que antes. Mas ela não se preocupou tanto com isso então não evoluiu tanto quanto eu.Se você diz para uma pessoa confiar em você e te contar tudo, deve então assumir a responsabilidade de OUVIR pacientemente. Porque numa conversa se tem alguém falando, precisa-se de alguém ouvindo.
Já aconteceu algumas vezes de eu estar mal e não contar, e isso chateia minha namorada porque demonstra que eu não confio de contar pra ela (e talvez ela tenha razão), mas como ela me conhece bem, só pelo tom da minha voz, um suspiro fora de contexto ou um olhar diferente ela já sabe que tem algo me incomodando e acaba descobrindo que eu não estou bem e não contei pra ela e me pede pra falar.
Mas na necessidade extrema de se defender caso o incômodo seja com ela, interrompe imediatamente minha fala. Nunca faça isso.
Espere e escute genuinamente a outra pessoa, se não é a sua vez de falar não se atreva, você pode estar equivocado.Como não tinha sido a primeira vez que fui interrompido, tive que intervir e corrigir:
"Eu tenho muito problema com falar as coisas, eu me esforço mas é difícil e não é de hoje, eu sempre fui assim, muitas coisas que aconteceram durante minha vida me travam pra falar.
Eu respeito seu direito de fala inclusive sou educado quando você não tem o direito de fala e mesmo assim resolve falar. Pode perceber: quando é minha vez de falar e você me interrompe, eu fico calado, mesmo me corroendo de vontade de me defender ou de falar algo eu espero você terminar de falar. Porque gentileza gera gentileza, então se eu respeitar seu direito de falar, um dia você vai respeitar o meu e vai esperar pacientemente até o seu momento de fala."
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Aprendendo Amar
Non-FictionJá percebeu o quanto regredimos (como seres humanos) em nossa forma de nos relacionarmos? Somos individualistas socialmente e queremos ter uma sociedade em nossa individualidade. Invertemos valores a todo momento e nos importamos com coisa fúteis, d...