Final

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— Tem alguém aqui! — Harley disse nervoso me acordando. Levantei confusa e olhei à nossa volta. Não vi ninguém, mas ouvi passos quebrando galhos. Rapidamente pegamos nossas coisas e subimos na moto, o problema era que o barulho que o motor fazia atraía ainda mais os nossos perseguidores.

— Parado aí! — A polícia gritou e Harley acelerou ainda mais andando em ziguezague pelas árvores. Foi quando os disparos começaram. Foram muitos. De repente a moto caiu e eu fiquei alarmada.

— Está ferido? — Questionei e ele negou com a cabeça. Levantou largando tudo para trás e me puxando pela mão. Corremos muito até chegarmos ofegantes na beira de um precipício onde não dava para ver o fim. 

— Só tem um jeito de parar com isso! Só assim essas perseguições insanas irão acabar. — Ele disse me entregando a chave da moto e todo o dinheiro que estava em sua jaqueta. O olhei confusa e ele se aproximou e beijou minha testa. — Se cuida, Angeline! Adeus!

— Espera! O que vai fazer? Harley, por favor! Sai daí! Você vai cair! Por favor, vamos fugir. — Pedi desesperada e ele abriu os braços, andou alguns passos para trás parando na linha tênue que separava a vida da morte. Meus olhos se encheram de lágrimas. Senti meu coração diminuir no peito e o ar faltar nos meus pulmões. — Não faz isso, por favor! — Gritei transtornada. — Por favor, há de ter outra solução! Você não pode fazer isso comigo! Não pode me abandonar aqui!

— Reze pela minha alma, meu anjo! — Pediu me lançando um beijo no ar e então pulou.

— Não! — Gritei jogando tudo no chão e ajoelhando diante do precipício. As lágrimas transformaram minha visão em um borrão... Ele... Ele me deixou sozinha nesse mundo. Ele me ensinou a voar e agora me sinto de asas quebradas, esmagadas... Ele me abandonou, senhor juiz. Me abandonou sozinha aqui nesse mundo tão estranho, tão sem união. — Expliquei soluçando e Jimmy me ofereceu mais água. Peguei o copo trêmula enquanto tentava me acalmar.

— Com base no seu depoimento vamos arquivar o caso. O corpo de Harley Baker não pode ser encontrado devido o local do precipício ser de difícil acesso. — O juiz Anthony disse me fazendo chorar ainda mais.

— Mas ele merece um enterro digno, senhor. Uma missa feita para que sua alma descanse em paz. — Insisti chorando e ele negou com a cabeça. — Não é justo que ele apodreça lá como um animal. Não é porque o senhor estava acusando ele de um assassinato que ele tenha que ficar lá para sempre! 

— Sinto muito, senhorita Angeline Morgan, mas não temos condições de tirar o corpo dele de onde está. Eu lamento muito. — Juiz Anthony declarou e meu advogado Jimmy deu leves tapinhas nas minhas costas, tentando me consolar.

Então caso Harley foi dado como encerrado. Levantei abalada e após agradecer e pagar meu advogado, fui cabisbaixa para fora do tribunal. Segui chorando pelas duas ruas principais e ao virar em uma esquina olhei para trás, me certificando que não estava sendo seguida. Sequei as lágrimas e sorri correndo para a rua onze.

Olhei para a moto parada e me aproximei do piloto que sorriu em resposta, ele me puxou pela cintura me dando um maravilhoso e intenso beijo nos lábios.

— Não podem prender um homem morto. — Contei e ele sorriu me entregando o capacete. 

— Ótimo. Também tenho boas notícias. — Contou me mostrando a falsa identidade. — Scott acaba de nascer!

— Gosto de você Scott, mas prefiro o meu Harley.

— Eu sempre serei o seu Harley, meu anjo. — Ele disse sorrindo ao me abraçar.

— Que Deus me perdoe por mentir para o juiz e o advogado.

— Só assim para eles arquivarem o caso. Agora estou livre.

— Agora estamos livres. — O corrigi e ele me puxou para mais um delicioso beijo. — Estou ficando boa nisso. — Brinquei e ele sorriu.

— Eu já disse que você é perfeita. Agora vamos embora, minha noviça rebelde! As estradas nos esperam. — Chamou beijando meu queixo e eu assenti.

Subi na garupa da moto o abraçando, ele acelerou e sentimos o vento bater no nosso rosto e sussurrar em nossos ouvidos a palavra mais bonita de todas: liberdade.

O Caso HarleyOnde histórias criam vida. Descubra agora