Família

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- Você não pode trazer uma criança pra cá! - Repreendeu S/N. - Os pais dele já devem estar mega preocupados com ele!

Tá, eu sei que talvez trazer um garotinho para o trabalho da minha namorada não foi uma atitude muito inteligente, mas eu não sabia mais o que fazer. Eu havia andado com ele por vários quarteirões a procura dos pais dele e não encontrei nada. Ele estava com medo e até chegou a pensar na hipótese de ter sido abandonado. Meu coração doeu com isso. Que tipo de pessoa eu seria se o deixasse sozinho por ai? Com certeza alguém sem coração, coisa que eu não era.

- A gente procurou por um tempão e não achou nada! - Cruzei os braços, irritado. Ela já estava me xingando a um bom tempo. - O que você queria que eu fizesse?

- Sei lá, mas trazer ele para o meu trabalho com certeza não era uma boa opção!

- Eu não sabia mais o que fazer!

- E por que você não me ligou? - Perguntou ela. - Eu teria ido até lá te encontrar!

- Como eu faria isso? Nem celular eu tenho!

- Então devia ter comprado um!

- Eu não tenho dinheiro!

Pera, isso por acaso era uma briga?

- Arruma um emprego então seu imbecil!

- E era o que eu estava tentando fazer merda! - Fechei a cara. Minhas orelhas que antes estavam abaixadas, se ergueram para cima. Eu estava nervoso. - Mas ai deu tudo errado!

- Errado? - Juntou as sobrancelhas. - E isso era pra ser alguma novidade? Eu te avisei que o mundo era uma porcaria!

- É, mas eu...

- Tá, tá. - Limpou as mãos em seu avental e se agachou em frente aquele pequeno garoto, ignorando-me. - Qual é o seu nome meu bem?

- Akira. - Falou baixinho. - Me desculpe por causar tantos problemas pra você moça. O Jimin só estava tentando me ajudar. Não briguem por minha causa. Os meus pais sempre fazem isso e e eu fico muito... - Abaixou a cabeça, parecendo estar tímido. - Triste.

- Nós não estamos bringando. Está com fome? - Ele assentiu. - Ok, então se sente ali perto da janela que eu vou levar algo pra você comer, tá? E depois disso a gente decide o que vamos...

- Você não precisa fazer isso. - Interrompi. - Nunca foi a minha intenção vim aqui te atrapalhar no seu trabalho, eu só vim aqui porque eu realmente não sabia o que fazer e sempre que isso acontece, automaticamente você é a primeira pessoa que eu penso.

Ela abriu um sorriso, se levantou e me puxou para um abraço. Apertei sua cintura e descansei minha cabeça em seus ombros. Acho que a minha raiva já foi embora agora.

- Eu não gosto quando a gente briga. - Resmunguei.

- Ah, mas isso nem pareceu uma briga de verdade. - Riu ela, da maneira mais doce possível. - Desculpe, eu acho que eu me exaltei um pouco. Culpa do alto stress no trabalho.

- Tudo bem. - A beijei brevemente e segurei seu rosto com as duas mãos. - E a propósito, você está muito adorável nesse avental.

- Obrigada. - Voltou a olhar para Akira. - Então, vem?

Ele aceitou a nossa mão estendida. Nós estávamos do lado de fora do restaurante e lá dentro não haviam muitos clientes. Um sorriso escapou dos meus lábios depois que nós entramos. Aquele garotinho estava no meio e segurava a mão de nós dois, como se fôssemos uma...família. Família. Será que um dia eu poderia chegar a proporcionar isso a mulher que eu tanto amava? E será que ainda era cedo demais para dizer que eu a amava? Será que ela acreditaria em mim? Será que ela também me amava? Híbridos podem ter filhos com humanos? Várias perguntas começaram a invadir a minha mente e o pior de tudo, eu não conseguia encontrar nenhuma resposta.

Um Gato em minha vida | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora