Desconhecido

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Ignorada. 

— Ei, eu estou falando com você! — Ele estava zonzo e apoiou uma das mãos em sua cabeça. — Desculpe, eu não queria te assustar. Você está bem? 

Ignorada. 

Bufei. 

Ele levantou o olhar para mim e rosnou mostrando suas garras, fazendo com que eu me afastasse ainda mais. 

— Tudo bem, já entendi. — Levantei as mãos em sinal de paz. — Eu não vou chegar muito perto. Mas você está machucado e está chovendo muito. — Abaixei meu capuz. — Não queria te deixar aqui, sozinho.

— Você não tem que se importar.— Sua voz soou mais como um sussurro. — Não sou nada seu. 

— Ual, então você sabe falar. — Sua voz era fofa. — Eu sei que você não é nada meu. Eu não sou burra, tá? 

— Isso não me interessa. 

— Pelo visto de fofo você só tem a aparência! 

— E você não tem nada a ver com isso! 

— É, verdade. 

— Então vá embora. — Tossiu várias vezes. — E não olhe para trás. 

— Você foi abandonado? — Ignorei o que ele dissera. — Porque eu nunca te vi por aqui antes. 

— Não é da sua conta. 

— Mas eu quero saber. 

— Então deixe de querer. 

— Você está sendo muito grosso! — Mas mesmo assim eu não queria ir embora. — Só estou querendo te ajudar. 

— Mas eu não pedi! 

— Certas coisas não precisam ser ditas. — Tomei coragem para me aproximar, retirei meu moletom e o entreguei. — Toma, vista isso. Deve servir em você. 

Ele me olhou surpreso. Pensei que fosse rejeitar, mas aceitou. 

— E...quanto a você? — Começou a desabotoar aquela camisa suja. — Está frio. Você também precisa de um casaco.

— Não mais do que você. 

— Não deveria ajudar um estranho, ainda mais se tratando de um Híbrido. — Desviei o olhar quando ele ficou sem camisa na minha frente. — Eu poderia ter te atacado, sabia? 

— Sabia. 

— E mesmo assim se aproximou? 

— Sim. 

— Você possui algum tipo de problema mental? 

Para a minha sorte, a chuva já estava diminuindo. Eu estava toda molhada e temia ficar resfriada. Trabalhar passando mal não é nada bom. 

— É uma hipótese. — Dei de ombros, achando aquilo engraçado. 

— Bem, então obrigado, Srta. Louca.

— Não há de que. — Me virei de costas, prestes a continuar meu trajeto para casa.—Boa sorte, você vai precisar. 

— Espera, você vai me deixar aqui? — Ele me segurou pela a parte de trás da minha blusa. — Sozinho? 

Acabei sorrindo. 

— Você quer ir para casa comigo? 

Me virei para ele. 

Seu olhar transmitia certa tristeza, e ao mesmo tempo, um pouco de medo. Suas orelhas se abaixaram e ele continuou me segurando pela blusa, sem me responder nada. Várias coisas passaram pela a minha cabeça. A noite estava muito fria e provavelmente, choveria durante a noite toda. Comecei a imaginá-lo encolhido debaixo de uma ponte, completamente sozinho, durante a noite toda. 

Um Gato em minha vida | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora