Quando Goku conheceu Chichi

Neandertal

Satan City, 2007

– Eu te amo – disse a garota, depois de mais um beijo no rapaz, que era alto, forte e tinha um cabelo preto rebelde e espetado. Ele sorriu e disse:

– Eu também te amo, gracinha... – os dois se beijaram de novo, e Chichi, dentro do carro revirou os olhos e disse:

– Eu mereço...

Ela estava ali há quase cinco minutos, dentro do seu velho carro, esperando que a longa despedida entre sua amiga Suno e o namorado terminasse. Chichi fingiu pigarrear pela terceira vez e o casal finalmente se deu conta de que ela estava ali.

– Oi Chi – disse a menina, sem jeito e Chichi ignorou que ela estava com o entorno da boca todo rosado, resultado do batom borrado pelo rapaz. Chichi deu um sorriso simpático e disse:

– Oi, Suno.

– Esse é o meu namorado, que vai contigo...

– Oi, eu sou o Goku – disse o rapaz, coçando a cabeça antes de completar: – Son Goku – Ele usava um conjunto de treino azul claro e tênis surrados, além de uma bolsa de academia.

– Prazer – disse Chichi, formalmente – Chichi Cutelo. Vou abrir a mala para você.

O rapaz deu um sorriso bobo e pegou seus pertences, reunidos em três mochilas aparentemente lotadas e um grande saco de viagem velho e meio puído, e jogou de qualquer forma no porta malas. Então, fechou a porta traseira e se aproximou de novo de Suno, que disse:

– Me liga quando chegar?

– Até do caminho, se o celular tiver sinal, amor – os dois se agarraram em um outro beijo interminável e Chichi finalmente perdeu a paciência, apertando sem soltar o botão da buzina, que disparou fazendo os dois se largarem no susto.

– Desculpa aí, gente! – Ela disse, com um sorrisinho cínico – escorregou, aqui! – O rapaz então deu mais um selinho em Suno e entrou no carro, jogando a bolsa que usava com ele no banco de trás, sentando-se e logo pondo o cinto de segurança ao lado de Chichi, que deu a partida dizendo:

– Desculpa, mas nós marcamos de sair ao meio dia em ponto e já estamos 34 minutos atrasados.

– Foi mal – ele disse, sem muito entusiasmo. De repente, pareceu lembrar-se de alguma coisa e pegou a mochila, tirando um enorme pacote de "Doritos" dela e abrindo, imediatamente.

– Servida? – ele colocou o pacote quase sob o nariz de Chichi que fez uma careta involuntária de nojo, dizendo:

– Isso não é saudável! E acabei de almoçar, não belisco entre as refeições. Não faz bem, engorda.

Ele riu e disse, cuspindo migalhas no processo:

– Viver não é saudável. E eu também acabei de almoçar.

Ela revirou os olhos e disse:

– Daqui até West City são 18 horas e 30 minutos de viagem, mais ou menos. Podemos nos dividir em turnos de três horas. – Ela apontou um mapa fixado no pára-sol diante dele e disse:

– Eu peguei um mapa e vi em que pontos podemos trocar.

Ele olhou o mapa e disse:

– Eficiente. Mas teu celular não tem alarme? Você podia colocar para despertar a cada três horas.

– Eu ia ficar aflita se tivéssemos que parar o carro no meio do nada apenas para trocar de lugar.

– Ah, tá... – ele disse, olhando para ela, desconfiado. – Então... vai me contar a história da sua vida, essas coisas?