parte XVII: dia do abraço

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Depois de me recuperar da gripe e ajudar a arrumar a casa para o natal, Minho e Sooyoung foram decidir quais pratos serviríamos além dos tradicionais. Listamos as pessoas que estariam presentes para termos uma noção de quantidade. Haeyoon chamaria os seus pais, Minho, a mãe, Sooyoung, a namorada e eu... Bem, até então eu disse que minha mãe estaria presente, mas ainda não tinha certeza. Eles me disseram que uma nevasca se apossou pela cidade e que teriam dificuldades de atravessar a estrada, por isso, disse que se não conseguissem uma medida segura de vir para Seul, que não viessem.

Não me perdoaria se algo acontece com eles só por conta de um capricho meu, eu poderia muito bem esperar a neve amenizar para ir até a casa deles passar uma temporada.

Fizemos boas escolhas e decidimos que no dia seguinte, sairíamos para comprar roupas de natal e para o ano novo. Minho queria comprar uma roupa de Papai Noel e levou um tempo para entender que a roupa de natal era nada mais que um suéter temático. Mais à noite, depois de comer um bom macarrão com legumes, fui para o meu quarto conversar com Hyeju. Liguei para que conversássemos por vídeo-chamada e notei algo diferente no ambiente.

— Está em casa?! — perguntei olhando a nova parede preta com coisas desenhadas a giz na mesma.

Sim! Pintamos com uma tinta especial, olha ela sujou o seu dedo de giz ao passá-lo num desenho. — Posso desenhar à vontade...

— Que legal... — continuei observando a nova parede. — Então, hoje é dia do abraço. Seria bom se estivesse aqui.

Sinta-se abraçada.

— Tentarei...

Tenho uma surpresa para você! — Hyeju mostrou uma caixa retangular com um grande laço de fita.

— Uh! Presente de natal!

Exatamente!

— Não precisava gastar comigo, Hye.

Sei que também gastou comigo, então pode parar de palhaçada!

— É verdade... — gargalhei por ela fingir estar brava. — Então acho bom colocar imediatamente no correio para chegar a tempo.

É, eu concordo, irei logo amanhã de manhã pedir que enviem... Sinto que esse será o melhor natal de toda a minha vida...

— Seria melhor se você estivesse aqui...

Se você fechar os olhos, pode me sentir aí.

Eu queria dizer o quão cansada estava de imaginar e imaginar e imaginar, mas Hye estava tão feliz e com os olhos brilhando tanto que eu não quis arruinar a sua animação com a minha frequente crise existencial. Era nesses momentos que eu acreditava ainda mais no amor e em como ele poderia se moldar entre pessoas que nunca se tocaram ou se viram pessoalmente.

Não se preocupe, tudo vai ficar mais mágico e maravilhoso quando você passar a acreditar nos seus sonhos.

— Eu acredito neles, eles que parecem me abandonar de repente.

Eles estão mais perto do que você imagina, basta fechar os olhos com bastante força e dizer que você acredita em nós!

— Hye?! — ela me encarou. — Às vezes me pego pensando numas coisas e não quero ser muito sonhadora, os meus demônios me fazem acreditar que eu sou a única que pensa dessa forma, mas eu me nego todos os dias a acreditar que esse seja um sentimento unilateral. Eu nunca senti um amor tão verdadeiro e profundo como o que eu sinto por você, parece que tudo o que eu vivi antes não existiu ou está muito bem guardado para que eu só lembro do momento em que minha felicidade começou e isso me dói pois eu vivo pensando que isso pode ser uma fase, e eu tenho muito medo.

Eu vou ser verdadeira com você de uma forma que acho que nunca fui antes, Chaewon. Em nossa primeira briga, eu imaginei que era o fim, eu pedi pelo fim, eu ansiei pelo fim porque eu não queria sentir o que estava sentido. Aquilo doía tanto, me machucava tanto, e eu só percebi isso quando notei que eu lhe machuquei, que eu tive culpa de tudo e só de ter a ideia verdadeira de te perder era demais para suportar. Eu esperei você ligar, eu esperei a sua mensagem, mas nada vinha de ti até que uma borboleta azul turquesa pousou em minha janela. Eu nunca tinha visto uma borboleta daquela cor e então decidi fotografá-la. Ela batia as asas bem devagar, como se estivesse posando para a minha câmera ou me enviando uma lenta, lúdica e clara mensagem. Naquele dia, eu te mandei uma mensagem porque eu senti, pela primeira vez em minha vida, o que era amar algo que eu nunca toquei, senti ou vivi antes. Eu esperei pelo seu perdão como se dependesse daquilo para viver e só entendi quando você comentou sobre a borboleta, suas asas lentas e sua cor única me fez entender como nós funcionamos. Somos amantes do tempo, não importa o que aconteça, uma hora, teremos o sentimento de singularidade em nossas mãos e ela demorará o tempo que for necessário, congelará para que todos os astros estejam voltamos a única coisa que importará: nós.  

vinho tinto ✦ hyewonOnde histórias criam vida. Descubra agora