epílogo

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Estavam em nossa sala Haeyoon e seus pais, Minho e sua mãe, Sooyoung e a sua namorada. Logo de cara, me familiarizei muito com Jiwoo quando tivemos uma conversa mais abrangente. Ela era muito dócil e cuidadosa com todos, tanto é que Minho ficou conversando com ela por horas sobre uma dor no tornozelo que ele ainda sentia depois de sua queda da moto. Ela parecia uma fisioterapeuta ou alguém que entendia muito de lesões.

Nos momentos em que ficamos na cozinha ajeitando o arroz com legumes, Jiwoo estava muito entretida sobre o meu relacionamento com Hyeju, que claramente Sooyoung não conseguiu manter em segredo. Jiwoo me olhava com tanta atenção que mais parecia uma psicóloga ou uma irmã. Nós nos daríamos bem se ela fosse com mais frequência à nossa casa. Eu lhe mostrei uma foto de Hye e ela a elogiou, disse que era muito bonita e que eu tinha muito bom gosto!

O tempo foi passando, nós ceamos à meia-noite e ficamos conversando depois disso. Tinha aproveitado o momento para ligar para os meus pais. Mamãe disse que a nevasca tinha piorado e me agradeceu por ter pedido que ela ficasse em casa, as condições estavam perigosas naquele período, quem tinha viajado, o fez com bastante antecedência. Haeyoon se meteu em nossa conversa e levou um belo sermão da minha mãe sobre relacionamentos e entendimento de seu próprio eu. O meu pai tinha ido dormir, mamãe disse que ele passou o dia cozinhando os preparativos de natal e que mesmo ciente de que eu ligaria, não conseguiu aguentar. Pedi que não o acordasse pois ligaria de novo pela manhã.

Houve um momento em que Sooyoung me chamou para ir ao lado de fora. Ela carregava duas cestas e eu a segui para saber do que se tratava. Fazia dois dias que Hayeoon e Sooyoung tinham dedicado o dia inteiro para fazer aquelas cestas com comidas, tinha mais ou menos uma cesta básica e umas bobagens, fora luvas que não usaríamos mais, máscaras e agasalhos.

— Faz uns anos que nós damos cestas natalinas e entregamos para dois de nossos vizinhos. Eles fazem um trabalho voluntário nas regiões de Gangnam que ninguém dá a devida atenção. Somos orientados a fazer cestas básicas com agasalhos e algo a mais que quisermos colocar, então, deixamos na porta da casa deles e, amanhã, eles recolhem e levam para esses locais carentes.

— E não tem perigo de uma pessoa roubar?!

— Por incrível que pareça, não. A neve afasta os ladrõezinhos da rua, acredita?! — disse entre risos. —  Você entrega naquela casa e eu, nessa à esquerda. Logo ao amanhecer, eles enviaram as cestas para as pessoas necessitadas.

— Tudo bem, e o que eu digo?!

— Feliz natal, o que acha?! — disse ironicamente, descendo as escadas e já tomando o seu rumo.

Fui até a casa em que Sooyoung pediu e toquei a campainha. Um homem um pouco mais velho me atendeu e eu estendi a cesta.

— Olá, sou moradora daquele prédio e vim trazer a cesta beneficente! Feliz natal!!

— Obrigada, mas... Pra quê isso?!

Gelei.

Eu achei que fizessem isso todo ano, como Sooyoung tinha dito.

— Errr... Fazemos isso todo ano, não?!

— Ah! Desculpe, é que eu me mudei há alguns dias, ainda não sei dos costumes e tradições.

— Tudo bem, acho que toquei na casa errada, são os voluntários que fazem a doação. Mas não tem problema, feliz natal!

— Obrigada!

Ele fechou a porta e eu voltei para a calçada.Me virei de costas para a casa em busca de qual fora aquela que Sooyoung apontou me pedindo para entregar a cesta até ouvir a porta se abrir de novo. Passos rápidos e nervosos caminharam atrás de mim e eu senti medo de ser aquele homem. Eu deveria ter tido mais atenção, Sooyoung foi clara ao dizer qual era a casa que eu deveria entregar, qual era o meu problema?! Por que fui desatenta?! Eu estava na mira de velho e minhas pernas tinham fraquejado, para piorar a situação.

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