[07] Ônibus.

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Ah, a escola! Os treze piores anos da vida de uma pessoa, sem a menor sombra de dúvida.

É um ambiente tão tóxico. Eu mesmo passei a reproduzir certas atitudes reprováveis às vezes, mesmo que seja sem querer, e não consigo expressar qualquer desejo de mudar minha personalidade imperfeita por agora.

— Bom dia, Jeon! — exclamei assim que Jeongguk chegou na parada de ônibus, logo notando sua cara de poucos amigos. — Ué, o que houve com você?

A princípio, achei que Yoongi e seus meio irmãos fossem conosco no transporte, mas eles saíram mais cedo com sua mãe. Terei de admitir que foi estranho não tê-lo por perto durante a manhã, me fazendo companhia, e ele não respondeu meus e-mails ontem...

— Ter de voltar pra lá e ver a cara feia do Taehyung me enche de nervos. — Meu amigo resmungou. — Queria que ele sumisse.

Nunca entendi exatamente o motivo pra Jeongguk detestar tanto o pobre Taehyung, eles até costumavam manter uma relação amigável e bem próxima, no nível de intimidade que temos entre nós dois! Mas, depois de uma festa do pijama na casa do Kim, no começo do colegial, eles passaram a viver em pé de guerra.

— Não diga essas coisas. — Fiz uma careta devido a sua péssima escolha de palavras, avistando o transporte ao longe. — O ônibus está vindo. Não se atreva a fazer confusão lá dentro por causa de uma birra, você é melhor que isso. Eu sei que é. — Murmurei a última parte, lembrando de algumas brigas que tive o desprazer de presenciar graças ao Jeon.

O ônibus estacionou e eu embarquei ao passo em que Jeongguk ficou parado por mais um período, pensativo, até o motorista chamar sua atenção de um jeito grosseiro.

Por um tempo, eu fui alvo de bullying no colégio devido à aparência e às notas que tenho, recebia xingamentos e até violência física por pura bobagem, e Jeongguk viu tudo isso acontecendo. Ele sempre esteve lá, me apoiando e até me protegendo em algumas situações. Era um bom amigo, de verdade.

O fato de que ele acompanhou tudo que me aconteceu me fez pensar, por anos, que ele seria incapaz de fazer aquelas coisas com alguma outra pessoa. Entretanto, para o meu completo pavor, constantemente lhe enxergava tirando sarro de Taehyung sem motivos, ao que tudo indica...

— Não vou brigar com ele. — Jeongguk afirmou, baixinho, quando nós já estávamos na metade do caminho até o lugar que comumente ocupamos. — Sério.

Sorri fracamente para si, me sentando ao lado da janela.

Durante o percurso até a escola, alguns outros amigos de Jeongguk foram subindo e ele aproveitava para cumprimentá-los.

Observei, de longe, suas expressões e comportamentos. Ele até parecia outra pessoa, alguém muito distante do garoto que grava vídeos caseiros de terror comigo no quintal dos fundos de casa.

Está tão bonito... Sempre foi, na verdade.

Mas, sabe, as coisas parecem estar em um momento de mudanças entre nós. Digo, na forma como eu lhe vejo.

Não tem nada a ver com o fato de ele ser um bully em potencial, embora esse assunto vá continuar me perseguindo até chegar em um ponto onde não poderei mais evitá-lo. Mas a principal questão aqui é que não me sinto mais tão estranho perto dele.

Percebi isso agora, quando nossas mãos se tocaram e meu coração permaneceu calmo.

Só conseguia pensar em Yoongi.

Mais especificamente, naquele momento em que ele estava sorrindo no quintal durante as nossas filmagens. Devo ter assistido aquele frame dezenas de vezes, sentindo sensações esquisitas que nunca senti antes à cada vez que a cena se repetia.

Queria muito saber o que estava acontecendo comigo, ou melhor, o que Yoongi estava fazendo comigo.

— Acorda, cara. — Recebi um soquinho fraco no ombro, notando Jeongguk em pé. — Nós já chegamos, temos que ir.

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