[15] Bom sentimento.

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Estou começando a me sentir um dependente de uma droga muito pior que a maconha — que, inclusive, não tornei a usar —, e essa droga se chama, obviamente, Yoongi Min.

Era o terceiro período, mais um e nós poderíamos ir pro intervalo. Estava tão irritado naquela manhã que saí sem nem fazer a refeição mais importante do dia, mas, depois que o ódio passou, fiquei com uma fome desgraçada.

Pelo menos, nesse período, estava junto de Yoongi, sentado perto de si. O plano era prestar atenção na aula, mas, ao invés disso, o hyung ficou fazendo graça, brincando, e até jogou um aviãozinho de papel na minha cabeça.

Não aguentei e comecei a rir nesse último, porque, quando você está na aula de matemática, um papel caindo lentamente no chão, juntamente da risada baixa de seu amigo, se torna a coisa mais hilária da face da Terra.

— Jimin Park! Yoongi Min! — como já era esperado, o professor chamou nossa atenção. — O próximo que rir vai parar na diretoria, estou avisando!

Acontece que o professor Mitzvargell, além da aparente richa com Jeongguk, também tem uma veia saltada — só que, diferentemente de Yoongi, a veia dele não é saltada no braço, mas na testa. E ela pulsa. E, como disse, tudo fica engraçado na aula de matemática, então, quando a veia da testa dele pulsou, nós começamos a rir.

Nunca teria me metido naquela situação, se Yoongi não tivesse feito graça, e eu, como um verdadeiro idiota, fosse todo feliz rir das bobagens dele.

Achei que fosse ser o meu fim, que eu ia falecer ali, assassinado pelo Mitzvargell, mas, pra minha surpresa, Namjoon Kim, o cara nerd que vendia os doces na festa, começou a rir também, e logo os outros alunos acompanharam ele. O inimigo de Jeongguk não poderia mandar toda a turma para a direitoria, isso estava bem longe dos limites dos poderes dele.

Depois de um tempo, ele simplesmente mandou a gente se acalmar, e, aos poucos, nós o fizemos. Então Namjoon, que estava sentado na fileira ao lado da nossa, se inclinou um pouco, nos chamando.

— Valeu, cara, te devemos um favor! — agradeci, e Yoongi confirmou.

— Não me devem nada, baixinhos. — Já perdi a consideração. — Mas, sendo sincero, eu só ajudei vocês por causa do mangá de Yu Yu Hakusho aí em baixo da sua mesa. — Apontou pra mesa de Yoongi, que imediatamente lhe pegou.

— Você gosta também? — perguntei, confuso, pro hyung.

— Só de alguns aqui e ali. — Yoongi sorriu bobo com isso.

— Deveria ter me dito antes! Nós podíamos estar fazendo jutsus juntos há tempos. — Falei falsamente zangado com ele, que riu. — Inclusive, me empresta essa edição de Yu Yu, porque eu só tenho os primeiros volumes.

— Espera. — Namjoon parou pra pensar por um momento, rindo depois. — Vocês, os dois, gostam desse tipo de coisa?

— Sim. — Yoongi e eu respondemos ao mesmo tempo, em perfeita sincronia.

Acho que Namjoon nunca tinha encontrado ninguém que gostasse assumidamente de animes, ou de ficção relacionada com delinquentes de quatorze anos que morrem tentando salvar crianças ou ninjas emos. Eu também confesso que fiquei surpreso quando descobri que Yoongi gostava, ele vai do oito ao oitenta em menos de um segundo, não é possível.

[° ° °]

Naquele mesmo dia, passei horas conversando com quase desconhecidos. Namjoon nos apresentou aos seus amigos e nós fomos passear por aí, Yoongi ao meu lado com aquele seu sorriso tão bonito.

É interessante essa sensação, sabe, de ter um lugar ao qual pertencer — eu sei que parece bobo dizer isso só porque achei uns garotos que também são fãs de anime, mas foi a primeira vez na vida que pude ser eu mesmo, sem tirar nem acrescentar nada na minha personalidade, com alguém que não fosse Jeongguk.

Estava me sentindo tão bem.

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