[17] Omelas.

419 80 82
                                    

Quando acordamos, quase oito horas da manhã, pouco tempo depois de tudo, nem Yoongi nem eu estávamos naquele pique para ir pra aula.

— Sinto muito por te envolver nisso tudo. — Ele disse, em pé diante da minha cama, assim que eu saí do banheiro. — É que você ainda continua sendo a única pessoa na qual confio, entende?

— Yoongi, nós somos amigos. — Lhe lembrei, sorrindo gentil.

— Eu sei. — Sorriu tímido. — Ei, não retiro, muito pelo contrário, eu torno a afirmar que você só pode ser o meu anjo.

— E você é o meu. — Abri os meus braços, e confesso que fiquei surpreso quando ele se encaixou ali, centímetros mais baixo que eu.

Sentia uma sensação de frio na barriga misturada com uma aceleração exagerada no coração, e uma certa dificuldade pra que o ar saísse e voltasse normalmente.

— Gosto quando você é mais carinhoso assim comigo. — Contou, se afastando. — Pode continuar, viu?

— Eu vou tentar, sim.

— Jimin, você está atrasado para ir para a escol… — Minha mãe entrou, de supetão, no quarto e quase gritou quando viu o hyung ali, ainda de pijama. — Jimin, o que Yoongi está fazendo aqui?

— Senhora Park, não fique brava com ele, fui eu quem veio pra cá. — Yoongi se pronunciou.

— É, mas fui eu quem deixou. — Confessei.

— Jimin Park, você sabe que eu deixo seus amigos virem aqui tranquilamente, desde que você me avise antes! — me xingou. — E vocês dois provavelmente foram dormir tarde, acordaram em cima da hora, e agora vão perder o ônibus! — bufou. — É bom que você tenha uma boa explicação, Jimin!

— Mãe, eu… — O que eu poderia falar?

— Senhora Park, eu convenci Jimin a me deixar entrar ont… bom, tecnicamente foi hoje, mas continuando. Descobri na madrugada que teria de ficar o feriado com uma pessoa que me trata de um jeito muito ruim, uma pessoa da qual eu não consigo me defender, e entrei em pânico por isso. Então eu vim pra cá, e meti o Jimin nessa minha confusão, e sinto muito por fazê-lo.

A minha mãe pareceu pensativa, e foi visível que ela ficou temporariamente em choque com tudo o que havia sido dito tão de repente.

— E, mãe, ao invés de Yoongi ficar com essa pessoa, eu pensei de você convencer a mãe dele de que nós já havíamos decidido levá-lo junto conosco pra Orlando. — Expliquei.

Novamente, ela ficou surpresa. Nos seus olhos, podia ver que ela sabia de algo que eu não sabia a respeito daquilo que Yoongi tinha contado.

— Ah, Yoongi, eu sinto tanto... — Ela o abraçou e começou a chorar, enquanto eu só fiquei observando, confuso. — A sua mãe sabe que ele te trata desse jeito, pequeno?

— Não, e ela não precisa saber. — Por alguma razão, sinto que esse homem não é só um pai muito rígido... — Não agora, no mínimo.

— Vou ver o que eu posso fazer, mas definitivamente não vou te deixar ir com esse monstro, tudo bem? — ela lhe encarou nos olhos quando o disse, ao que eu me sentei na cama. — Venham, vou arrumar o café da manhã pra vocês, e vou dar uma justificativa pra escola ainda hoje.

— Muito obrigado mesmo, senhora Park, pelos quatro favores. — Yoongi agradeceu, e eu desisti de tentar entender.

— Quatro? — minha mãe perguntou, agora também confusa. Começamos a nos encaminhar para a cozinhar.

— Uhum. — Ao chegarmos lá, Yoongi e eu nos sentamos na mesa de café da manhã e aguardamos. — Por não me deixar ir com ele, por não nos matar pela minha entrada furtiva em sua casa, pela justificativa — me encarou, os olhos brilhando, o queixo apoiado nas mãos, e os cotovelos na mesa, com aquele bendito sorriso estampado no rosto — e por ter colocado Park Jimin no mundo.

yellow list | yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora