PENSAMENTOS DE TIM

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"Respeite o seu tempo."

Deixar Gugo na Lagoa dos Patos por algumas horas vai ser o que precisa para sair da toca. Quem sabe ele até tira o tênis e coloca os pés na água. Quem sabe até conhece alguém? Esse meu amigo é tudo de bom, ele só não sabe disso. Fica remoendo, agonizando, sufocando o insufocável. Mas está no caminho, e isso é o que importa. Seu movimento de quebra e mudança já começou há alguns meses e cada dia está melhor. Meu papel foi esse e espero que possa sempre se lembrar de que é capaz de seguir de forma leve e positiva.

Mal sabe ele, o quanto sua visita a Homero fez bem ao dois. Gugo vê em Homero o que não quer se transformar e Homero vê em Gugo, como era e como saiu da estrada nos últimos anos. Entocando-se de forma a se isolar do mundo. Como se ele fosse auto-suficiente. Como se, nem do sol precisasse.

Desde sempre, sinto que meu papel na vida de Gugo foi de tirar o peso de suas costas. Mas não tirar de forma a pegá-los pra mim, mas sim de mostrá-lo que podem ser vistos de forma diferente. De forma leve.

Leve, solto e sem preocupação, como estou me sentindo agora. Nada além de mim, minha moto e o ar que bate em meu rosto. Nada além de estar no aqui e agora. Nada menos do que tudo o que me faz feliz. Minha alma fica assim sobre minha moto.

A luz do sol, quase me cega, na posição em que estou virado. O piscar de sombras e brilhos criado pelas folhas das árvores que fecham o teto da estrada prejudica parcialmente minha visão mas isso não é um problema. A estrada sinuosa deixa o passeio mais divertido. Uma curva, um estrondo, uma pausa e um silêncio. Tudo parou. Um zumbido e tudo muito claro. Tão claro como olhar para o sol em meio à nuvens finas e brancas. Claro de cegar. O silêncio novamente e não entendo bem o que está acontecendo. Sem o vento, sem o som, sem medo, sem meu corpo. Algo aconteceu e realmente não consigo entender. Não consigo lembrar. Tento ver algo, tento cheirar, tento escutar. Nada. Por isso congelo na posição que estou até conseguir ver algo. Sentir algo. Cheirar algo. Consigo ver minhas mãos, meu corpo, meus pés. Consigo saber quem sou e de onde vim, mas não pra onde vou. Consigo saber que não estou mais lá. E assim, deixei de ser e estar. E assim, fui.

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