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Márcia Patricia

Ando mais irritada que o normal, se são os hormônios não sei dizer precisamente.

Sendo que duvido que seja "falta" da companhia que tive desde que vim morar aqui, me acostumei com sua presença, suas manias, seus sons quando estavam concentrados ou dormindo.

Nunca fui de dormir com outra pessoa, nem nos meus relacionamentos anteriores, eu dormia com eles, o que acontecia no máximo era passar o resto da madrugada ou algumas horas.

Entretanto tudo mudou desde a primeira semana que dividi a cama com o tio de meu filho. Mudou quando meu corpo procurou pelo seu em uma noite de tempestade. Mudou quando sentir seu braço em minha cintura.

E agora não consigo dormir nessa cama imensa, fria e solitária, nem colocando os travesseiros de um lado me sinto bem.

" Vai lá " " Bate na porta e pergunta se pode dormir com ele " " Deixa de ser mole".

É o que ouço do meu subcontinente.

Fico de pé olhando para a porta que me chama, ando até a madeira e volto para cama, repito várias vezes o caminho. Chego a porta com a mão estendida quase pegando a maçaneta e volto para a cama, numa dessas voltas escuto som de motor, ando até a janela e o vejo saindo em uma moto.

O que me deixa surpresa, pois não sabia que ele tinha moto e que nem pilotava.

" Vai dormir sozinha, lá lá lá lá " debocha meu subcontinente.

- Quem disse? - procuro o número de telefone de um amigo.

- Alô? - sua voz grossa se aninha em meus ouvidos.

- José Roberto? - sento na cama esperando sua resposta.

- Sim, quem deseja? - escuto o engolir alguma coisa.

- Márcia, er a Pati. - mordo o lábio.

- Pati, quanto tempo. - sua voz fica alegre me contagiando. - O que manda? - engole mais alguma coisa.

- Faz tempo mesmo, queria saber se não quer vim me visitar? Tipo agora? - canso de ficar sentada e vou para a varanda.

- Com certeza, chego em dez minutos. - agora ouço barulho de água.

- Não estou no mesmo endereço, se quiser posso mandar por mensagem. - fico admirando o balançar das folhas.

- Manda sim, só vou tomar banho e chego o mais rápido possível. Até daqui a pouco. - desliga a chamada e mando o endereço.

Olhando para toda a propriedade vejo a casa da piscina e caso eu vá fazer algo, não quero que a Fernanda ou o Carlos escute, quero ter um pouco de privacidade.

Vou até a pequena casa que se parece mais meu quarto com uma cozinha, que uma casa, vejo o que falta e o que já tem, volto para a cozinha e em uma sacola levo frutas, duas marmitas, três garrafas d'água, já no meu quarto pego duas toalhas, um jogo de lençóis novos.

Organizo tudo, penso melhor e vou buscar mais duas marmitas, nessa hora toca o interfone.

- Sim? - olho pelo pequeno monitor que fica ao lado.

- Tem um rapaz aqui dizendo que veio visitar a dona Márcia. - o porteiro não sai de sua guarita.

- O nome?

- José Roberto.

- Pode deixar entrar e boa noite.

- Boa noite senhora. - continuo olhando as imagens até ele sumir.

A Mãe do meu SobrinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora