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Adriana 

Espero que o João lembre desta viagem, pois é de máxima importância que ele se lembre.

- Que foi para a Áustria?.  

- Sim. - engulo seco com o que vou dizer agora. - Na verdade eu não fui para viajem nenhuma.

- Como assim? 

- Eu fiquei no Brasil, só mudei de estado, fui para o Maranhão e passai estes dois anos lá, precisei passar esse tempo para esconder minha gravidez. - vejo sua expressão mudar completamente.  

- Gravidez? - aperta o estofado. - Minha? - vejo seu peito subir com uma respiração funda.

- Na verdade, sim. - escondo o rosto com as mãos.

- E meu filho está no Maranhão? Porque não me contou que estava gravida? Se fosse por medo de que eu não fosse assumir, é claro que eu iria dar sobrenome para esta criança e todo carinho que tenho.

- Não foi por isso. - ainda com o rosto escondido lhe respondo. - Eu estava a um passo da carreira internacional e engravidei. - jogo os braços.

- Aí resolveu esconder? - levanta e anda de um lado para outro.

- No começo eu pensei em tirar. - o vejo fechar os olhos. - Mas não tive coragem de ir até o fim, por isso fui para o Maranhão para casa de uma tia distante e fiquei lá até a menina desmamar.

- Uma menina? Eu tenho uma filha! - passa a mão no rosto. - E eu nem sabia da sua existência, PORRA. - grita e joga o arranjo que fica na mesa de centro contra a parede. - Onde ela está? - vai para o outro lado da sala.

- Morta. - prendo a respiração ao lembrar do pior dia.

- Tia? - chamo a mulher que me deu abrigo por todo este tempo. - O que tem de errado? - mexo o pequeno embrulhado nos braços.

- Deixe-me ver. - toma a criança dos meus braços, leva a barriguinha até o ouvido escutando por alguns segundos, deita o corpinho na cama apertando a barriga, vira a bebê e bate devagar nas costas. - Ela está doente e não tem muito tempo. - simplesmente caio perto da cama.

- Morrendo? Meu bebê está morrendo? - a primeira lágrima cai.

- Ela nasceu com o coração fraco. - o olhando de rabo de olho vejo que está parado e me olhando incrédulo.

- E porque disse que tinha ficado com ela até o desmamar?

- Essa parte é verdade, ela morreu com seis meses de vida. - sinto as lágrimas descerem.

- Se tivesse me contado ela poderia.

- Os seus "ses" não vão importar agora, pois ela nasceu assim e ficou comigo assim. - grito, já cheia destes "Ses".

- Se a criança não está mais entre nós, o que veio fazer aqui? - cruza os braços.

- Por motivos de que quero lhe apresentar seu filho.

- Filho? Não era filha?

- Foram gêmeos e o menino nasceu com a saúde e corpo perfeito.

- E onde caralho ele está?

- Você já o conhece.

- Onde ele está?

- Lembra do menino que abriu a porta do seu carro?

- Você... Você... - ele dá um passo atrás como se temesse falar.

- Sim. - tenho apenas tempo de abaixar a cabeça, pois um abajur passa centímetros dela. - Ficou louco?

A Mãe do meu SobrinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora