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Adriana

Olho a porta em minha frente mentalizando tudo de bom que passei essa noite.

Estar com o João é o melhor momento de todo o meu dia, nem trabalhar me dar tanto prazer assim.

Sou feliz em trabalhar com o que gosto, ser fotografada de vários ângulos, ter uma equipe a minha disposição.

Amo ser modelo fotográfica.

Nunca esqueço como comecei nesse ramo, foi através de um olheiro que estava na faculdade atrás de novas modelos. Passei nas primeiras fases com glória, mas ao ir para a passarela não deu certo, pois noa tenho tanta altura assim e nem estava dentro das medidas pedidas.

Fiquei meses sem trabalho, nenhum doa responsáveis da agência ligou ou mandou email. Passaram se anos, já estava no último período de letras quando outro olheiro veio falar comigo e propôs uma campanha fotográfica da nova coleção da próxima estação.

Depois dessa campanha vinheram outras e outras, mas não foi fácil, pois depois da quarta não apareceram trabalhos. Corri atrás do tempo perdido das aulas e me formei.

Como os pais do João sempre me diziam, essas fotos podem ser para todo o sempre, como podem acabar amanhã. Mas um diploma com estágios em seu currículo é sua passagem para um emprego duradouro.

Eu amava o senhor Santos, o tinha como um segundo pai. Todos os seus conselhos eu guardava no coração, alguns anotava e pendurava nas paredes do meu quarto, para que ao acordar eu os lesse e tivesse um dia maravilhoso.

Seis meses depois de formada o dono da agência me ligou para tratar de assuntos profissionais e estou até hoje na mesma agência, sendo procurada pelas mais diversas marcas de roupas, jóias, carros e o que sua imaginação permitir.

Voltando a realidade abro a porta e o vejo em sua cadeira bebendo seu uísque escocês.

- Demorou. - sua voz grave que antes me dava arrepios, hoje me causa enjôo.

- Fui na agência ver como ficaram as novas fotos. - ponho a bolsa na poltrona e me sirvo uma dose.

- O João Carlos disse algo que podemos usar? - nem me surpreendo mais com suas suposições de que encontrei meu amante.

- Nada de especial. - sento em sua frente. - Como sempre. - bebo o gole.

- Só quis usar seu corpo. - conclui o que venho lhe dizendo durante esses meses.

- Lembrei. - repouso o copo na mesa da frente.

- Sim … - faz movimento com a mão, pedindo que eu continue.

- Ele vai ganhar um sobrinho e que a mãe do bebê está morando em sua casa. - sua expressão se iguala a minha de ontem.

- Quando imaginei que o Carlos seria pai, seria bem depois do João. - aquele sorriso irônico está em seus lábios.

- Se me der licença. - fico de pé pegando a bolsa.

- Toda. - só não corro como me pedi o cérebro, para dar o gosto a ele.

Maldita hora em que aceitei sua ajuda no pior momento da minha vida. Momento em que estive mais fraca, mentalmente e fisicamente.

Agora não posso sair do nosso acordo, já que ele é o único que sabe disso e pode usar contra mim, tanto no campo dos negócios quanto no campo amoroso.

Pois sei que o João não iria me perdoar caso soubesse, fora a sociedade que cairia em peso sobre mim.

Ditando o que é certo e errado, o que eu fiz não vai de acordo com as leis da Sagrada Igreja, que terei que responder perante ao juiz e sofrer as consequências ainda em terra, e depois sofrer a punição divina quando morrer.

A Mãe do meu SobrinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora