Be Alright

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acostumando vocês muito mal, duas atualizações essa semana.
Não conseguindo escrever All For You, muito triste por isso, atrasando minha ficzinha.
Sinto muito por quem ta acompanhando ela tbm, mas ta foda galera.

Bom, olha o Cap aí. NÃO ME ESPEREM AQUI TÃO CEDO.
Amo vocês.
Boa leitura amores!
Qualquer erro avisem.






20 de maio, 2016

Brunna deixou Ludmilla atrás do colégio, e desceu para o estacionamento. A loira entrou correndo na sala dos professores, parando ofegante assim que viu Renatinho mexendo em alguns papéis, pareciam provas.

- Renatinho! – Falou ainda ofegante e nervosa.

- Nossa, você está bem? – O homem parecia realmente preocupado.

- Não, a última coisa que eu estou é bem!

-  O que houve?

- Preciso conversar com você.

Brunna respirou fundo, colocando sua bolsa em cima da mesa que havia ali.

- Ok, pode falar.

Brunna fechou e trancou a porta, tomou algum tempo respirando fundo e sentou-se na cadeira de frente para o rapaz.

- Você estava certo, eu estou grávida.

Renatinho arregalou os olhos imediatamente.

- Grávida? – Renatinho perguntou nervosamente. – Oh meu Deus, Brunna! Quando, como... Como você descobriu?

- Ludmilla fez panquecas pra mim hoje e eu acabei vomitando por sentir o cheiro. – Passou a mão pelos cabelos, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Meus peitos estão maiores, minha menstruação está atrasada e eu estou muito sensível ultimamente, quando eu acordei hoje, Ludmilla não estava comigo na cama e eu simplesmente surtei! E depois eu...

Brunna falava tudo muito rapidamente, mas se calou quando um novo ataque de náuseas, desta vez bem mais forte, veio. Ela correu até o cesto de lixo mais próximo e vomitou todo seu lanche ali.

- Eca, Bru. – Resmungou Renatinho, fazendo uma careta.

- Eu acho que isso foi os meus dois sanduíches de frango. – Respondeu, mas se arrependeu na hora. Seu cérebro parecia dar voltas e mais voltas, fazendo sua cabeça doer ainda mais.

- Frango? Pensei que não gostasse...

- Sim! Eu não gosto, e então do nada senti uma vontade incontrolável de comer essa porcaria! – Disse nervosa. – Não tem outra explicação, Renatinho!

Ele fico em silêncio, Brunna observou como o amigo processava a notícia, ele ainda mantinha a boca aberta e a expressão chocada.

- O que você vai fazer?

- Preciso ir ao médico, conversar com ele e marcar a primeira consulta pré-natal.

Renatinho engoliu seco percebeu que a amiga não parecia tão desesperada e sabia exatamente o que fazer, na verdade ele podia ver claramente os olhos castanhos brilharem levemente.

- Bru, os sintomas são óbvios, mas você pode estar enganada...

- Não Renatinho, eu tenho certeza que estou! – Disse e parecia feliz com aquela afirmação, deixando o rapaz com mais medo ainda.

- Tudo bem, então você está grávida. – Concluiu, e então cautelosamente perguntou. – Mas... Bru, esse bebê é de quem?

Brunna paralisou. Renatinho começou a ligar uma coisa a outra, Brunna tinha um marido e uma amante, o filho só poderia ser de um dos dois. E esse pensamento fez a loira sentir algo ruim dentro do peito.

- Eu... Eu não sei.

- Você sabe se a Ludmilla é fértil?

- E-Eu creio que sim, ela nunca disse que não era.

- A maioria das mulheres interssexuais não são inférteis? – Brunna engoliu seco e assentiu.

- A maioria das mulheres interssexuais nem pênis tem, e sim uma vagina e seu interior um par de testículos, ao invés de útero e ovários.

Por um momento breve, mas considerável, tudo que o homem fez foi olhar a loira de uma forma esquisita.

- Ok - Renatinho respira fundo - Sem pânico. Vocês precisa marcar uma consulta no clínico geral...

- Não, eu vou hoje. – Interrompeu-a

- Hoje? – Renatinho franziu o cenho.

- Agora.

***

A sala de espera parecia se encolher ao redor de Brunna, Renatinho folheava uma revista ao seu lado e parecia estar em uma paz que chegava a dar inveja em Brunna, que mal respirava, e tremia por dentro. Estava preocupada, de certa forma aflita, não deveria ser assim, deveria ser de um jeito tranquilo. Mas ultimamente nada com a loira estava sendo tranquilo, começando pelos sentimentos recentes que a loira sentia.

- Eu estou assustada, Renatinho. – Disse abaixando a cabeça e deixando os ombros caírem.

- Eu imagino.

- Não, não é por causa disso. – Ele finalmente a encarou, confuso.

- Não? Por que então?

- Eu não sei se quero que esse filho seja dele.

Renatinho abriu a boca e fechou, não sabendo o que responder. Brunna olhou a parede branca percebendo que seu amigo não diria nada, continuou.

- Mas querer um filho dela me assusta mais ainda. – Sussurrou, encolhendo os ombros. – Não quero estragar a vida dela...

- Não acho que você vá estragar a...

- Brunna Gonçalves? – A recepcionista sorridente a chamou. 

Brunna se levantou rapidamente, afobada buscou Renatinho ao seu lado.  Eles entraram na sala atrás da mesa da recepcionista. Renatinho fechou a porta e sentou-se na cadeira de couro ao lado de Brunna.

- Olá novamente, Srt. Gonçalves e Sr. Smith. - A doutora loira sorriu gentilmente. O envelope branco em suas mãos assustava Brunna, não sabia o que poderia vir dali, e ela realmente queria estar certa.

- Olá, Dra. Eliza – Respondeu, sentada na beirada da cadeira – E então?

- Bom, suas especulações estavam certas, Brunna, você está grávida!

Ouvir aquilo fez com que o coração da loira se perdesse em batidas descontroladas, seu peito doeu, mas não era uma dor ruim, era alguma coisa dentro de si. Alguma coisa boa. E então ela sorriu debilmente, e instintivamente abraçou seu próprio ventre como se estivesse protegendo-o de todo o mal.

- Há quanto tempo... - Perguntou encarando sua própria barriga coberta pelo tecido da camisa.

- Aproximadamente 5 ou 6 semanas, você só terá certeza do tempo de gestação com uma ultrassonografia, mas não é menos que isso.

- Um mês e meio? – Brunna perguntou assustada, e foi com aquele pensamento que um pânico crescente tomou conta da loira. – Ai meu Deus, eu tomei anticoncepcional por um mês e meio?

- Calma. – A doutora Eliza tentou acalma-lá.  – Qual tipo de pílula anticoncepcional você toma?

- A tradicional.

- Ah sim, tomar a pílula anticoncepcional tradicional, aquela que se toma durante três semanas, seguida de uma semana de interrupção, durante o início da gravidez não faz mal ao bebê. Você só precisa parar imediatamente, os riscos aumentam se você continuar tomando por muito tempo, porque os hormônios contidos na pílula podem afetar a formação dos órgãos sexuais do bebê, algo que ocorre durante o segundo e o terceiro mês de gestação.

- Sim, sim, eu sei. – Disse suspirando aliviada.

- Mas... Como... Como isso é possível, doutora? Bru sempre tomou a pílula certinho... – Dessa vez foi Renatinho quem se meteu.

- Há quanto tempo você toma? – Perguntou a doutora e Brunna ficou pensativa.

- Tem bastante tempo, acho que desde que me casei. – Eliza levantou uma sobrancelha. – Deve ter uns 7 ou 6 anos.

- E você continua tomando?

- Sim.

- Uau, isso é bem incomum, 90% das mulheres depois que param de tomar a pílula, o organismo precisa se estabilizar após esses anos todos.

- Exatamente! – Disse como se entendesse totalmente do assunto. “Bióloga” pensou Renatinho revirando os olhos.

- Mas há casos que os outros 10% podem conseguir de primeira ou levar um tempo menor para conseguir a gravidez. Acho que esse foi o seu caso.

- Mas doutora, eu não parei de tomar o anticoncepcional.

- E nunca esqueceu de tomar a pílula quando teve relações?

Brunna pensou. Então foi como um estalo dentro da sua cabeça quando ela lembrou o único dia em que havia, de fato, esquecido de tomar a pílula. Justamente quando sua cartela havia acabado uma semana antes, ela começaria uma cartela nova exatamente naquela ocasião. Mas as circunstâncias obviamente distraíram a loira, fazendo-a esquecer completamente de comprar a cartela. O que correspondia, justamente, ao dia em que ela havia ido até a casa de Ludmilla, depois de ter uma breve discursão com sua mãe. 6 semanas atrás. Batia. E muito.

- Na casa da Ludmilla... – Começou, olhando para o Renatinho e ignorando totalmente a doutora. – Uma vez eu esqueci e eu e a Ludmilla.. Bom... – Renatinho assentiu indicando que tinha entendido. – Mas eu tomei a pílula do dia seguinte, isso é impossível!

- Desculpa... – Pigarreou. – Você disse Ludmilla? No feminino? – As bochechas da loira ficaram imediatamente vermelhas e ela apenas queria se esconder em algum lugar para nunca mais poder sair. Como ela explicaria aquilo?

- M-Minha... Minha namorada, ela... ela é interssexual. – O peito da loira se sentiu aquecido ao dizer aquelas pequenas palavras.

- Oh... Pensei que fosse casada.

- Eu sou! Quer dizer, eu era. Estou em processo de separação, digamos assim...

- Ah sim, entendi. Bom, não tenho nada haver com sua vida pessoal, o que posso garantir nesse momento é que você está grávida, sim.

Brunna sorriu novamente ao ouvir aquilo. Mordeu o lábio inferior logo depois, impedindo que o sorriso tomasse conta do seu rosto, mas Renatinho segurou sua mão por debaixo da mesa, reconfortando-a e lhe garantindo que estava tudo bem.

- A pílula do dia seguinte, raramente falha. É um caso muito raro, raro mesmo. Mas acontece, infelizmente. Ou pelo o que posso ver no seu sorriso, felizmente, devo dizer?

Brunna sorriu ainda mais e apenas assentiu, envergonhada.

- Bom. – Disse a mulher loira. – Agora a primeira coisa que você deve fazer é procurar um obstetra. Eu posso indica-lá minha esposa, ela vai guiá-la melhor e você pode marcar uma consulta para essa semana mesmo.

- Por favor. Seria muito gentil da sua parte. – Brunna falou agradecida e a doutora tratou de anotar algo em um pequeno cartão e entregá-la.

- Tudo bem, mais alguma dúvida, Brunna?

- Não, obrigada doutora.

Já no carro, Renatinho tentava manter uma conversa descontraída com a loira no caminho, mas ele ainda podia perceber que Brunna estava preocupada. Ele também estava, é claro, mas agora era como se finalmente a ficha da loira estivesse caindo, então Renatinho não ficou surpreso quando Brunna começou com as perguntas.

- O que eu vou fazer, Renatinho?

- Primeiro você precisa contar para ela. Depois, você precisa pedir o divórcio, fato esse que já passou da hora.

- Não! Isso é um choque de realidade muito grande pra mim agora! 

- Pensasse nisso antes de abrir as pernas e deixar ela gozar dentro!

- Mas é tão delicioso...

- Eu não precisava saber disso! – Exclamou, fazendo uma careta. – Onde você estava com a cabeça, hein Bru? – Renatinho olhou-a assim que parou no sinal vermelho. – Você transou com uma garota que era sua amante e que tem um pênis, e não usou camisinha? O quanto irresponsável isso foi?!

Brunna fechou os olhos, respirando fundo.

- Foi na primeira vez, ela estava quase gozando e pediu pra gozar dentro. Eu nunca senti tanto tesão na minha vida quando ela pediu aquilo, Renatinho. – Suspirou, lembrando-se da primeira vez com Ludmilla. – Então eu simplesmente deixei, depois obviamente bateu o arrependimento, mas ela garantiu que não tinha doença nenhuma porque fazia exames periodicamente por causa das suas condições. E porra, eu parei pra pensa depois e aquilo era tão bom, sabe? Eu nunca senti...

- Então toda vez que vocês transavam ela... – Fez mais uma careta e Brunna assentiu.

- Se você tivesse a sensação de Ludmilla gozando dentro de você, me entenderia perfeitamente.

- Eca!

- Você é gay, então entende.

- Olha lá a heterozona, você é muito mais gay que eu. Aliás está mais lésbica ultimamente.

- É... agora eu estou sendo completamente e intensamente lésbica. – Brunna suspirou, sorrindo em seguida ao abraçar seu ventre com carinho. – Será que é um menino?

- Deixa eu ver na minha bola de cristal. – Renatinho falou sarcástica. – Oh espera, eu não tenho bolas, mas sua namorada deve saber.

- Idiota! – A loira disse saindo do carro assim que Renatinho estacionou em frente a sua garagem.

Já dentro da casa a loira optou por tomar um banho e esfriar um pouco a cabeça, enquanto o rapaz prepararia uma refeição leve para a amiga. Mário Jorge ligou preocupado perguntando sobre Brunna, e Renatinho garantiu que ela estava bem, mas omitiu a verdade, pelo menos por enquanto.

Milhões de pensamentos borbulhavam dentro da cabeça da loira. Dentre eles dúvidas, medo e... alegria. Sim. Ela estava feliz.

Ela estava grávida. Aquilo era assustador e maravilhoso. Ela estava grávida de Ludmilla. Ela teria um filho dela, com suas manias, uma criança que se pareça com elas e que a chamaria de mamãe.

Instantaneamente Brunna repousou as mãos sobre a barriga outra vez, sentindo a água morna escorrer por seu corpo e se sentiu relaxada. Olhou debilmente para o lugar, sentindo alegria, ansiedade e o desejo de proteção, tal qual qualquer fêmea no mundo protegeria seu filhote.

Brunna fechou olhos e as batidas aceleradas do seu coração se acalmaram gradativamente. Respirou profundamente de forma repetida e saiu do box assim que terminou seu banho. Se enxugou rapidamente de qualquer jeito, por conta do frio que atingira seu corpo quente. Vestiu o conjunto de moletom que havia deixado atrás da porta e saiu, sentindo-se exatamente bem e confortável.

Para a sua total surpresa, ao descer as escadas a loira deu de cara com quem menos esperava encontrar naquela manhã de segunda-feira.

- Rômulo. – Ofegou. Ele que estava distraído com a televisão da sala, encarou Brunna por algum tempo, provavelmente pensando em como começaria a conversa.

- Oi, Bru. – Sorriu sem mostrar os dentes. – Renatinho já me contou.

- Ele não deveria ter feito isso.

- Deveria sim. – Disse a loira ao entrar da cozinha para sala

- Renatinho! – Falou já ficando desesperada e sentindo uma vontade incontrolável de chorar. – Por você fez isso?

- Calma, Bru. Eu não vou contar para a Ludmilla.

- Por favor...

- Mas você precisa contar.

A loira sentiu um leve arrepio percorrer sua espinha e então seus olhos começaram a lacrimejar rapidamente.

- Não sei se devo contar a ela... - Começou, pensando realmente pela primeira vez na possibilidade daquela notícia não ser recebida da forma positiva como seu coração desejava e então tudo aquilo ser recebido de uma forma errado.

- Ela precisa saber! Você não fez sozinha, Brunna. Ela também será mãe.

- Ela só tem 18 anos, Renatinho! Ela tem planos e uma vida pela frente... Ela é só um bebê – "o meu bebê" Brunna concluiu em pensamento. A loira olhou-a como se ela tivesse falado algum absurdo. – Um filho é muito assustador nessa idade, eu posso cuidar dele sozinha...

- Não, você não pode. Ludmilla não é mais uma criança e...

- Ok, chega Renatinho. – Rômulo interrompeu. – Senta aqui, Brunna.

Rômulo puxou-a delicadamente pelo braço, fazendo-a senta-se na sofá confortável.

- Vamos conversa sobre isso, ok? – Ele falou olhando no fundo dos olhos castanhos. – Ludmilla perdeu a mãe com 16 anos de idade. Quando era pequena e descobriram sua real condição, ela sofreu bullying até dizer chega! Ela entrou para a academia de artes macias e começou a encarar todos aqueles que a chamavam de aberração. Ludmilla não é uma criança. Isso você pode ter em mente. O pai dela virou alcoólatra depois que perdeu a mulher e ele não trabalha, apenas recebe sua aposentadoria, e adivinha? Gasta tudo com álcool, todos os dias. – Brunna arregalou os olhos, e Rômulo respirou fundo antes de continuar. – Ludmilla teve que criar uma responsabilidade e uma maturidade que muitas pessoas adultas hoje em dia não tem, está me entendendo? Ela não é a Ludmilla uma garota de 18 anos sem maturidade ou responsabilidade que sua única preocupação é quando será a próxima prova de matemática. Ludmilla é muito mais que isso. Ela trabalha e sustenta a própria casa, ela assume tudo aquilo que é de sua responsabilidade. Então se ela fez esse filho. Eu posso te garantir Brunna, ela vai assumir e ainda vai bater no peito com orgulho.

Brunna suspirou, negando com a cabeça.

- Mas ela confiou em mim. Eu falei que usava anticoncepcional e não tinha chance de engravidar. Como eu explicaria isso pra ela? Eu esqueci te tomar a pílula, a culpa é minha.

- Mas o filho é dela! – Rômulo falou imediatamente. – É dela e seu. Não importa o que aconteceu. Ludmilla tem que saber, porque é do direito dela também.

- Acidentes acontecem, Brunna. – Renatinho que estava calado, finalmente se pronunciou.

Brunna enxugou alguma das lágrimas e permitiu-se relaxar os ombros. Ela estava grávida. Havia alguém ali dentro da sua pequena barriga. Alguém que ainda era um pequeno feto, mas que talvez já fosse o ser mais importante da sua vida. Alguém que era dela, e que carregava um pouco de Ludmilla também. Sua preta. Brunna sorriu. Sua preta ficaria feliz pela notícia? Ou será que ela poderia achar que Brunna havia feito aquilo apenas para que ela não a deixasse? Ou pior, será que ela iria achar que a loira estava grávida de Christian? Será que Ludmilla pediria para que ela não tivesse aquele filho? Para que tirasse o filho que unia Ludmilla e ela em um único e pequeno ser?

"Não, não, não. Claro que não, Brunna! Para de ser paranoica, Rômulo acabou de falar que ela nunca faria isso!"

- Ok... Eu vou falar com ela.

"Só não sei quando" pensou a loira.

(...)

24 de maio, 2016

- Não olha pra ela, porra! Olha pra mim, seu merda. – Ludmilla esbravejou.

Com um movimento rápido, Christian tentou golpear Ludmilla com um soco na altura do seu queixo, mas ela foi muito mais rápida e desviou, dando um soco no estômago dele em seguida, fazendo-o cair no chão.

- LUDMILLA! PARA! – Brunna gritou, já ficando completamente nervosa.

Ludmilla não escutou ou fingiu não escutar, sentou sobre o tronco do homem e desferiu um soco no seu nariz, depois outro e outro. O sangue começou a escorrer do rosto dele e a loira engasgou com o próprio chorou.

- Ludmilla! Pelo amor de Deus, para! – Disse chorando desesperadamente. – EU ESTOU GRÁVIDA!

A mão da negra parou no meio do caminho, o soco foi por um triz. Ludmilla encarou a loira imediatamente com os olhos completamente arregalados de surpresa.

- O q-que? – Ludmilla se levantando e caminhando em sua direção. – Como assim grávida, Brunna?

- Grávida, Ludmilla! Tem um filho teu dentro da minha barriga! – Brunna se controlou para não gritar.

A loira observou quando a negra congelou como se processasse a notícia, com a boca aberta e a expressão de choque. Ela puxou e soltou o ar várias vezes tentando se manter calma e pensar no que fazer, Brunna apenas olhava-a com esperança de ouvir algo reconfortante vindo dela, mas rapidamente se entristeceu.

- Puta que pariu! Fodeu, Brunna! – Diferente do que Brunna pensava, aquilo não era uma reação ruim, era apenas uma reação de alguém desesperado.

Brunna se sentiu sem chão, era como ter levado um soco no estômago. Engoliu a saliva e ela tinha gosto amargo da decepção. A loira enxugou suas lágrimas que já não caiam tão desesperadamente e viu quando Christian levantara do chão, ainda cambaleando e com o rosto sujo de sangue.

- Engravidou de uma adolescente, Brunna? – Ele disse fazendo Ludmilla olhar em sua direção e rosnar quando ele fez menção de se aproximar. – Eu realmente pensei que você fosse mais inteligente, ela tem o quê? 20 anos, no máximo? É uma garota de praia, alguém empenhado em consolar uma mulher solitária como você?

Ludmilla riu em deboche e estava prestes a responder, quando a loira disse algo que a pegou de supresa.

- É... Talvez ela seja... – Balbuciou com algumas lágrimas ainda em seus olhos. Ludmilla a olhou incrédula, mas Brunna ignorou. – Isso não é da sua conta. Você deveria ir embora, Christian.

- Ir embora? – Ela riu limpando o sangue que escorria de seu nariz. – Não sei se está lembrada, mas essa casa é minha!

- É nossa!

- Não, meu pai me deu. Você não quer o divórcio? Então não somos mais nada, e a partir do momento em que não somos mais nada, não dividimos nada!

Ludmilla se enfureceu e foi questão de segundos para que um quarto soco fosse depositado dessa vez no olho direito do homem.

- VAI EMBORA DAQUI, SEU CORNO! – Christian que cambaleou, mas não caiu, apenas olhou-a assustado. – Pode deixar que da minha mulher eu cuido.

- Eu vou embora, mas eu vou voltar amanhã de manhã e tudo o que for seu ainda estiver aqui eu vou queimar, Brunna! – Ele falou praticamente gritando. – Eu tenho nojo de você! Sua puta! Eu espero que esse bebê morra dentro da sua barriga!

Brunna se sentiu nauseada e as pernas bambas, seus olhos ardiam pelas lágrimas contidas. Aquelas palavras haviam de alguma forma lhe atingindo completamente. Algo queimou dentro de Ludmilla, uma raiva que nunca havia sentido na vida, era selvagem, cruel. Como um ódio mortal. Ela avançou alguns passos, segurou-o pelo colarinho, rasgando a camisa dele e prensando-o contra a parede.

- Repita, se tiver coragem - ordenou.

- Não gostou do que ouviu? – Debochou. Esse definitivamente não tinha medo de apanhar.

- Se você ousar chegar perto do meu bebê ou da minha mulher, e fizer algum mal à eles, eu juro que eu te mato! – Ela rosnou, batendo com as costas dele contra a parede e depois soltou-o, fazendo gemer de dor.

Brunna olhou para Christian e impressionou-se com a expressão dele. Dor, confusão, desprezo e, principalmente, decepção.

- Não terminamos aqui, mas pode ter certeza que seu cão de guarda vai pagar pelo que fez!

Então ele foi embora batendo a porta com força. Brunna não sabia o que responder. Ludmilla a observava, atenta a cada gesto.

- É melhor você ir também, Ludmilla. – Pediu ela, odiando-se por magoá-la ainda mais.

- É tudo o que você tem pra me dizer? – Perguntou incrédula e magoada. – Aquilo é tudo o que você pensa de mim? Que sou...

- E você, hein? Aquilo é tudo o que tem pra me dizer? – Brunna explodiu, seus olhos arderam de raiva e Ludmilla sentiu o perigo iminente em que se colocara. – "Puta que pariu, fodeu Brunna!"? É tudo o que tem a dizer? - Brunna praticamente cuspiu as palavras - Eu assumo a responsabilidade sozinha, mas que fique bem claro que eu não fiz esse bebê sozinha!

- É claro que não! – Ludmilla falou nervosamente. – Foi um pensamento desesperado! Olha, eu não sei o que fazer tá? Você tem certeza absoluta que está grávida? Tipo, já foi a um médico?

- Sim, Ludmilla. Fui ao médico e tenho certeza absoluta que estou grávida. – Ludmilla suspirou.

- Há quanto tempo?

- Um mês e meio. – Brunna falou e sentiu em sua espinha um arrepiou.

- Certo. – Foi tudo o que ela disse. Ludmilla encarou os olhos castanhos e instantaneamente sua cabeça criou a imagem de um pequeno bebê perfeito com aqueles mesmos olhos castanhos e com aquela mesma rosto delicada da mulher mais velha que ela tanto amava.

Ludmilla piscou lentamente, como se absorvesse o que havia acabado de imaginar. O coração da loira batia descompassado e ela queria que a negra falasse alguma coisa logo, mas tudo o que Ludmilla fez foi continuar encarando-a.

- Você não precisa assumir. – Brunna suspirou desistindo de que ela falasse alguma coisa. –  Eu vou entender perfeitamente.

Aquelas palavras foram como um baque para Ludmilla. Então ela voltou imediatamente para a realidade. Ela chegou mais perto da loira e teve a impressão de ver Brunna recuar um pouco. Aquilo doeu seu peito de um jeito insuportável.

- Não sei que tipo de moleque mimado você acha que eu sou, Brunna. Mas desde que minha mãe morreu, eu, Ludmilla, trabalho para ter meu próprio dinheiro e não fujo das responsabilidades!

Sua respiração estava tão alterada, elas não saberiam dizer quanto tempo ficaram se encarando em silêncio, Brunna se desesperando internamente e a confusão crescendo em seus olhos. Ludmilla umedeceu os lábios e respirou fundo, a loira prendeu a respiração, sabendo que ela iria dizer algo naquele momento.

- Brunna... – Seus olhos estavam cheios de lágrimas e a mulher tentou entender o que aquilo significava. – Eu... – Ela soltou o ar devagar, como se procurasse as palavras certas. – A verdade é que eu não sei o que dizer. Não me leve a mal. Eu fiquei chocada, amor. Mas eu quero que você saiba que eu estou com você, ok? – Ludmilla segurou o rosto latino e grudou as testas uma na outra. 

- Ludmilla, você é tão jovem... – Tentou explicá-la

- E...?  Desde quando isso é motivo para fugir das responsabilidades? Eu tenho 18 anos, ainda assisto Bob esponja, não sou uma mulher como você, que já cursou a faculdade e tem um emprego fixo, mas eu fui mulher de fazer, sou mulher de assumir também.

Brunna não conseguiu mais segurar as lágrimas, algo na forma de Ludmilla tratá-la conseguiu baixar suas barreiras mais fortes.

- Eu não sei o que fazer, não faço a mínima ideia! Mas eu estou com você. – Ludmilla repetiu as palavras. – Eu quero esquecer tudo o que aconteceu e criar essa criança. Nosso filhote. – Ludmilla sussurrava com as palavras carregadas de carinho e seriedade – Eu vou assumir vocês dois, não só por responsabilidade e caráter, mas sim pelo amor que eu sinto por você e que já sinto por ele também.

Não esperou que Ludmilla terminasse de falar, Brunna não precisava ouvir mais nada e apenas a abraçou com toda a força que eu possuía no momento.

- Eu te amo. – Brunna começou a chorar igual a uma desesperada e não sabia se era de alívio, de felicidade ou se a gravidez que estava deixando-a sensível naquele momento. A loira se agarrava a sua roupa e se perguntava se elas poderiam ficar mais abraçadas do que aquilo.

- Eu também te amo, Bru. – Sussurrou, afastando-se para segurar o rosto da mulher e limpar suas lágrimas. – Mas por favor, pare de chorar meu amor. Isso não faz bem para o nosso bebê.

Brunna imediatamente tentou conter as lágrimas bravamente, porque sabia que qualquer emoção forte poderia refletir no seu bebê.

- Deite um pouco, amor. – Ludmilla disse quando suas lágrimas começaram a diminuírem.

- Deita comigo?

- Sim, vamos lá. - Respondeu e então colocou a mulher em seus braços.

Brunna rodeou suas pernas no torso firme de Ludmilla, segurou com firmeza o pescoço dela e se manteve pressionada o máximo que pode no corpo quente de sua garota enquanto ela caminhava com sigo no colo até a cama.

Ludmilla se deitou na cama, com Brunna ainda em seus braços, cobriu o corpo pequeno e a si mesma com a coberta. Já era bem tarde. A loira coçou os olhos e Ludmilla sorriu para sua mulher, acolhendo-a em seus braços. Deu um casto beijo no topo da cabeça cheirosa de Brunna e foi instinto que ela repousasse sua mão sobre o barriga da loira.

O quarto ficou em silêncio outra vez. Por um longo tempo. As duas experimentaram aquela sensação de paz enquanto Ludmilla fazia um breve carinho sobre o ventre da mulher mais velha.

- Eu acho que é um menino. – A voz loira quebrou o silêncio, Ludmilla encarou-a dando um breve sorriso.

- Você quer que seja um menino?

- O sexo realmente não importa, mas eu sinto que é um menininho.

- Nosso menininho então. – Ludmilla sorriu para a mulher e Brunna escondeu seu rosto no pescoço dela.

- Obrigada... Por isso.  – Conseguiu falar contra seus cabelos, lutando contra o choro. – Eu te amo tanto que passaria por tudo isso de novo somente para ficar com você.

Ludmilla abaixou o olhar para encará-la e Brunna a viu hesitar antes de puxar seu rosto delicadamente para frente, selando seus lábios calmamente.

- E como vamos fazer agora?

- Você não precisa se preocupar com nada agora, além de seus estudos. – Ludmilla levantou a camisa dela e começou a acariciar sua barriga, dessa vez sentindo sua pele. - Vou procurar um apartamento para morarmos, com dois quartos e bem aconchegante para nós três.

- Bru... Você não precisa... digo, você pode morar na minha casa...

- Não, Ludmilla. Não precisamos incomodar seu pai. – Brunna olhou-a nos olhos. – Mas se você não quiser abandoná-lo, pode continuar morando com ele.

Ludmilla negou com a cabeça, sorrindo levemente enquanto encarava a pele macia da mulher. Ela já se sentia obcecada pela barriga.

- Sem condições. Quero que saiba que você é uma das coisas mais sérias da minha vida agora. Vocês dois. Não vou deixá-la sozinha, vou cuidar do meu filho, nosso filho. Eu quero te acompanhar para tudo, Bru, está me ouvindo? Quando é sua próxima consulta?

- Segunda. A consulta é às duas.

- Ótimo, eu vou com você.

- Você tem trabalho, Ludmilla.

- Tenho? A única coisa que eu saiba é que eu tenho uma consulta marcada para segunda, com a minha mulher, para ver se está tudo com o meu filho. Isso é a única coisa que eu sei.

- Você é teimosa!

- Eu amo você também, Bru. – As mãos passearam pelos cabelos da loira, praticamente a ninando.

Ela adormeceu assim, agarrada a Ludmilla. A mulher estava extremamente dependente de Ludmilla agora, mas não é como se a negra reclamasse disso.

Naquela noite, Ludmilla demorou a dormir, ainda parecia assustador, mas não pode deixar de imaginar como seria segurar seu filho nos braços.

(...)

26 de maio, 2016

Na segunda, elas saíram juntas do colégio, almoçaram juntas e Ludmilla ainda sentia suas pernas bambas pela notícia. A negra ficou feliz em observar que a loira parecia descansada, mas parecia ainda mais pálida.

- Como se sente? - Ludmilla perguntou sem desviar os olhos do trânsito. 

- Enjoada, como todos os dias. 

Brunna fez uma careta e Ludmilla apenas lamentou pela mulher. Ficando em silêncio uma grande parte do caminho.

- Você já pensou em algum nome? - Ludmilla perguntou de repente, quebrando o silêncio e assustando Brunna um pouco, que a encarou e percebeu que a mesma tinha um sorriso fofo nos lábios, fazendo a professora ter vontade de agarrá-la.

- Não... E você? – Brunna perguntou, e Ludmilla tinha um sorriso sapeca em seus lábios.

- Eu gosto de Nathan.

- Hum... É um bom nome. De onde você tirou? É um nome de algum familiar?

-  Não. É um personagem de vídeo-game. – Deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

- Oh meu Deus... – Sussurrou a loira e não conseguiu deixar de rir da idiotice a garota. – Sabe... Eu gosto de Arthur.

- Arthur? – Ludmilla levantou uma das sobrancelhas. – É bonito, mas ainda prefiro Nathan.

Brunna não conseguiu conter o riso dessa vez. A negra ficou satisfeita pelo fato de ter conseguido consolar Brunna e mantê-la feliz até entrarem no hospital.

- Quando será que começa a crescer? - Ela perguntou, alisando a barriga por debaixo da blusa, enquanto elas esperavam sentadas para serem atendidas. Em dois dias apenas, Ludmilla começou a se mostrar simplesmente obcecada pela coisinha que crescia no ventre de Brunna.

- Depende. Varia de mulher para mulher. A maioria das mulheres, no entanto, vê a barriga crescer entre a 12ª e a 16ª semana.

- Humm... – Murmurou Ludmilla lhe dando um beijo no pescoço. As duas voltaram ao silêncio por algum tempo e Brunna se permitiu apreciar e aproveitar os toques da negra, porque seu corpo parecia estranhamente mais sensível a eles.

Uma outra recepcionista, dessa vez loira de olhos extremamente azuis, lançou um olhar de curiosidade às duas antes de informar a elas que a médica já estava ali.

- Srt Gonçalves e Srt. Oliveira, a Dra. Alycia vai atendê-las. 

A doutora Alycia era alta e tinha os olhos verdes. Ela tinha um belo sorriso gentil e amigável, com dentes grandes e brancos perfeitamente alinhados.

– Boa tarde, sejam bem-vindas. – Ela desejou, olhando para a ficha em suas mãos. – Você é Brunna, certo? minha mulher me disse sobre você e pediu uma consulta.

- Boa tarde. - Brunna respondeu animadamente, puxando uma das cadeiras para que se sentar e vendo Ludmilla fazer o mesmo em seguida.

- Eliza já me contou sobre a condição da sua namorada. – Ela sorriu gentilmente em direção a Ludmilla. – Como estão lidando com a gravidez?

- Muito bem. – Brunna respondeu, completamente animada - Está tudo ótimo.

- Isso é ótimo. É importante uma harmonia entre o casal para a chegada de um novo membro na família. Porque você não troca suas roupas pelo avental e se deita na cama para que eu possa te examinar?

Brunna assentiu e rapidamente tomou o avental em suas mãos, trocando suas roupas no pequeno banheiro no canto da sala, aquilo parecia mais uma camisola indo até seus joelhos. Ao voltar viu Ludmilla observando-a com um sorriso debil nos lábios.

- Com quantos meses é possível saber o sexo do bebê?  – A negra perguntou e postou-se ao lado da loira assim que ela se deitou na cama que lhe fora indicada.

- Depende do método que se usa para descobrir o sexo do bebê, pode até ser a partir de dois meses de gravidez, embora o mais comum seja saber com, mais ou menos, quatro meses. – Ludmilla assentiu e segurou a mão da loira outra vez, apertando-a com firmeza.

- Apoie as suas pernas aqui por favor... – A doutora afastou as pernas da loira enquanto pegava um aparelho. – Vou colocar isso aqui na sua barriga e poderemos ver o colo do seu útero, ok? No começo é um pouco gelado, mas logo você se acostuma.

Então a imagem apareceu, a doutora pediu para que a loira colocasse as mãos fechadas por baixo do bumbum e levantasse um pouco mais o quadril para a imagem ficar melhor.

- Estão vendo? Esse aqui é o saco gestacional, é o seu bebê... – Alycia apontou indicando com o dedo para que elas acompanhassem. Mas logo ela arregalou levemente os olhos – Ou... Espera...

- O q-que? – Brunna perguntou já aflita. Mas a doutora apenas sorriu.

- São dois sacos gestacionais! São gêmeos! – Ludmilla arregalou os olhos imediatamente.

- Gêmeos?






As duas bolinha na foto do cap são os gêmeos.

ATÉ SEMANA QUE VEM MORES!

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