Espelho

4.7K 169 86
                                    

Oooii!!
Apareceu a margarida!
Gente desculpa ter ficado tanto tempo sumida, eu não tava cm cabeça pra adptar, maaaas estou de volta cm esse capítulo lindo q começa bem tenso, mas ao decorrer vai melhorando.
Vamo logo ao capítulo.

Boa leitura!






31 de maio, 2016

- Mama...

- Você pode me explicar que história é essa de divórcio?

Silêncio. Apenas respirações aflitas ecoavam pela sala. De um lado, Brunna, com os olhos arregalados e as mãos tremendo levemente. De outro, Jorge, Christian e Mirian. A mesma tinha a mandíbula travada e fuzilava a filha com os olhos.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou a loira ainda meio desconcertada por sua presença.

- Não responde a minha pergunta com outra pergunta!

Brunna respirou fundo. Aquele era um dos momentos mais temidos pela loira, não era assim que pretendia contar sobre a separação para seus pais. Queria contar o ocorrido, explicar-se com calma, tentar ao máximo evitar uma discussão.

- Não vou ter esse tipo de discussão com a senhora aqui.

- Me responda Brunna, é verdade essa história que Christian me contou? – Mirian ergueu o tom de voz.

- É sim. Eu não sei até que parte ele contou... – A loira suspirou.  – Mas tudo é verdade.

- Como você pode ser tão estúpida, Brunna? Hein? – Vociferou, balançando a cabeça negativamente.

- Qual é o seu problema? – Brunna falou em um tom totalmente calmo. – Você fala como se eu fosse uma adolescente. Eu tenho 32 anos de vida, posso tomar as minhas próprias decisões sozinhas e sem a sua opinião, essa que eu não me lembro de ter pedido.

- Será que você não entende que isso vai arruinar a sua vida? Destruir um casamento assim...

- Eu estou grávida. – Disparou desesperada, sentia vontade de chorar, mas não podia deixasse ser abater. – Eu estou grávida e meus filhos não são do Christian. Meus filhos são de outra pessoa.

- O que?! – Dessa vez foi Jorge que deixou escapar boquiaberto. Mirian estava completamente chocada. 

- Parabéns, vocês vão ser avós de gêmeos!

Christian tinha os olhos levemente arregalados, havia sido pego de surpresa pela afirmação da loira, então se engasgou com a própria saliva. Ele limpou a garganta e fitou a mulher, Brunna lhe devolveu um olhar frio.

- Você vai ter gêmeos? – O rapaz direcionou sua pergunta à Brunna, indicando ainda mais mágoa em seu peito.

- Sim. – Como seu olhar, sua voz saiu fria também. – São dois, descobri há alguns dias.

Brunna se perdeu na lembrança da imagem do ultrassom e o som dos corações dos seus bebês, algo tão pequeno que se transformara num amor que quase a sufocava.

- Como é que é, Brunna? – A loira pôde ouvir a mãe esbravejar novamente. – Você está grávida? De quem é essa criança?

- Isso não importa.

- Por que não importa? – Christian riu irônico, estava com o ego tão ferido que procurava qualquer motivo para ridicularizá-la. – Está com vergonha de contar para sua família o tipo de pessoa com quem é capaz de se envolver?

- Quem é o pai? – Jorge perguntou também curioso.

Brunna lançou um olhar furioso e perverso à Christian. Sentindo que a qualquer momento poderia voar no pescoço do homem. Seu peito estava inflado, os punhos cerrados e sua respiração pesada.

- Não há pai. – Disse de uma vez. – Ludmilla é a mãe dos meus filhos. Ela é uma garota intersexual. Isso consiste em uma pessoa que apresenta uma anatomia reprodutiva e sexual que não se ajusta às definições de masculino e feminino.

Formou-se aquele silêncio desagradável. Mirian olhava para a loira como quem olha para uma bactéria nojenta. Brunna suspirou sabendo que precisa ser mais clara do que aquilo.

- Ludmilla é minha namorada e ela tem um pênis. – Cruzou os braços e continuou com o olhar fixo em Mirian, que ficou ainda mais surpreendida com a resposta.

A mãe da loira caiu sentada sobre a poltrona, o silêncio se instalou mais uma vez naquela sala. Brunna engoliu em seco e respirou fundo, dessa vez direcionado seu olhar ao homem em pé que lhe encarava com um olhar de superioridade. Mas Brunna pôde ver mágoa nos olhos de Christian, daquelas que são difíceis de arrancar com o tempo. Se condenou por isso. Se condenaria para sempre por isso. Mas era algo que ela realmente não poderia fazer absolutamente nada.

- Onde estão os papéis, Christian?

- Não há papel algum... eu achei que...

- Achou o quê? Que merda, Christian! Por que você é tão covarde?

- Covarde? Eu sou covarde? Você me traiu na primeira oportunidade e eu sou covarde?

- Christian... – A loira sussurrou. – Por favor...

- Francamente, Brunna. Eu espera qualquer coisa de você, mas nunca isso.

- Aconteceu, Christian. Eu simplesmente não tive como evitar. – Naquele instante não havia uma gota de piedade naquele homem, seus olhos transmitiam raiva e arrogância. – Eu nunca quis magoar ou mentir para você.

- Não? Então foi de propósito? – Ele perguntou em um riso sarcástico.

- Eu sei que você me odeia agora. Mas eu juro, eu nunca quis te enganar.

- Meu Deus, como você consegue mentir de forma tão tranquila? – Seu tom de voz era furioso. – A sua consciência não pesa?

- Não há outra maneira de falar, eu estou sendo sincera com você, Christian!

Ele a fuzilou com os olhos e se aproximou brutalmente. 

- Sincera é a ultima coisa que você pode ser. Nunca. Você não passa de uma vagabunda, falsa e mentirosa!

- E você um egocêntrico, arrogante e manipulador! Além de foder mal. E eu não te trai na primeira oportunidade, na verdade, eu até demorei para te trair!

- Chega! Meu Deus, Brunna o que você está falando? – Interrompeu a mãe da mulher mais velha. – Eu não te dei essa educação, eu não passei metade da minha vida te educando para você jogar seu casamento no lixo e abrir suas pernas para qualquer um!

- Você não deveria nem estar aqui, esse assunto não é da sua conta! – Brunna se controlou para não gritar – Não moro mais com você e você não manda mais em mim! Ou seja, não devo satisfação alguma da minha vida à você.

A mulher semicerrou os olhos não acreditando no que a filha havia dito.

- Não fale assim comigo, sua ingrata. - Mirian falou furiosa se aproximando de Brunna. – E se você quiser ter esse filho agora Brunna, então não considere-se mais minha filha. Mas fique ciente de que eu e seu pai não merecíamos esse tipo de ingratidão. Você me decepcionou, nos decepcionou.

- É engraçado, porque eu esperava justamente essa atitude vindo da senhora. E quer saber? Eu realmente não me importo nem um pouco.

- Você está completamente cega!

- Eu não estou cega, estou apaixonada. Estou amando a mãe dos meus filhos e você mais do que ninguém sabe o quanto eu sempre quis ser mãe... E agora eu vou ser, de dois. – A mulher encolheu, abraçando seu próprio corpo. – Dois lindos bebês. Será que você não pode ficar feliz por mim?

- Feliz por essa pouca vergonha? É isso o que você quer? É isso que você acha certo?

- Não é o que eu acho certo, é o que me faz feliz, mãe!

- Não me chame de mãe! – Disse ela furiosa em sua direção. – Grávida de filhos bastardos e dessa aberração que você chama de mulher... Meu Deus... Não poderia pedir mais desgosto na minha vida.

O sangue da loira ferveu ao ouvir aquelas palavras nojentas vindas da sua própria mãe. Brunna a encarou com fúria nos olhos. A professora conseguia sentir o sangue de suas veias pulsar e seu coração bater fortemente. Naquele momento não havia mais medo, apenas raiva e nojo.

- Não chama meus filhos assim! – Ela praticamente rosnou enquanto dava dois passos adiante avançado em direção à Mirian. – E também não chame minha namorada dessa forma. você não a conhece!  A partir de hoje eu não a considero mais minha mãe até um pedido de desculpas sinceros. Eu não entrarei mais em sua vida, ou em sua casa novamente, pode ficar tranquila, sua presença na minha vida é a última coisa que eu faço questão. Você vai se arrepender de ter dito essas palavras horríveis para sua própria filha, vai se arrepender quando ver seus netos sendo bem criados e bem educadas. Meus filhos não são bastardos ou filhos de uma aberração, Ludmilla é uma garota maravilhosa e você não sabe o quanto eu sou agradecida por ter a encontrado. Ela não só me deu o melhor presente que eu poderia ganhar em toda a minha vida, como também me libertou de um casamento frustrado e me fez descobrir o que é amar alguém incondicionalmente de verdade.

Mirian que a olhava chocada, soltou um riso sarcástico antes de dizer:

- Garota? Ela não pode ser chamada de garota, ela tem um pênis... Isso... Isso é nojento e anormal. - Mirian cuspiu as ultimas palavras.

- Você é nojenta! Você é simplesmente a pessoa mais horrível desse planeta e é por isso que ninguém gosta de você ou aguenta você! É por isso que Brunno saiu de casa e é por isso que eu sai de casa! E sabe do que mais? Eu me recuso a ser como você. – Brunna rosnou, seus olhos transbordavam ódio mortal. – Ludmilla é incrível e será uma ótima mãe. Uma mãe dedicada e atenciosa, coisa que a senhora nunca chegou perto de ser!

Mirian ergueu o braço pronta para esbofetear a filha. Brunna fechou os olhos se preparando para o impacto. Mas nada aconteceu. Quando abriu os olhos, Jorge segurava o braço da mulher.

- Chega, Mirian! Isso já passou dos limites! – A mulher o olhou surpresa e irritada. Virou-se novamente para a filha e encarou uma Brunna com os olhos já brilhando.

- Vai mesmo acabar com a sua vida, Brunna? 

Sem dizer sequer mais uma palavra a loira virou-se de costas e pegou seu celular e sua bolsa, colocando a alça em seu ombro.

- Espero que tenha a consciência de que está destruindo sua família. Ou pior, está destruindo a felicidade de um homem e pensando somente na sua.

Foi a última coisa que a loira ouviu de Mirian antes de sair pela porta. Brunna sentia-se nauseada e as pernas bambas, seus olhos ardiam pelas lágrimas contidas enquanto ela caminhava para fora daquela casa. A partir daquele mimimi, ela nunca mais demostraria fraqueza perante sua mãe, jamais deixaria ela controlar sua vida novamente e jamais seria infeliz outra vez.

- Brunna, espera! – Ela ouviu a voz familiar lhe chamando por trás e queria fugir correndo. Mas infelizmente ela não conseguiu chegar até seu carro antes dele alcançá-la.

- O que você quer? – Brunna se virou para ele com um semblante triste, dava para ver o cansaço estampado em seu rosto. – Você não acha que já deu? Eu estou cansada de discussão!

- Foi você quem procurou por elas, Brunna.

A loira revirou os olhos e deu-lhe as costas mais uma vez. Porém Christian segurou seu braço antes que ela entrasse no carro.

- Então é assim? Vai entregar quase 8 anos de casamento por causa de uma garota que você conheceu há sei lá quantos meses atrás? 

- Eu a conheço há pouco tempo, mas sei que ela vale muito mais a pena que você.

Ele ficou em silêncio e apesar de vontade de Christian de gritar com Brunna, ele apenas meneou com a cabeça negativamente em desaprovação.

- Você não pode estar falando sério.

- Eu nunca falei tão sério! – Esbravejou. – Meu Deus, Christian, eu cansei de mentir!

- Pra quem?

- Pra você! Pra mim! Isso... Não tem nada haver com Ludmilla!

- Tem tudo haver com ela!

- Esta é a minha decisão sobre minha vida e sobre os meus filhos. Eu deveria ter acabado com esse jogo há anos!

- Jogo? – Ele franziu o cenho completamente desacreditado. – Seu casamento é um... jogo? É isso que significa pra você?

- Cansei disso, Christian. E se é egoísmo, que seja. – Ela tentou se soltar, mas ele a segurou mais forte.

- Brunna, eu...

- Chega! Me deixe ir. – Cortou-o, ficando furiosa. – Qual a necessidade disso tudo?

- Você ainda me ama, Bru. Está apenas cega. – Brunna olhou para ele incrédula. – Aliás, não é todo dia que se tem oportunidade de fazer sexo e experimentar algo diferente com uma pessoa mais nova. Essa Ludmilla deve ser louca por coroas, não é?

- Você está sendo inconveniente, Christian! E extremamente grosseiro. - A atitude dele era desprezível, e Brunna ficava doente só de pensar que ele poderia fazer tais insinuações diante da sua mãe. – O que mais você quer hein? Eu já deixei bem claro que estou grávida de outra pessoa, estou amando outra pessoa e estou com outra pessoa! Eu sei que o que fiz não foi nem um pouco certo, mas meu Deus, Christian. Isso tudo é orgulho ferido porque me pegou na cama com Ludmilla?

Então ela conseguiu fazê-lo ficar calado. Christian apenas a encarou de forma assustada, mas também de forma incrédula. Ele abriu a boca algumas vezes, porém nada saía. O silêncio dele dizia tudo.

- É isso não é? Quer se vingar porque Ludmilla conseguiu me dar o que você nunca conseguiu, orgasmos e filhos.

- Tentar me humilhar não vai apagar o seu erro.

- Você é desprezível. Você foi o único que tentou me humilhar diante da minha família, estúpido! – Brunna desvencilhou-se da mão dele. – Você contou à minha mãe sobre o divórcio só para que ela fizesse aquele show todo e eu recuasse por pressão! Mas eu sinto muito, isso não vai acontecer. Se você não quer assinar aquela merda por bem, vai assinar por mal. Tenha um bom dia!

E foi assim que Brunna deixou Christian. Sem dizer mais nada ela simplesmente entrou em seu carro e foi embora o mais rápido que pôde, sem nenhuma outra palavra. Brunna sentia-se pesada e tensa, sequer percebeu como dirigiu até casa de Ludmilla, estaria no lucro se não tivesse atropelado ninguém ou sofresse um acidente.

Ao entrar na casa uma Ludmilla emburrada estava sozinha jogado no sofá enquanto assistia a um jogo de futebol qualquer. A negra sentiu-se preocupada no momento em que pôs seus olhos sobre a mulher e a viu completamente abatida.

- Bru?

Sem se conter Brunna começou a soluçar, deixando que as lágrimas caíssem manchando seu rosto, seus ombros se sacudiam de cima para baixo e ela logo sentiu os braços fortes de Ludmilla envolta do seu corpo.

- Ludmilla. – A mulher sussurrou, afastando-se alguns centímetros para poder olhar a negra – Eu estraguei tudo.

- Shh... o que aconteceu?

- Minha mãe, Lud... – A mais nova segurou o rosto da professora com as duas mãos com a maior delicadeza.. – Ela... Ela não aceita, ela teve uma reação tão negativa, Lu, eu nunca fiz nada para ela me chamar daquela forma, não esperava que ela fosse falar tanta coisa ruim da gente...

- Amor...

- Eu nunca vou perdoa-la, ela chamou você de aberração e nossos filhos de bastardos! Disse que se eu quisesse tê-los eu não seria mais filha dela.

- Calma, Bru... Ela falou isso da boca pra fora, eu tenho certeza. Ela é sua mãe e ama você.

- Não, não fala isso. – A loira pediu, Ludmilla acariciou o rosto da amada e limpou as lágrimas que escorriam – Eu tenho nojo de ser filha daquela mulher.

A loira fungou contra o corpo da negra, sentindo-se confortável e segura nos braços da namorada. Brunna sentou-se junto a ela no sofá e narrou todo o acontecido. Contou sobre a briga que tiveram enquanto brincava com a ponta da camisa de Ludmilla e ela a escutava atentamente. Contou tudo, principalmente a parte em que Christian não levara os papéis do divórcio.

Brunna chorou, chorou muito. Ela dobrou seu corpo sobre o de Ludmilla, curvando-se contra o seu pescoço, sua mão subiu pelo o rosto da garota antes de entrelaçar seus dedos em seus cabelos. Ludmilla abraçou sua loira ainda mais forte e murmurou no ouvido dela:  

- Você está feliz de verdade? – Brunna fungou mais uma vez contra seus cabelos e suas as lágrimas começavam a diminuir.

A loira olhou para a negra com aquele sorriso adorável, bochechas borradas de lágrimas e os olhos brilhando, e Ludmilla simplesmente sorri para ela, colocando algumas mechas de seus cabelos atrás da orelha. A mulher mais velha maneou a cabeça imediatamente para gentilmente pressionar seus lábios contra os dela.

Um gemido calmo escapou dos lábios da loira quando ambas as línguas se tocaram. Ambas tão macias que o toque parecia um vício de tão gostoso. Aquilo era capaz de acalmar completamente o corpo da mulher.

Ludmilla apoiou os braços ao lado do corpo de Brunna e, seguindo unicamente os seus desejos, a loira pressionou seu corpo sobre o da negra, começando pelos quadris, seios e terminando o contato intenso nos lábios. As mãos de Brunna se moveram, lentamente, até o cós do short jeans que a mais nova usava, seu corpo esquentando gradativamente. Ludmilla no mesmo instante sentiu seu corpo entrar em alerta e tentou se afastar. Não esperava Brunna ter aquela atitude quando a mesma estava tão sensível.

- O que está fazendo, Bru? – Perguntou já ofegante.

- Eu preciso de você, Ludmilla. – A professora murmurou, seus lábios trilharam beijos por todo o pescoço moreno, sugando sem exagero, causando arrepios que se arrastavam por todo o corpo da mais nova.

- Bru... Eu não acho que... – Não esperou que ela falasse mais nada, Brunna encaixou seus lábios com os dela, que abriram-se facilmente, e então sugou seu lábio inferior, prendendo-o em seu boca até ouvi-la gemer roucamente com a boca colada na sua.

Os dedos finos desceram até a bunda dela, apertando a carne macia por cima do short. Os lábios desceram até a mandíbula, queixo e novamente pescoço. Ansiosa, Brunna desabotoou a própria camiseta, revelando seios despidos de sutiã. Esta foi a vez de Ludmilla gemer inconsciente.

- Eu não posso.

- O q-que? – Brunna a olhou completamente incrédula. Ludmilla estava recusando sexo?

- Você está mal, amor. Eu não consigo. Você não precisa de sexo, você precisa de carinho.

Brunna fechou os olhos e suspirou profundamente. As bochechas molhadas e rosadas continham traços de dor e sua testa tinha gotículas de suor. Naquele momento, Ludmilla se sentiu mal. Ela só queria fazer aquilo passar e ver Brunna sorrindo de novo, os olhos brilhantes ao invés de vermelhos, e as bochechas rosadas de prazer e felicidade.

- Eu amo você. – Brunna disse sem ao menos pensar ou hesitar. Era como se naquele momento o seu coração tivesse voz.

- Eu também amo você...

- Promete? – Perguntou baixinho. Ludmilla franziu o cenho.

- O que?

- Promete que não vai me largar por uma garota mais bonita e mais gostosa, que seja da sua idade, quando eu ficar gorda? Ou quando eu ficar chata?

- Bru...

- Por favor... Promete?

Ela insistiu, fechando os olhos e encostando sua testa na da garota, e por um momento Ludmilla teve a impressão de que Brunna estava um pouco emocionada.

- Eu prometo. – Disse dando um selinho no canto da sua boca.

- Obrigada por ter me dado o melhor presente da minha vida. – A loira sussurrou. Seus lábios estavam escorregadios das lágrimas, mas ainda perfeitos e cheios como sempre.

- Obrigada por ter feito a minha vida fazer algum sentido.

(...)

Ludmilla estava sentada na cama, observava atentamente o modo como Brunna deslizava o batom sobre os lábios. Ela desceu seu olhar sobre o corpo bronzeado, e suspirou ao ver o quão bonito ele era. O vestido negro cobria seu corpo como uma segunda pele, justo o suficiente para ser elegante. Brunna estava simplesmente maravilhosa.

O tempo passava numa velocidade devastadora quando estavam juntas. Ludmilla passou o resto do fim de tarde e da noite praticamente em silêncio. A loira havia passado a tarde inteira dormindo, depois elas fizeram o jantar juntas conversando apenas o necessário, a mulher mais velhas parecia sempre distraída. Mas agora decidira que acompanharia Ludmilla até o pub onde trabalha, aliás ainda era sábado e a negra tinha trabalho a cumprir.

- Eu ainda não acho uma boa idéia...

- Ludmilla, você não tem que achar nada.

Ludmilla sorriu levemente ao sentir o cheiro dos cabelos dela antes de fechar os olhos e abraçar a cintura da loira por trás.

- Eu posso cancelar e ficar aqui com você. Você está grávida, precisa descansar.

- Eu já descansei muito. Eu não estou cansada e preciso muito sair para esfriar a cabeça.

- Mas...

- Mas nada, Ludmilla.

Ludmilla fez um bico adorável enquanto encarava os olhos castanhos da mulher. A loira aplicou o perfume que sabia que a negra adorava e jogou boa parte do cabelo para o lado, se analisando mais uma vez no espelho, sorriu para si mesma, sabia o quão bonita estava.

- Estou pronta! – Virou-se sobre seus magníficos Scarpins pretos, sorrindo radiante para Ludmilla. – E então?

Ludmilla desceu seu olhar sobre o corpo da mulher novamente, analisando minimamente cada mísero detalhe. Ela analisou o rosto da mais velha, seu vestido, suas pernas e depois soltou o ar contido. De alguma forma Brunna precisava da aprovação da negra para se sentir completamente satisfeita. E talvez fosse a impaciência de grávida que estivesse lhe dando nos nervos, mas a demora da mais nova ao responder, deixou a loira nervosa.

- Não se preocupe. Eu realmente não quero saber a sua opinião. Leve o tempo que precisar. – Falou sarcástica.

Ludmilla agarrou seu rosto e plantou um beijo em sua boca. Depois a ergueu do chão e colocou-a em cima do armário. Sua língua implorava para entrar na boca loira, e, quando ela deixou, Ludmilla soltou um gemido de satisfação. Seus dedos se afundaram no quadril da mulher, puxando-a para perto. 

- Você fica gostosa pra cacete quando está brava. – Ludmilla disse de encontro aos lábios da professora.

Brunna sorriu com a língua entre os dentes, franzindo graciosamente o nariz.

- Tudo bem. – Falou baixinho. – Estou calma.

-  Não importa o que estiver vestindo, você é maravilhosa. – Repousou suas mãos sobre as coxas da mulher. – Você gosta de me torturar, não é?

Brunna mordeu o lábio, afirmando com a cabeça freneticamente.

- Eu preciso me acostumar com isso, certo? –  Ludmilla murmurou. A loira riu e segurou seu queixo lhe dando um beijo.

- Você me enche de tesão quando me pega assim. – Sussurrou mordendo o lábio inferior de Ludmilla.

- Temos mesmo que ir? Ou eu posso cancelar e te comer aqui mesmo?

Brunna riu, mas empurrou o corpo da negra para que ela pudesse descer.

- Nada disso. Vamos, já estamos atrasada e Renatinho vai me matar.

***

- Pelos nossos mais novos mascotes da família! – Cacau ergueu o copo para propor um brinde.

- Não chama meus afilhados de mascotes, garota! – Renatinho disse e todos riram na mesa.

O grupo de amigos levantaram juntos os copos para um brinde rápido antes de beber. Brunna viu quando Ludmilla abaixou o seu copo e encontrou o seu olhar logo depois. Ela se inclinou e beijou o rosto bronzeado suavemente. Brunna sorriu e mordeu o lábio sem perceber.

- Quando eles ficarem maior, titio Cacau vai ensina-los a tocar bateria.

- Deus me livre! Não faça isso. Não quero meus filhos fazendo barulho pela casa toda! – Brunna falou imediatamente.

- Mas eu posso ensina-los a tocar guitarra, não é Bru? – De repente, Ludmilla parecia insegura. Era como se tivesse pedindo alguma permissão para fazer algo com seus filhos, ou como se fosse errado fazê-lo sem o consentimento de Brunna.

- É claro. – Brunna disse com algum desagrado por entender a hesitação dela.

- Certo...

Ludmilla disse por fim. Brunna olhou para ela, observando-a conversar animadamente com os seus amigos. Ainda assim, o seu braço estava ao redor da cintura loira enquanto estavam sentadas em uma das várias mesas redondas do pub. Os olhos da mulher percorreram o corpo da garota, provavelmente, pela milésima vez. Ludmilla estava incrível aquela noite. Claro que Brunna achava ela linda todos os momentos. No entanto, tinha um fraco quando Ludmilla se vesti daquela forma. 

Simplesmente deslumbrante, a negra usava uma calça jeans, tênis brancos impecáveis e uma camiseta xadrez que a deixava com seu ar adolescente. Mesmo que ela agora fosse ser uma futura mamãe. Fora o boné branco virado para trás que mexia profundamente com a professora.

- Tem notícias do Mário Jorge? – Renatinho perguntou tirando a loira de seus devaneios lésbicos e começando uma conversa apenas entre os dois.

- Não. Estou com saudades dele. - Brunna sorriu um pouco triste, observando Ludmilla conversar com seus amigos animadamente sobre quando descobriu sobre os bebês.

- Me sinto mal por excluir ele disso. – Renatinho falou olhando para o líquido dentro do seu copo.

- Eu já decidi que vou contar a verdade para ele, mesmo que isso custe o meu emprego. – Falou determinada.

- Você tem certeza, Bru?

- Sim. Mário é um dos meus melhores amigos, eu não posso mais continuar omitindo o que está acontecendo na minha vida. Antes eu contava tudo pra ele antes mesmo de contar para você. – o homem levantou as sobrancelhas.

- Como é que é? – Renatinho perguntou alto o suficiente para chamar a atenção de Ludmilla.

- O que vocês estão falando? – Ludmilla os interrompeu.

- Sobre você. – Renatinho mentiu, olhando maliciosamente para a loira. – Brunna estava me contando sobre como o seu pênis é pequeno, que ela queria algo maior, sabe?

Brunna arregalou os olhos e voltou seu olhar para a amiga. Ludmilla ficou completamente envergonhada, enquanto Cacau e Yris riam da cara do casal.

- O q-que? – Ludmilla perguntou envergonhada.

- Renatinho, pelo amor de Deus! – Repreendeu a amiga. Brunna estava vermelha feito um pimentão, rindo de nervoso. – Isso é mentira amor, ele só quer tirar sarro com a minha cara.

- Então Ludmilla é grande, Bru? – Renatinho provocou ainda mais, fazendo a mulher ficar constrangida.

- O suficiente para dizer que dou conta do trabalho. - Ludmilla falou com cara de dona da situação. 

- Vamos parar com esse assunto. Além de ser estranho, Ludmilla já está começando a se achar demais. – Cacau disse fazendo uma careta.

- Você só diz isso porque sabe que sou realmente grande! – Ludmilla rebateu.

- Que mentira. Isso não é verdade! 

- Quer ver?

- Parem as duas! – Marcos surgiu de repente, o rapaz carregava uma guitarra em suas costas e parecia ter corrido uma maratona. – Ninguém vai mostrar nada aqui.

- Está atrasado. – Disse Ludmilla.

- Como sempre! – Completou Yris. Marcos revirou os olhos, ajeitando melhor a guitarra em seu ombro.

- Deixem de ser chatos e vamos logo. – Ele se afastou e Ludmilla trocou olhares com as amigas.

- Ok, ele está estranho. Vou lá ver o que ele tem. – Cacau se levantou, se afastando logo em seguida da mesa.

Os olhos de Ludmilla se concentraram nos castanhos da professora intensamente. Tanto que Brunna se perdeu na cor acentuada pela maquiagem escura ao redor deles. A expressão neles mudou de preocupados para carinhoso antes dela se inclinar para beijar os lábios da loira, que retribuiu a pressão de seus lábios com os dela.

- Eu vou cantar agora.

Ela avisou quando trocou um olhar significativo com Brunna e a mesma assentiu. Ludmilla se levantou se afastando da mesa e a mulher aproveitou para virar a cadeira para o palco.

- Trouxa. – Renatinho comentou rindo.

- Eu vou contar pra seu namorado sobre seus interesses pelo pau alheio. – Brunna falou para ele.

- Você não faria isso. – Renatinho fechou a cara e Brunna riu.

- Quem é que está rindo agora?

***

Brunna achava aquele pub realmente muito agradável, um ótimo lugar para poder esquecer os problemas por algumas horas, o som era bom, o clima era bom, não era lotado, e as companhias eram ótimas. Os amigos de Ludmilla eram umas peças, totalmente loucos. E tinha Renatinho, que era Renatinho.

Brunna pôs seus olhos mais uma vez na negra que se apresentava no palco à alguns metros de distância. Esticou o pescoço, encarando Ludmilla ocupar seu lugar dessa vez deixando sua guitarra de lado. A negra já havia cantado uma porção de músicas e Brunna acreditava que o show já estaria se aproximando do seu final.

- Agora nós iremos para meu último número. Eu realmente queria agradecer a presença de todos aqui. – Os olhos tão intensos e cheios de vida buscaram imediatamente os castanhos vidrados de Brunna. – Essa próxima música... Bom, na verdade eu fiz ela tem um tempinho. Fiz para uma pessoa muito especial que também é a dona do meu coração.

Ludmilla focou os olhos em Brunna e ela reprimiu um gemido baixinho. O corpo todo da loira tremeu pensando na possibilidade da música a seguir ser para ela. Brunna estava prestes a cair da cadeira.

Play*

Quando eu olho no espelho

Tô gostando do que eu vejo

Tô gostando mais, e mais, e mais

E mais, e mais de mim

Brunna não conseguia parar seus olhos em outro lugar, ela observava os olhos da negra se fecharem para cantar, sua voz saindo suavemente. Quando seus olhos se abriam direcionados a ela, um arrepio subiu pela espinha da mulher assim que Ludmilla sorriu levemente de lado, e continuou cantando. A loira estava hipnotizada.

Mais bonita, mais contente

Eu mudei completamente

Deve ser o seu sorriso, baby

Que me deixa assim

A gente se conheceu meio do nada

Mas foi tão forte, não deu pra controlar

E quando a gente se deu na madrugada

Me deixou tão desarmada

É que você me faz bem

Eu quero, muito, muito mais

E só você tem o beijo

Que me satisfaz

E um jeito de fazer gostoso demais, demais

Os olhares se cruzaram novamente por alguns segundos, e para Brunna, foi como em câmera lenta. A negra deu um sorriso largo enquanto ainda cantava e a loira se perdeu completamente tentando organizar seus pensamentos. Aquela música era realmente para ela? A loira estava ficando emocionada.

É que você me faz bem

PILLOWTALK - BrumillaOnde histórias criam vida. Descubra agora