AméliaOutro dia havia começado e até então estava tudo normal, como se nada tivesse acontecido. Porém eu não conseguia pensar assim. Não,não estava. Gritava minha consciência esperando que as coisas viessem a acontecer a qualquer momento.
Como de costume quando chegava a hora e sem que houvesse nenhum imprevisto,eu iria comer alguma coisa.
"Will. Vamos?"_Perguntei ao meu amigo que estava com a cabeça praticamente enfiada no monitor. Os ombros contraídos foram um sinal de que tinha algo errado_"Ei, tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?"
"Tá tudo bem, não aconteceu nada. Só estou cheio de coisa"_Respondeu.
"Se quiser posso ajudar."
"Não precisa, sério. Obrigado."
Ergui a sombrancelha em desconfiança e ele notou. Me fitou como se tivesse me analisando, se era correto ou não falar. Será que ele queria me poupar de alguma coisa? Um calafrio percorreu minha espinha. A primeira coisa que veio em mente foi a confusão com a ruiva. Antes de entrar na minha paranóia ele respondeu, desta vez com convicção_"Sério gata, eu tô bem. Por que você não vai indo na frente que já já eu lhe encontro,ok?"
"Hunmm.Tudo bem então"_Mesmo sabendo que tinha algo lhe incomodando eu não iria insistir. No momento em que se sentisse a vontade eu estaria lá para ouvi-lo_ "Só não demora".
Só foi fechar a boca e senti meu celular vibrando no bolso do meu jeans. No visor a foto da qual considerava minha segunda mãe, Elizabeth_"Oi Elizabeth!_ Falei caminhando até o elevador.
"Bon après midi, mon enfant. Bien Il est tard ici,enfin..."
( Boa tarde, minha criança. Bem aqui é, enfim...)Sorri como se ela podesse notar através da ligação. Sempre que nos falávamos ela alternava entre francês, português e espanhol. Queria que eu aprendesse e estava dando certo. Alguns palavras eu já entendia.
"Você está determinada a que eu aprenda francês não é mesmo?"_Conferi a hora no celular já era 12h25_"É boa tarde aqui também se esqueceu? Cinquenta e nove minutos de diferença é o fuso horário."
Apertei diversas vezes o botão do elevador enquanto esperava.
"Eu sempre esqueço. Ah e enquanto você não estiver falando fluentemente quatro idiomas eu não descanso"_Caimos na gargalhada_"Como você está? Melhor?"_Perguntou ela.
Não que as ligações de Elizabeth não fossem constantes, ligava toda manhã sempre que possível. Mas eu ficava esperançosa em receber-las. Ficava mais que contente. Me fazia extremamente bem. A sonoridade de sua voz me remetida a estar em casa e isso era bom por que eu sentia saudade. E além disso era minha confidente. Já havia lhe passado as novidades por mensagem. Nada boas por sinal, mas contei.
"Sim,estou bem. Nada aconteceu. Ainda. O que acho estranho."
"Não fica colocando caraminholas na cabeça. Ela deve ter percebido que foi desagradável com você. Já falei, pelo o que você me contou ela não agiu corretamente, não tirando a sua responsabilidade também. Todavia tudo seria diferente se a abordagem dela tivesse sido outra. Cadê a educação dessa garota? "
Ela havia falando que eu também errei, que meu comportamento mesmo que fosse compressível e justificado pelo calor do momento ainda assim estava errado. Era uma mãe analisando as coisas de forma justa, sem massagear meu ego ou me defender sem necessidade.
"Tudo bem, eu sei que não adianta ficar pensando. Esse assunto mexe comigo Eliza, não posso perder uma oportunidade dessas."Eu entendo sua preocupação. Mas vai ficar tudo bem mon enfant."
Assim que as portas do elevador se abriram eu entrei e me escorei na parede fria de metal. Sequer deu tempo das portas se fecharem e eu ouvi uma voz pedindo para securá-las e as impedissem de fechar. Por instinto coloquei meu braço na passagem barrando a possibilidade.
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Minha Sorte
RomantizmEncontrar o amor para muitos é uma questão de sorte, outros pensam ser apenas uma coincidência do destino, outra parte desacredita e vê como mera compatibilidade. E você em quê acredita? Acredita em sorte? Bem Amélia ( Amy, como prefere ser chamada)...