iii: death by a thousand cuts

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"I see you everywhere, 

The only thing we share is this small town"


O aeroporto estava o mesmo. Ainda tinha cheiro de chocolate quente com canela, mesmo com o clima relativamente quente. Por um lado, era uma boa escapar da onda de calor que se aproximava rapidamente de Nova York. Por outro, eu só conseguia pensar em entrar de fininho em um dos próximos vôos que sairiam naquele momento – para qualquer lugar.

Não seria possível, no entanto, porque Marlene já estava com o rosto colado ao vidro do desembarque fazendo caretas para mim. Ela também estava a mesma. Deixei minha mala cair no chão quando ela se jogou no meu colo.

– Marlene, você está atrapalhando a minha circulação – murmurei, sem fôlego.

– Você não volta aqui há anos, sua circulação pode aguentar mais alguns minutos – ela riu, mas colocou os pés no chão novamente e pegou minha mala do chão.

Sorri.

– Vamos! – ela exclamou. – Parei o carro em um lugar proibido.

Dei uma risada.

– Como sempre...

– Não é minha culpa que esse aeroporto não tem um estacionamento decente – ela disse, erguendo a voz.

O carro dela não somente estava parado em um local inadequado, como estava bloqueando uma fila de motoristas irritados, querendo passar. Marlene sorriu para todos eles, do jeito que ela costumava fazer para se livrar de detenções na escola e castigos de seus pais.

Entrei no carro rapidamente. Hogwarts fazia eu me sentir como uma celebridade escapando de paparazzi. Eu sabia que se alguém me visse por lá, em menos de duas horas a cidade inteira saberia da minha volta.

– Você está tão linda – Marlene disse, apertando minha bochecha com uma das mãos e manobrando para sair do aeroporto.

– Foi a puberdade tardia – murmurei.

Ela deu uma gargalhada.

– Lily Evans e seu senso de humor estão de volta, senhoras e senhores.

Revirei os olhos.

– Mas eu estou falando sério... – ela pigarreou. – A última vez em que te vi, você estava sem lavar o cabelo há duas semanas, olheiras cor de vinho...

Ri.

– Eu acho que nunca te agradeci, Lene – eu disse –, por ter ido para Nova York quando eu descobri sobre Amos e Evelyn.

Lene apertou minha mão.

– Você não precisa agradecer. Eu sou sua melhor amiga – ela disse. – Todo mundo ficou preocupado com você. Foi um grande escândalo, as revistas de fofoca não falavam de outra coisa.

Pigarreei.

– Eu lembro, Marlene.

Ela riu.

– Foi mal...

Ri.

– E como vai todo mundo? – perguntei. – Lá em casa não tivemos nossa fofoca anual sobre a vida de todo mundo.

Marlene suspirou.

– Acho que nada mudou muito desde que conversamos – ela franziu o cenho. – Remus ainda é o professor de literatura da escola, embora tenho ouvido rumores de que ele seja convidado para ser vice-diretor em breve.

Kiss Me TwiceOnde histórias criam vida. Descubra agora