Capitulo 26

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Outubro

Érica

Avó, eu vou ser avó.
Tem sensação melhor do que essa?
Meu Deus, eu nunca iria imaginar que eu seria avó, nunca pensei que Lucas me daria essa alegria que depois da descoberta da doença foi tirada de nós sem qualquer cerimônia.
Lucas está dormindo, Dora esta na poltrona ao lado dele, segurando sua mão e estamos esperando ele acordar para contar da cirurgia e enfim saber a sua decisão.
Levanto rapidamente quando vejo os olhos de Lucas abrir aos poucos, Dora me olha rindo e também dou risada me sentando na cama e pegando a outra mão do meu filho. Edgar fica ao meu lado, colocando a mão sobre meu ombro.

- O que... O que aconteceu?

- Você passou mal, meu amor e agora está internado.

Ele olha para Dora, ela sorri beijando a mão dele, e balança a cabeça assentindo.

- Temos que te contar uma coisa, filho... seria.

Edgar diz, Lucas olha para Dora mais uma vez e franze a testa perguntando:

- O que aconteceu?

Ela olha para nós, Edgar e eu balançamos a cabeça assentindo.

- Amor, quando estava na quimio, você teve uma convulsão. Eles te levaram para fazer alguns exames e o resultado do exame apontou que tem um tumor no seu cérebro.

Lucas fecha os olhos e quando os abre, algumas lágrimas abandonam seus olhos.

- É inoperavel?

- Se eles realizar a operação em você, filho, você pode perder a fala, a memória e pode, - respiro fundo. - você pode ter morte cerebral...

- Que droga!

- Ei... calma!

Dora diz acariciando o rosto dele e limpando suas lágrimas com seu polegar.

- O doutor Marcos disse que as chances da cirurgia dar certo são muito pequenas e ele não recomenda.

Edgar diz pegando a mão do nosso filho, que também estou segurando.

- E sem a cirurgia? O acontece?

- Você pode ganhar mais tempo de vida...

- Exatamente quanto tempo?

- Eles disseram 6 meses de vida. E irão aumentar as quimios, então, filho, você vai sofrer mais... E a gente não quer isso para você.

Lucas respira fundo.

- Eu tenho que escolher se faço a cirurgia ou se fico sofrendo mais... - Lucas respira fundo e então olha  para Dora - Mas eu tenho chances com a cirurgia, se eu tenho chances, a gente deveria tentar, amor...

Dora abre um sorriso largo.

- Eu prefiro ter uma chance de tudo acabar em uma cirurgia do que ter a certeza de que terei 6 meses dolorosos fazendo quimio... Então eu quero a cirurgia.

Dora beija os lábios de Lucas, abrimos um sorriso largo.

- A gente te conhece o bastante e... e a Dora contou para nós do bebê.

- Contou?

Ele olha para Dora e sorri com a testa franzida, ela balança a cabeça assentindo.

- Eu acabei contando do nosso bebê. Sei que não era o combinado, mas eles merecem saber.

- Merecemos!

Damos uma gargalhada.
Lucas olha para nós três, dessa vez com um sorriso nos lábios.

- Eu sei tenho o mínimo de chance de sobreviver a essa cirurgia. Mas esse mínimo me da esperança, porque vamos ter um bebê... Se a cirurgia me matar, se eu morrer, eu vou ter lutado para ficar com vocês e meu filho... 

Sorrimos e sinto meu peito apertar. Talvez por medo de perder o meu único filho.
Quando faço menção de dizer algo, a porta do quarto abre revelando o Dr. Marcos e atrás dele o neurocirurgião.
Levanto e fico na frente de meu marido, que coloca a mão em meu ombro. Dora também levanta e coloca fica acariciando o antebraço de Lucas.

- Acho que já conversaram com você sobre o metástase no cérebro.

Lucas balança a cabeça assentindo.

- Será a cirurgia?

Lucas olha para Dora, depois para sua barriga e em seguida olha para nós, Edgar e eu.

- Sim! Eu quero fazer a cirurgia. Mas com um pedido...

- Amor...?

- Querido?

Lucas olha para Dora.

- Quando é o musical de verão?

- No terceiro sábado de Novembro.

- Eu quero fazer a cirurgia depois da apresentação da Dora.

- Mas, Lucas, ainda faltam 4 semanas para o musical. É muito tempo...

Dora diz tentando reverter a situação, mas sem sucesso.

- Enquanto isso, fazemos a quimio. Com essa opção eu tenho chance de 6 meses de vida. Então, vai dar tudo certo.

- Eu não acho isso legal... -digo.

- Vocês já ouviram essa mulher cantar? Ela é um anjo. Então eu não quero correr o risco de morrer e não ouvir sua doce voz cantando pela última vez.

- Não fala assim, amor... - Dora diz sentando na cama e pegando a mão de Lucas.

- Vamos fazer isso... depois do musical fazemos a cirurgia e seja o que Deus quiser.

Dora, eu e Edgar nos entreolhamos e em nossos olhares tínhamos a certeza de que não tinha o que fazer, ele queria assim, e assim seria.

- Tudo bem!

Dizemos juntos.
Lucas abre um sorriso largo e olha para Dora sem largar o sorriso de lado.
Eu nunca vi meu filho tão apaixonado por alguém, eu vejo o tanto que ele gosta, o tanto que ele ama Dora em seus olhares para ela e eu sei que ela também sente o mesmo por ele.

- Então, que venha o musical!

Lucas diz entusiasmado.

- Que venha o musical!

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Até a próxima

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