Capítulo 34

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Janeiro

Dora

- Eu tenho uma notícia para você, meu amor! Hoje cedo estive na consulta e fiz uma ultrassom, nosso bebê esta muito bem. Crescendo saudável e adivinha, eu vi ela mexer pela ultra e pude sentir, foi bem pouquinho, mas senti! Foi uma sensação extremamente incrível!

Fico em silêncio, ouvindo apenas o "bip" do monitor me mostrando que Lucas ainda está bem, acaricio sua mão rezando para ele abrir os olhos e me responder.

- O Wagner me trouxe hoje, - digo interrompendo o silêncio. - ele se ofereceu para ir comigo na consulta, eu achei melhor não. Ele mudou, mudou bastante nesses últimos dias e não se parece nada com o Wagner que te bateu na faculdade. Todos os dias ele pergunta como você está, talvez sua situação lembre o irmão dele... Então você, mais uma vez, cativou o coração de alguém.

Fico em silêncio por alguns minutos novamente e baixinho, digo:

- Talvez essa seja a sua missão aqui... Cativar e mudar a vida das pessoas que te conhecem.

Beijo sua mão.
Quando faço menção de dizer algo, a porta do quarto abre revelando Érica, ela abre um sorriso singelo e coloca  bolsa na poltrona do quarto, sela os lábios na testa de Lucas e beija minha testa, sorrio.

- Como ele está hoje?

- Quando eu cheguei o Dr. Marcos estava aqui, examinando ele... Ele ficou de vir aqui as 15hrs dar notícias.

- Que bom! São 14:30...

Sorrio.

- Acha que ele vai acordar logo?

Érica respira fundo e senta na cama, pegando minha mão e a mão de Lucas.

- Eu rezo todos os dias desde que ele entrou em coma para chegar um dia e ele acordar e todo esse pesadelo acabar. Mas eu também rezo para a vontade de Deus ser feita, e seja qual for a vontade de Deus, eu sei que será a melhor para meu filho.

- Por que tem que ser assim, Érica? Por que Deus escolhe quem vai, quem fica, quem sofre, quem é feliz? Por que?

- Porque Ele é Deus!

Ela sorri.

- E mesmo que a gente sinta que é injusto, tudo, absolutamente tudo acontece para a Glória dEle e debaixo da vontade dEle. Se Lucas morrer hoje, amanhã ou daqui há alguns meses, a gente vai sofrer, vamos, perder alguém que amamos é uma dor incomparável e dolorosa, mas aqui - ela coloca a mão em seu peito apontando o coração - aqui dentro teremos a certeza de que ele estará bem, não estará sofrendo, não sentirá mais dor e que um dia, ah, - ela sorri - um dia vamos ver ele novamente. As vezes chega a hora em que Deus precisa colher uma flor do seu jardim, as vezes é cedo, as vezes é tarde, mas a flor é dEle e Ele a quer de volta porque as ama e porque aqui, nesse Jardim, não é o lugar das suas flores.


Ficamos em silêncio, olhando para Lucas, então, Érica diz:

- A morte não é o fim, querida, a morte é o início.

Olho para ela sentindo lágrimas abandonar meus olhos, respiro fundo e balanço a cabeça assentindo.

- Como ele está?

Edgar pergunta assim que o Dr. Marcos e mais dois médicos entram no quarto, franzo a testa e levanto colocando minha mão no ombro de Lucas.

- Infelizmente as notícias que temos não são boas...

Sinto minha respiração acelerar, Érica e eu nos entreolhamos, ela aperta os lábios balançando a cabeça e voltamos nossa atenção para Dr. Marcos.

- Esses são o neuro e o médico geral do hospital... Dr. Peter e doutor César. Doutor Peter vai falar com vocês agora...

- Hoje pela manhã realizei alguns exames no paciente Lucas, notei que ele não reagiu a alguns estímulos, o que me deixou preocupado, vamos fazer mais alguns exames.

- E o que você acha que é?

Pergunto saindo de perto de Lucas e ficando perto dos médicos.
Quando ele faz menção de começar a dizer algo, o "bip" do monitor cardíaco de Lucas dispara, quando me viro, tem sangue no travesseiro de Lucas.

- Tragam o ressuscitador!!!

Dr. Marcos grita puxando o travesseiro de Lucas e começando a fazer uma massagem cardíaca em seu peito.
Fico perto de Érica e Edgar, que me abraçam e não choro sentindo que a qualquer momento o chão embaixo dos meus pés vai se abrir.
Logo algumas enfermeiras entram no quarto com uma máquina e Dr. Marcos pede para sairmos do quarto.

- Não! Eu vou ficar com ele!!

Digo em lágrimas e pegando a mão de Lucas, Edgar pega meus braços pedindo para eu me acalmar e me pedindo para sairmos.

- Não! Não! Não! Lucas, meu amor, por favor! Me solta!! Me solta!!

- TIREM ELES DAQUI! AGORA!!!

Os enfermeiros pedem para sairmos e Edgar me puxa quase me arrastando para fora do quarto.
Então escuto Dr. Marcos dizer:

- CARREGA EM 200!!

E então saímos do quarto e a porta e fechada, me viro para Érica que também está chorando e imediatamente, nos abraçamos, logo Edgar também nos abraça.

Conseguiram trazer Lucas de volta e o levaram para a cirurgia por causa de uma hemorragia cerebral que eles não previram.
Estamos esperando já quatro horas e tudo o que vivemos com a retirada da metástase no cérebro parece acontecer novamente.
Mamãe chegou há duas horas e estou abraçada a ela já horas, sentindo seu calor materno e amor. Dan também está sentando ao meu lado, acariciando minha mão sem parar.
Érica e Edgar também estão abraçados sentando no sofá de frente para nós, e Érica parece rezar pois seus olhos estão fechados e as mãos unidas em seu colo.
Talvez eu deva rezar também, para a vontade de Deus ser feita, seja qual for ela.

- Que seja feita, a Tua vontade.... - sussurro unindo minhas mãos.

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Até a próxima

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