Capítulo 27

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Novembro

Dora

Cante com o seu coração.
Cante conforme a sua alma.
Cante e extravase toda a sua dor.
Cante e extravase toda a sua alegria.
Canta e demonstra absolutamente  todos os seus sentimentos.
É o que Carol tem dito desde que entramos na última semana de ensaio e desde então, parece ser um mantra ou uma oração para todos que irão participar do musical.
O musical de verão é nesse sábado, a faculdade inteira está com os nervos à flor da pele e além disso, sai os resultados das provas que Sra. William passou. Finamente vou saber se as aulas do meu nerd preferido deram certo.
Bom, certo elas deram, eu me apaixonei pelo melhor homem que existe na face da terra.
Lucas ainda está internado, o médico achou melhor segurar ele no hospital, liberar ele para o musical e depois fazer a cirurgia.
Ele parece estar bem, as quimios foram aumentadas e isso tem deixado ele cada vez mais cansado e exausto, mas sempre, ele sempre tenta demonstrar para nós que está bem e lutando.
Isso faz eu amar ele a cada dia mais e admirar o homem guerreiro que ele é e é exatamente por isso que pedi para Carol me deixar fazer uma homenagem a ele no musical e graças aos céus, ela me permitiu.

- O amor da sua vida chegou!

Digo entrando no quarto, Lucas da uma gargalhada fraca e senta devagar, selo meus lábios nos dele e sento na cama pegando sua mão.

- Como se sente hoje?

- Acho que bem. Depois da quimio de hoje cedo, passei um pouco mal, mas já estou bem. E você, como está? Ansiosa?

- Muito! Carol mostrou nossos figurinos e estão maravilhosos. Ah! Saiu o gabarito das provas... - abro minha bolsa, pego o envelope e entrego para Lucas. - Eu deixei para abrir com você, vamos saber se tenho um bom professor.

- Vamos ver...

Lucas abre o envelope e tira o papel, respiro fundo quando ele começa a ver as notas, em seguida, ele levanta seu olhar para mim e abre um sorriso gigante, naquele momento eu me dou conta de que minhas notas foram extremamentes boas.

- Você recebeu notas maravilhosas! Olha isso, amor!

Pego o papel.

- Meu Deus, meu Deus, Lucas! A gente conseguiu! A gente conseguiu!

Digo abraçando ele sentindo uma felicidade enorme me invadir. Quando nos afastamos, beijo seus lábios e sorrimos juntos, olho mais uma vez as notas.

- Foi você... Desde o primeiro momento eu sabia que você era capaz, então foi mérito seu, amor! Digamos que eu só dei um empurrãozinho!

- Eu te amo!

- Ama é?

- Claro que amo! Muitíssimo!

- Então porque não me da mais uns, deixa eu ver - ele coloca a mão no queixo pensando. - mais uns 1.000 beijos?

- Porque você está falando demais!

Devagar, sento em seu colo e começamos a nos beijar, jogo meus braços no pescoço de Lucas e seguro seu rosto.
Sinto suas mãos percorrer minha cintura e acariciar minhas costas.
Quando estou com Lucas, é como se não houvesse vida lá fora, como se fosse apenas eu e ele no mundo e mais ninguém.
Depois que descobri a doença dele, quando estamos juntos, tudo que importa, é a gente e aquele momento em que estamos juntos.

- Eu te amo!

- Eu também te amo, Doralice!

- Posso entrar?

- Pode, mãe! Entra!

Digo colocando o notebook na escrivaninha e sentando em minha poltrona, mamãe senta na cama ficando de frente para mim.

- Queria conversar comigo?

Ela franze a testa, balanço a cabeça assentindo.

- Tudo bem? Lucas está bem?

- Está tudo bem sim. O Lucas está bem também. A Érica pediu pra passar a noite com ele, então vim para casa. Mas... Mas não é sobre isso que quero conversar com a senhora. Bom, em parte sim...

- O que aconteceu?

- A Carol, a professora da faculdade que está organizando o musical, sabe quem é?

Mamãe balança a cabeça assentindo.

- Ela disse que a faculdade recebeu duas algumas bolsas para Julliard, para o aluno estudar música. E eu fui uma dos alunos que ela escolheu...

- E isso em parte não é algo bom agora, né?

- É... - Respiro fundo. - Eu quero ir, mas se eu for, já é nesse ano que vem e eu não quero deixar o Lucas. Então, eu não sei se conto para ele da bolsa. Eu sinto que estou escondendo algo dele, o que é verdade.

- Se você disser a verdade, o que acha que ele vai dizer?

- Para eu ir... Se eu bem conheço ele, Lucas vai me pedir para ir e estudar. Mas é aí que está, eu não quero abandonar ele, mãe. Por isso acho que não devo contar. O que eu faço?

Mamãe sorri.

- Mentir ou esconder algo tão importante assim não deve estar no seu radar, querida. Então, eu acho que você deve dizer a ele, conte a ele sobre a bolsa e se ele insistir para você aceitar, apenas diga que não.

- Então acha que devo dizer?

- Acho! Diga a verdade e deixe que as coisas aconteçam da forma que precisam acontecer. Lucas pode tentar te convencer a ir, mas se não quer, bata o pé e diga que vai ficar com ele.

Respiro fundo.

- A verdade, filha!

- Obrigada, mamãe!

- Esse menino te mudou, Dora e eu sou grata a ele por isso. E também sou grata a ele por me dar o presente de ser avó.

- Ah! Que avó babona!

- Eu nem acredito! É uma alegria tão grande, parece que vou explodir de tanta felicidade. E o Heitor, todo dia ele diz: será que vai ser um menino? Seu pai vai ser o avô mais babão da face da terra.

- Eu amo você, mãe!

Digo olhando o sorriso largo e bondoso da minha mãe, sem acreditar que um dia fui uma filha completamente ingrata.
Dona Lorena sofreu maus bocados quando jovem e sofreu maus bocados comigo também, e só hoje, tendo um bebê em meu ventre e olhando o sorriso largo da minha mãe, eu entendo o quão grande é o meu amor por ela.

- Eu também te amo, meu amor!

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Até a próxima

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